“Joyce”
Primeiro, não queria a gente aqui, de jeito nenhum nos considerou um fardo, agora vai praticamente nos adotar?
O que será que ele está armando? Não pode ser verdade, tem que ter outra intenção por trás desse jeito de bom moço.
Ele pode até enganar minha irmã com esse jeito de herói, mas a mim não.
Assim que ele for para o escritório, vou lá perguntar.
Aidren vai ter que me explicar porque agora quer ser o salvador das órfãs abandonadas.
Sei que deveria estar grata como Jocelynd está, mas nada na minha vida veio fácil e toda vez que achei que estava dando certo, algo ruim aconteceu.
Preciso perguntar, não posso deixar minha irmã criar uma ilusão de segurança e, de repente, Aidren para de querer brincar de família feliz e destrói o coração dela.
Aidren pediu licença e saiu da mesa.
Como quem não quer nada, perguntei para a Leslie.
— Leslie para onde meu tio vai?
Minha irmã me conhece bem e sabe que estou maquinando algo, porque só uso esse jeito doce quando quero alguma informação.
Ela diz que imito o jeito dela, só que ela é naturalmente assim e eu?
Bom! Sou esquentada, explosiva, desconfiada e não acredito fácil em ninguém.
Leslie me responde:
— Logo depois do café, o senhor Adrien vai à piscina se exercitar e depois se troca e vai para o escritório aqui da mansão, resolve algumas coisas e depois vai para o escritório do centro da cidade e só volta em casa à noite. Pode ficar tranquila que você vai vê-lo pouco.
Continuei com meu jeito doce e agradeci Leslie pelas informações, tenho que ficar de olho quando ele passar para o escritório, senão vou conseguir falar com ele só à noite.
Saímos da mesa e fomos para o quarto. No caminho, Jocelynd me perguntou.
— O que você está armando?
— Nada! Por que você acha que estou armando algo?
— Por que você está imitando meu jeito? Eu te conheço, Joyce. Parece que nossa vida está tomando um rumo legal, não estrague tudo.
— Aidren não gosta da gente, não nos quer aqui. E agora, do nada, vai nos deixar morar na mansão? Você não achou estranho?
— Não, ele pode ter mudado de opinião. Não nos conhecia e, quando conheceu meu jeito doce, tocou o coração dele.
— Claro! Seu jeito doce.
— Claro que é meu jeito doce, esse seu jeito todo desconfiado é que não foi.
— Tudo bem, Jocelynd vou tentar não estragar sua vida perfeita com meu jeito desconfiado.
— É bom mesmo, porque, se você estragar, eu juro que me afasto de você. E não é “Adrien” é “tio Adrien”.
— Ele não é meu tio, ele não é nada meu, é um estranho que está invadindo a minha vida.
— Ele é irmão do nosso pai, e sim é nosso tio.
— E você não se perguntou porque esse tio tão herói que você está venerando não nos visitou nenhuma vez nesses anos todos?
— Ele deveria ter os motivos dele.
— E por que nosso pai nunca nos disse termos um tio?
— Ele também deveria ter os motivos dele. Joyce para de tentar saber de tudo, só deixa a nossa vida melhorar, temos um teto e alguém que vai cuidar da gente.
— Estou cansada, vou me deitar um pouco.
— Joyce! Não faz nada sem pensar em mim.
— É só o que faço o tempo todo, Jocelynd, é pensar em você.
Entrei em meu quarto, esperei ouvir a porta do quarto da minha irmã inocente fechar e fiquei de olho até Aidren passar todo trocado.
Quando ele está assim de terno e parecendo um empresário, tenho um pouco de medo, mas preciso esclarecer isso ou vou enlouquecer.
Me desculpe, irmã, mas preciso ter certeza de que você vai ter a vida boa que está imaginando.
Desci até o escritório, parei na porta, coloquei minha mão em meu coração e respirei tentando me acalmar.
Bati na porta e entrei, Aidren ergueu os olhos dos papéis e perguntou:
— Você está precisando de alguma coisa? Joyce.
Quando ele falou meu nome, meu coração deu um pulo. Mas nem pensar que vou deixá-lo perceber que me afeta, falei ácida.
— Pelo menos já nos diferencia.
— Nem se passar mil anos, vou confundir você com sua irmã.
Fiquei olhando para ele, mas não tenho tempo para pensar no que me falou, preciso perguntar.
— Quero saber o que mudou? Num dia não queria nem nos conhecer e no outro vai nos criar?
— Eu só achei que seria melhor ter vocês por perto. Por quê? Não posso mudar de ideia?
— É que lá em casa você nos chamou de fardo, agora já não somos mais?
— Você me escutou? Então é por isso que está sempre na defensiva.
Eu estava bravo com meu irmão, pelo que ele fez e não com vocês, vi que preciso mais de vocês do que vocês de mim, tenho uma vida chata, preciso de vocês aqui.
Fazendo barulho pelos corredores e atrapalhando o meu sossego na mesa das refeições.
Joyce entrou no escritório e ficou em pé na frente da minha mesa, se não fosse pelas mãos fechadas na frente do corpo, eu diria que está até calma.
Mas sei que não está, os olhos soltam faíscas cada vez que olha para mim.
Quando falei o nome dela, ficou parada, pensando e me deu uma resposta ácida, é inteligente e corajosa. Será que meu irmão sabia a preciosidade que tinha em casa?
Colocou as mãos na cintura e me disse.
— Senhor Adrien, continuo desconfiada, mas vou tentar te dar um voto de confiança, mas estou de olho em você. Se eu perceber que suas atitudes vão ferir os sentimentos da minha irmã, eu sairei dessa casa e a levarei comigo.
Saiu do escritório, me deixando com um sorriso por ver como ela defende a irmã, em momento algum falou de si mesma.
Mesmo com medo de mim, veio me enfrentar, não por ela, mas por sua irmã.
Vou fazer de tudo para que elas sejam felizes nessa casa e que tenham um lar de verdade.
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Atualizado até capítulo 37
Comments
Irene Saez Lage
É bom saber como as coisas mudam na vida quando se trata de sentimentos e preocupação de família
2025-06-20
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