Luna acordou com um sobressalto. Não sabia quanto tempo havia dormido, mas o sol já se escondia atrás das cortinas de veludo vinho. O quarto era grande demais para o que ela estava acostumada — cama de dossel, poltronas douradas, um armário enorme que parecia pertencer à realeza. Tudo exalava riqueza e poder... mas nada ali tinha cheiro de lar.
Ela caminhou até a janela. Trancada. Grades invisíveis do lado de fora. O portão do jardim era vigiado por dois homens. Cães pastores rondavam a propriedade. A fuga parecia impossível.
Até que notou: uma porta entreaberta no corredor. Pegou um candelabro pequeno como arma improvisada, respirou fundo e saiu silenciosamente. O corredor era longo, silencioso, os quadros antigos pareciam observá-la.
Virou à direita e encontrou um cômodo... um escritório.
Entrou.
Papéis sobre a mesa. Mapas. Pastas com nomes italianos e brasileiros. Em uma delas, reconheceu um rosto: Helena Alvarez, sua mãe. Estava mais nova, com uniforme hospitalar. Ao lado, uma ficha em italiano com palavras como “testemunha-chave”, “dossiê confidencial”, e “informante em perigo”.
— O que ela fez, mãe...? — sussurrou, passando os dedos sobre a foto.
Mas antes que pudesse pegar mais documentos, uma voz cortou o silêncio:
— Mexer em arquivos da máfia pode te custar caro, Luna.
Ela se virou bruscamente, o coração disparado. Dante estava na porta, com as mãos nos bolsos, e o mesmo olhar controlado de sempre. Mas agora... havia uma sombra nele. Algo mais sombrio do que antes.
— O que você quer de mim? — ela disparou, tentando disfarçar o medo com raiva.
— O mesmo que sua mãe queria: justiça. Mas justiça custa caro... e ela não pagou o suficiente.
Luna apertou o candelabro com força.
— Você a matou?
Dante arqueou uma sobrancelha.
— Eu não mato inocentes. Mas... nem todos os meus homens são como eu.
Ela caminhou até ele, os olhos brilhando de dor e fúria.
— Me solta. Eu não sou sua. E nunca vou ser.
— Ainda não, Luna. Mas vai ser. — Ele se aproximou, invadindo seu espaço. — Porque nesse jogo... ou você casa comigo, ou morre com a verdade que carrega.
Ela o empurrou com força.
— Eu prefiro morrer livre do que viver como sua prisioneira!
Dante a segurou pelos braços com força, mas não machucou. Apenas sussurrou:
— Não diga isso tão cedo. Você ainda nem viu o inferno.
📟HORAS DEPOIS...
Luna foi obrigada a se arrumar para um jantar de apresentação à “família”. Vestido preto, salto alto, maquiagem leve. Uma funcionária a vestiu como se ela fosse uma boneca. A mesa de jantar era longa, cercada por velas e taças de cristal.
Estavam lá: Giuliano, o irmão mais novo de Dante — irônico, debochado e perigoso.
Rosa, a tia-avó — católica fervorosa, mas com olhos que tudo viam.
Padre Francesco, o capelão da família — silencioso, mas com cicatrizes de guerra.
E Don Marco Moretti, o “tio” de Dante, e verdadeiro chefão da máfia — sorriso gentil, mas com olhos de assassino.
Quando Luna entrou, todos silenciaram por um instante. Ela se sentou ao lado de Dante, com o corpo rígido e o olhar desafiador.
— Então essa é a futura Signora Moretti... — disse Don Marco, com um sorriso cínico.
— Contra a vontade dela — Luna respondeu, cortante.
O tio riu.
— Tem fogo na alma. Igual sua mãe. Gostei.
Dante apertou discretamente a mão dela sob a mesa. Um gesto que, por mais que Luna odiasse, a confundiu. Era proteção? Ou controle?
Durante o jantar, ela ouviu conversas em código, piadas sobre “negócios” e ameaças disfarçadas de boas-vindas. Entendeu que aquilo não era apenas uma casa — era uma prisão com lustres de ouro.
Mas ali, naquela mesa de criminosos, Luna fez uma promessa silenciosa a si mesma:
Ela iria descobrir toda a verdade. Sobre sua mãe. Sobre Dante. Sobre essa maldita família. E quando descobrisse… iria derrubá-los por dentro.
Nem que precisasse casar com o diabo para isso.
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Atualizado até capítulo 44
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