Capítulo 3 — Luto e Despedida
Narrado por Lunna
Sete meses. Esse foi o tempo que me mantive longe de tudo, escondida no orfanato que um dia me acolheu como abrigo. Depois do casamento da minha irmã com Apolo Blacove, eu voltei para lá — não porque me faltasse casa, mas porque sentia que o mundo havia mudado e eu não sabia mais onde era o meu lugar.
Eu não era mais só uma menina criada entre freiras e silêncio. Eu tinha um nome agora. Um sobrenome que pesava. Uma promessa feita por meu pai a uma família perigosa. Eu era a noiva de Dante Blacove. Ou pelo menos era.
Naquela manhã fria e cinzenta, o sol nem ousava aparecer por entre as nuvens. As irmãs do convento falavam pouco, e eu gostava assim. A rotina me anestesiava. Ajudar com as crianças pequenas, varrer os corredores, costurar roupas doadas. Tudo me ajudava a não pensar nele… em Dante. Em como ele pegava minha mão com delicadeza nos jantares formais. Em como ele sorria de lado quando me via tentando parecer confortável em meio aos mafiosos.
Mas naquele dia… tudo desmoronou.
A irmã Beatriz entrou em meu quarto com os olhos marejados e um envelope branco nas mãos. Ela não disse nada. Apenas me entregou a carta e acariciou minha cabeça como quando eu era criança. Meus dedos tremiam quando abri.
As palavras estavam ali, firmes, como balas atingindo meu peito:
“Seu pai, Cristiano Valentini, faleceu em um acidente de carro. Dante Blacove estava com ele. Ambos não resistiram.”
O mundo girou. A carta caiu no chão. Eu queria gritar, mas nem consegui. Minhas pernas cederam, e eu caí de joelhos, com as mãos no rosto. A dor me rasgou por dentro. Não consegui conter as lágrimas, os soluços, o gosto salgado da perda. Meu pai… meu porto seguro, o único que eu tinha no mundo, se foi. E Dante, o homem com quem eu me preparava para dividir minha vida, também. Me vi, de novo, sozinha.
Horas depois, alguém bateu na porta. Não era uma freira. Era minha irmã.
— Lunna... — disse ela com suavidade, já com a barriga evidente de cinco meses. — Você não precisa passar por isso sozinha.
Eu corri para os braços dela. Chorei tudo de novo. Ela alisou meus cabelos enquanto sussurrava palavras de consolo que mal ouvi. Ela era mais velha, casada com Apolo agora, o chefe dos Blacove, e parecia tão diferente. Forte. Determinada. Grávida de um herdeiro que nasceria cercado por luxo e perigo.
— Daqui a dez dias você faz dezoito, irmã. Você vai sair daqui comigo. Vai morar na minha casa. Você tem uma família agora — ela disse, beijando minha testa.
Eu apenas assenti, sem forças para discutir. No fundo, eu sabia… Nada mais seria o mesmo.
O que eu não sabia era que o destino ainda me reservava mais do que dor. E que o lugar deixado por Dante na minha vida não ficaria vazio por muito tempo. Ele seria ocupado por alguém que eu jamais teria escolhido... e que mudaria minha vida para sempre.
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Atualizado até capítulo 50
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