Capítulo 2 – Lucas Blacove
O problema das festas da máfia é que todo mundo finge que está feliz, enquanto todos querem se matar por dentro. Nada ali é real. Nem os sorrisos, nem os brindes, nem os votos de fidelidade. O casamento de Apolo com Lorena Moretti era um espetáculo bonito de se ver, mas só pra quem não sabia o que estava por trás de cada arranjo de flor.
Eu sabia. E por isso, estava de canto. Como sempre.
A música clássica tocava alto demais, e o som dos saltos ecoava pelos corredores da mansão. Eu segurava um copo de uísque que já estava quente. Meus olhos vasculhavam o salão, mas pararam assim que pousaram nela.
Lunna.
A caçula dos Moretti.
Filha do conselheiro mais antigo e respeitado da máfia, criada num convento, mantida longe de tudo isso até agora. Ela era... diferente. Frágil na aparência, mas com uma raiva silenciosa no olhar que não combinava com nenhuma das mulheres que conheci até hoje.
Vestido verde escuro justo no corpo pequeno e elegante. Cabelos negros e lisos desciam até quase a cintura. Ela tinha classe, mas não era metida. Tinha beleza, mas não parecia saber disso. E, acima de tudo, tinha um olhar... de quem odiava estar ali.
— Bonita, não é? — murmurou Dante ao meu lado, me tirando do transe.
Olhei pra ele de canto. Dante era o irmão do meio. Educado, contido, o tipo que agrada qualquer mesa de jantar. Ele estava sorrindo. Mas eu conhecia aquele sorriso.
— A noiva é sua, não minha — rebati, sem humor.
— Ainda não no papel. Mas em breve. — Ele bebeu o uísque de um gole só. — Nosso pai e o conselheiro fecharam isso há meses. Apolo levou a mais velha. Eu fico com a caçula. Todo mundo sai ganhando.
"Todo mundo", ele disse.
Menos ela.
Lunna olhava em volta como quem estava presa numa gaiola de ouro. Era visível o incômodo dela. Não sorriu em momento nenhum. Não dançou. Mal tocou na comida. Nem sequer olhou para Dante. Só observava. Atenta. Calada. E quando nossos olhos se cruzaram por acaso, ela sustentou o olhar com uma firmeza que me pegou de surpresa.
Eu sorri, de lado, provocando. Ela, com desprezo elegante, simplesmente desviou.
Arisca. Orgulhosa. Quebrada por dentro, mas ainda inteira por fora.
— Boa sorte com ela — murmurei para Dante. — Parece do tipo que não vai abaixar a cabeça fácil.
— Eu gosto de desafios — respondeu ele, como se tivesse total controle da situação.
Mas eu sabia que não tinha.
Aquela garota não era feita pra ser domada. Ela era feita de ferro, escondida sob seda. E por mais que Dante tentasse vestir o papel de príncipe encantado... se ela decidisse não querer ninguém, não haveria aliança que a segurasse.
Naquele momento, eu não fazia ideia de que o destino ia ferrar com tudo e colocar ela no meu caminho.
Mas quando isso aconteceu, nem Deus conseguiu me impedir.
Naquele momento, eu não fazia ideia de que o destino ia ferrar com tudo e colocar ela no meu caminho.
Mas quando isso aconteceu, nem Deus conseguiu me impedir.
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Atualizado até capítulo 50
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