Sinais Estranhos
Naquela manhã, o vento trouxe um cheiro diferente. O céu estava limpo, mas os pássaros haviam desaparecido. Alman parou de colher ervas e olhou para o norte, a expressão grave.
— A floresta está quieta demais — murmurou ele.
Lía e Miri, ao escutarem, pararam o treino.
— Você acha que é ela? — perguntou Lía, instintivamente apertando o cabo da espada.
Alman balançou a cabeça.
— Não diretamente. Mas algo dela se move… demônios menores, talvez. Espiões. Predadores à espreita.
Miri franziu o cenho.
— Eles estão atrás da Lía, não estão?
Alman assentiu, os olhos duros.
— E atrás de tudo que ela representa.
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O Primeiro Encontro
Naquela noite, enquanto dormiam em suas redes improvisadas, um uivo ecoou. Um som agudo, cortante, quase inumano.
Lía despertou num salto, agarrando a espada. Miri surgiu ao lado com o cajado em mãos. Alman já os esperava de pé, o arco curvado, uma flecha dourada encaixada.
Entre as árvores, sombras dançavam. Olhos vermelhos brotavam da escuridão. Três criaturas surgiram: esguias, com garras negras e bocas que sussurravam nomes que Lía nunca dissera em voz alta.
— Eles... me conhecem — murmurou, estremecendo.
— São caçadores de essência — disse Alman. — Sentem o seu poder, sua origem. Não pense. Lute.
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A Batalha
As criaturas avançaram com velocidade monstruosa. Miri ergueu o cajado, invocando raízes que surgiram do chão, prendendo uma das bestas. Lía saltou, girando com a espada — o vento a envolvia como uma capa viva.
Ela cortou a perna de um dos demônios, que gritou um som agudo, tremendo. As runas da espada brilharam, queimando a carne escura.
— Use o fogo! — gritou Miri. — Eles odeiam o calor da criação!
Lía concentrou-se, e uma chama brotou na ponta da espada. Com um grito, girou o corpo e lançou um arco de fogo, queimando dois deles ao meio.
O terceiro avançou sobre Miri — mas ele ergueu uma muralha de terra, desviando o golpe. A criatura se virou para atacar por trás, mas Lía já estava lá.
Ela pulou sobre a muralha e desceu com a espada cravando-se entre os olhos da criatura.
Silêncio.
Respirações ofegantes.
Cinzas.
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Depois da Tempestade
Os corpos viraram pó, levados pelo vento. Lía caiu de joelhos, o peito arfando.
— Eles... sabiam o meu nome. Como? Por quê?
Alman se ajoelhou ao lado dela.
— Porque você carrega o sangue de uma deusa. E um novo destino. Está marcada. Eles virão de novo.
Miri se sentou no chão, olhando para a amiga.
— E nós vamos estar prontos.
Lía o olhou, e por um momento, seu medo se transformou em certeza.
— Juntos?
— Sempre — disse ele, sorrindo cansado.
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Reflexão Noturna
Mais tarde, com a floresta recuperando seu som, Lía limpava a espada à beira do riacho.
— Eu pensei que estava pronta. Mas... matar algo. Mesmo algo como aquilo... — sua voz tremia.
Alman se aproximou.
— Lutar é fácil. O difícil é continuar humana depois.
Ela olhou seu reflexo na água — os olhos verdes mais profundos, os cachos vermelhos um pouco mais pesados.
— Eu não quero ser como ela. Mesmo quando o mundo me obriga.
Alman assentiu, tocando o ombro dela com leveza.
— Então você já é mais forte do que ela jamais foi.
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Atualizado até capítulo 40
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