Capítulo 01

Relâmpagos brilhavam no céu - Como se em algum momento fossem tomar latitude e velocidade suficiente até encontrar a ponta de meus cabelos de tão próximos que estavam.

Eu costumava me questionar, pensamentos formavam vozes que dominavam meu subconsciente. Não que eu fosse louco ou algo do tipo.

Tudo que meus olhos viam se transformavam em questionamento, como se cada mínimo acontecimento se elevasse a outro posteriormente. Sempre por um segundo, minha mente para, e eu consigo ver cada detalhe que compõe aquele momento.

Gotas de água escorregavam brutalmente pelas telhas. Uma pequena varanda se formava com os centímetros de quem se afastava da porta, dei um passo até sair completamente dela.

A rua estava transbordando – Correntes de água levavam latas de refrigerantes e embalagens de uma forma insignificante e sem destino.

A chuva estava se acalmando, pessoas começavam a abrir janelas já me convencendo que devia voltar. Se alguém houvesse presenciado tal cena, apostaria que dez passos não foram dados por mim.

Existia uma casa a alguns metros mais à frente. Próximo a ela tinha uma grande árvore que não consegui identificar a origem.

Avistei uma pipa presa aos galhos, que por sinal continha as cores preto e branco. Me esquivei para pegar uma pedra, claro que não era nada inteligente, mas qualquer defeito que o atrito da pedra causasse eu arrumaria. Nunca tive uma pipa.

Fiz relação entre a força e a distância, e ainda sim errei. A pedra atirada fez um percurso diferente do esperado, o que me deixou em alerta.

Segundos depois avistei um homem forte, cerca de 1,80 de altura, usava um calção escuro que cobria os joelhos, junto a uma regata branca casual. Sua pele era quase rosada.

Ele caminhava rumo a minha direção, usando passos firmes que por alguns instantes pensei se me custaria correr, trinta longos segundos.

Durante trinta segundos um turbilhão de hipóteses tomara controle sobre o que eu faria naquele momento.

Meu rosto levemente se virou, cogitando uma possibilidade de correr. Meu punho se fecha e abre logo em seguida, uma tentativa falha de obter raiva e força.

Quando finalmente...

— Qual seu problema cara?!

Não existia motivos para eu revidar aquela provocação. Na verdade, havia sim, eu apenas não queria que aquilo se tornasse grande.

Enquanto procurava palavras para sair daquela situação, percebi uma mulher. Ela caminhava vindo a nossa direção, como se quisesse ser rápida o suficiente para impedir algo.

Estando dois passos antes do seu destino, vi seus lábios se mexerem formando palavras que incrivelmente não consegui escutá-las.

Seus olhos castanhos procuravam os meus e existia uma eternidade de segundos antes mesmo que ela os desviasse. Ela estava grávida, foi o que a deixou mais linda. Era o seu charme.

Em um vestido azul, na paleta de cores do céu, que se destacava perfeitamente em seu tom de pele pardo, quase chegado ao claro, como se o sol á tivesse judiado, e ao mesmo tempo a valorizado. Ela era Linda!

— Cara, desculpa, o que aconteceu?

Foram as únicas palavras que consegui dizer, depois de finalmente focar no que o presente me proporcionava. Já estava feito.

Procurei ar suficiente para completar a frase, mas no mesmo instante uma voz se pôs por cima da minha, o que me fez soltar todo ar que havia se juntado.

— Maycon, para! Você não sabe. - Disse ela, quase em um grito, aparentemente ela o conhecia bem.

— Consegue ver mais alguém na rua Isabel?

Senti aquela última palavra em um tom de ameaça, como se no final das contas eu fosse receber a culpa disso tudo.

O que era claro, foi a minha pessoa que arremessou a maldita pedra. Por fim tomei as rédeas da situação.

— Eu posso saber o que aconteceu? - Joguei a pergunta no ar, revezando o olhar entre eles.

— Você quebrou a porcaria do meu carro!

— Eu posso dar uma olhada? - Tentei manter o máximo de calma possível.

Já de costas para mim, começou a andar a partir do local que estávamos. Sua casa provavelmente seria de traz, perto de onde se localizava a árvore.

Estávamos próximo a um cruzamento, ao virar pude ver um carro vermelho. Me aproximando ainda mais pude ver com clareza o dano que eu havia causado.

Olhos grandes olhavam para mim, e para a minha infelicidade não era os dela.

— Eu vou cuidar disso, me desculpe, não foi intencional. - Ele apenas concorda com a cabeça e logo após peço seu contato para discutimos mais sobre.

Ao chegar em casa, retirei tudo aquilo que meu corpo carregava, me desfiz na cama. Me permiti alguns pensamentos.

No relógio de pulso marcava 21:00 em ponto. Eu estava em meu quarto que se remoía num silêncio eterno, acompanhado ao tédio.

O tempo já estava calmo lá fora, peguei minhas chaves e fui até a moto estacionada, frente a minha varanda.

Ao montar no veículo pausei meu corpo, e meu rosto se focou em um ponto neutro, apenas para pensar onde daria meu próximo passo.

Existia um mercado a algumas quadras de onde eu morava, lá foi meu primeiro pensamento, e assim o fiz

Chegando lá vaguei os corredores como de costume. Eu admirava o fato de existir um lugar onde pessoas se juntavam para um único propósito. Não que não houvesse outros, mas aquele em específico era um paraíso, minha mente parava, e por um segundo eu podia apenas fazer o óbvio.

Já na seção de limpeza, estava em busca de um produto que ajudaria na manutenção do meu veículo. Havia dois tipos de sabonetes: o detergente líquido e o lava louças líquido. Ambos poderiam talvez danificar a tintura da moto, então resolvi procurar uma segunda opinião.

Não avistei nenhum funcionário que estivesse numa distância considerável, perguntei para pessoa mais próxima por via das dúvidas.

— Moça, sabe me dizer qual desses tem mais chance de danificar tintura de moto? - Me aproximei dando de um a dois toques no seu ombro direito, fazendo referência que ela se virasse.

No mesmo momento em que ela se virou eu a reconheci.

— Olá! - Falou tanto surpresa quanto eu.

— Juro que não estou te seguindo – Fez questão de completar.

Meus lábios se abriram em busca de ar. Quando os soltei, saíra junto de minhas palavras, quase num suspiro.

— Tudo bem, eu só me assustei um pouco – Justifiquei tentando manter a postura.

— Me desculpe pelo meu irmão, ele é muito ciumento com aquele carro idiota! - Fez questão de revirar os olhos em sua última frase.

— Eu não sei bem o que aconteceu, mas você foi legal comigo, mesmo sem saber se eu era ou não o culpado.

— Nada, eu só fiz minha parte, ele é meio impulsivo – Falou se referindo ao irmão, balançava a cabeça negativamente.

— Não se preocupa.

— Então? - Fez insinuação aos detergentes que eu segurava

Eu estava no modo avião.

Tudo que ela falava, cada expressão que seu rosto fazia, o jeito que suas unhas brincavam umas com as outras.

Eu não queria que parecesse estranho, mas ela parecia tão aberta e disponível.

— Qual seu problema, ela está grávida. – Pensamentos vem e vão e apenas um deles fica.

— Eu posso te pagar um café?

— Não precisa, sério.

Três palavras que não significaram nada para mim. Simplesmente pelo fato delas terem sido acompanhadas pelo sorriso mais tímido e real que recebi naquele dia.

— Vamos conversar um pouco, relaxar, o que acha?

— OK – Revirou os olhos como se conversasse com uma amiga de anos.

Mas que merda! O que eu tô fazendo? - E mais uma vez, os pensamentos nunca me deixavam.

Marcamos o café para manhã do dia seguinte, já estava tarde, ela estava grávida, não queria ser mais um dos motivos da formação de suas olheiras.

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