Treinando com a Natureza
Os dias se transformaram em semanas. A floresta os envolvia com sua sabedoria silenciosa, e cada manhã trazia um novo desafio. Alman guiava, mas era entre os treinos que Lía e Miri encontravam o verdadeiro poder: a conexão.
— Concentre-se, Lía. O ar não responde à pressa — dizia Alman, observando-a erguer os braços, tentando canalizar o vento.
— O vento que me perdoe — ela resmungava, franzindo a testa — mas ele é muito teimoso!
Miri ria, deitado sobre uma pedra coberta de musgo.
— Talvez ele só esteja imitando você.
Lía jogou um punhado de folhas secas nele.
— Muito engraçado, garoto da vara mágica!
— É um cajado! E é ancestral! — protestou ele, limpando as folhas do cabelo.
O treino terminava sempre com risos, mesmo nos dias difíceis. Aos poucos, os dois começaram a se sincronizar: Miri dominava o controle de energia pela terra e água, enquanto Lía se afinava com o ar e o fogo.
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O Crescimento
As habilidades de Lía evoluíam com firmeza:
Criava redemoinhos de vento com um gesto fluido.
Erguia pequenas chamas entre os dedos sem se queimar.
Aprendera a canalizar o som das árvores, escutando segredos antigos.
E a espada… já parecia uma extensão de seu corpo.
Miri, por sua vez, comandava raízes com precisão, usava a água dos riachos para criar barreiras defensivas e, com o cajado, criava pulsos de energia que desarmavam Lía — para seu desgosto.
— Você está trapaceando, Miri!
— É estratégia! — dizia ele com um sorriso vitorioso.
— Um dia, você vai voar num redemoinho e ver só!
Eles não percebiam, mas estavam crescendo — não apenas em poder, mas juntos.
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Conversas sob as Estrelas
À noite, ao redor da fogueira, dividiam pão seco, frutas colhidas e sonhos.
— Você sente falta dela? — perguntou Miri certa vez, depois de um dia especialmente difícil.
Lía demorou a responder. Fitava as chamas como se buscasse coragem nelas.
— Sinto… o que nunca tive dela. Nunca senti o abraço de mãe. Só ordens… e medo.
Miri se aproximou, os olhos sérios.
— Minha mãe morreu quando eu era pequeno. Eu só lembro da voz dela cantando. Alman me encontrou depois.
Ela o olhou.
— Então somos dois sozinhos.
— Não mais. Agora, somos dois juntos.
Lía sorriu. Pela primeira vez, não se sentia só.
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Treino em Dupla
Com o passar do tempo, Alman os colocava para treinar juntos. Primeiro, em duplas contra ele. Depois, um contra o outro.
— Sem piedade! — gritou Miri, avançando com uma esfera de água nas mãos.
— Vai sonhando! — Lía desviou e usou o vento para desequilibrá-lo.
Caíram os dois, rindo como crianças.
— Você teria perdido se fosse real — disse ele, fingindo dor.
— Eu teria curado você depois. Então tecnicamente, seria empate.
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Uma Promessa no Coração da Floresta
Num fim de tarde, sentados ao pé de uma árvore antiga, com raízes grossas e folhas douradas, Miri falou em voz baixa:
— Lía… você acha que um dia vai precisar enfrentá-la?
Ela ficou em silêncio, os olhos fixos no céu.
— Acho que sim. Mas… não quero odiá-la. Só quero que ela pare. Que veja o que está fazendo.
Miri segurou sua mão.
— Quando esse dia chegar, você não vai estar sozinha. Eu estarei com você.
Ela apertou de volta, lágrimas contidas nos olhos verdes.
— Obrigada, meu irmão.
E ali, no coração da floresta, uma nova promessa nasceu: não importa o que viesse, eles enfrentariam juntos.
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Atualizado até capítulo 40
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