Fazia mais de uma semana desde o nosso encontro no café, apesar de não saber o que aquilo significava, eu me conformaria com ambos os resultados. Nosso último contato foi meio que inesperado de minha parte, mas de fato era meio que óbvio.
Nicolas apareceu em minha casa para tratar dos assuntos pendentes quanto ao vidro do carro, minha presença se tornou inútil naquela sala já que ele estava acompanhado.
Uma moça alta de pele clara, incrivelmente linda, seu cabelo era longo cacheado, por meio palmo não chegava próximo ao seu quadril.
Pelo curto tempo que permaneci ali, notei que ela sempre mantinha contato físico com ele, sempre fazia questão de tocar em seu ombro ou aconchegar uma das mãos em sua coxa, deduzi que ela fosse sua irmã, mas não havia qualquer semelhança exceto o cabelo.
O cabelo de Nicolas era enrolado, de comprimento médio, eu amava seus cachos, a forma que eles o finalizavam era única. Os olhos dele continha o sol, já os dela se apresentava o oceano. Eram inúmeras as diferenças, por isso me retirei.
Recentemente comecei a sentir contrações fortes, me recusava a acreditar que já era a hora. Eu não estava pronta, eu aceitei o processo, as fazes e as etapas, mas eu ainda tinha medo.
— Ái – Um pequeno gemido, que saíra mais como um sussurro do que um gemido, sendo capaz de chegar aos ouvidos de Maycon.
— Você está péssima.
— Eu sei, falta só mais alguns dias, vai dar tudo certo.
— A gente devia ir logo para a maternidade, antes que as coisas piorem, não quero que aconteça tudo nas pressas.
— Na verdade, a gente vai agora.
— Maycon! - O repreendi
— Não Isabel, sinto muito mais não é você quem decide agora. Você veio para Eu cuidar de você.
— Eu não pedi isso.
— Mas eu pedi! E é por esse exato motivo que eu não vou te levar para o hospital somente quando o neném nascer. Eu não sou irresponsável.
Meu dedo polegar e indicador se abriram e fora de rumo aos meus olhos, os esfregando.
Fadiga, sim, essa era palavra que me definiria naquele momento. Meu corpo pedia arrego, ficar em pé incomodava tanto quanto ficar sentada. Talvez na maternidade eu me sinta melhor, na verdade isso era uma certeza, eu apenas não sabia como esperar o que estava por vir.
Depois que discutimos sobre ir ou não para maternidade, eu tive que ceder e no fim das contas já estávamos lá.
Eu sempre imaginei que a prisão fosse o lugar mais assustador, que seria capaz de um dia eu chegar. E lá estávamos nós.
Podia-se se ouvir gritos e gemidos ao longo que se passava no corredor, havia várias portas, e as janelas continham apenas vidro.
Em um dos quartos consegui observar uma mulher. Seu rosto estava vermelho e apresentava cansaço, mas ela sorriu assim que uma enfermeira se aproximou com seu bebê. Eu tinha perguntas, muitas perguntas que queria fazer diretamente para ela, mas não era apropriado.
— Vai ficar tudo bem, só relaxa, isso tudo vai passar, você só vai sentir uma vez. - As mãos de Maycon massagearam minhas costas, e eu me senti um pouco aliviada com suas palavras.
— Tá.
Estávamos acompanhando uma doutora, que por sinal esqueci o nome.
— Vocês podem ficar aqui, sintam se a vontade. E Isabel, qualquer coisa é só apertar o botão à sua direita. Verde significa que precisa de algo, vermelho é “Estou com muita dor acho que vou parir”.
— Obrigada. - Respondemos com um sorriso.
Não sei ao certo como seria isso tudo, como eu iria sustentar uma criança, eu precisava de um trabalho, o qual eu tive que deixar quando não aguentei mais o peso da barriga.
— No que está pensando? - acaricia minha mão junto a pergunta.
— No futuro. - Respondi com os olhos fixados no teto.
— Eu já falei que vou cuidar de você, qual o problema?
O problema era exatamente esse, eu não queria que ele deixasse de viver a vida dele, para viver a vida de um pai. Ele pode ser mais velho, mas ainda sim era apenas eu que estava mudando de fase, e ele não precisaria vir comigo.
— Não quero ser um problema.
— Não quero entrar nesse assunto de novo. - Após suas últimas palavras, seu celular toca.
Ele atende.
— Alô. ...
— O quê? ....
— Beleza. - Balançou a cabeça em sinal positivo, mas seu rosto não expressava tal sinal.
— Rua Amaral Joaquim, quadra 18, casa E. 28880.
Eu apenas o olhei esperando que ele me dissesse o que está acontecendo. Quando ele se levanta e coça os pequenos fios de seu cabelo.
— O Richard está vindo.
— O QUÊ? Está de palhaçada comigo Maycon?
— Isa, ele é o pai.
— E onde ele estava durante esses 9 meses Maycon? - Senti meus olhos esquentares, e os seus começaram a desviar - se dos meus.
— Merda. - Seu semblante mudou, e suas mão passavam constantemente no rosto.
— Tanto faz, vocês homens são mesmo todos iguais.
Foi a primeira vez que vi meu irmão em silêncio logo após de ser questionado.
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Atualizado até capítulo 20
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