O sol da manhã banhava as ruas de pedra da pequena cidade siciliana com uma luz dourada e serena. Era segunda-feira, e a cidade despertava devagar, como se respeitasse o silêncio sagrado que Luana carregava no coração naquele dia. Ela vestia um vestido simples e azul-claro, o mesmo tom que sempre usava quando ia à missa aos domingos. Os cabelos castanhos estavam presos em uma trança delicada, e o rosto trazia um misto de serenidade e expectativa.
Mateus caminhava ao lado da neta com a expressão firme, mas os olhos marejados. Aquela menina era o seu orgulho, sua calmaria em meio ao caos que tantas vezes reinava em sua família. Ele segurava sua bengala com a mão direita, enquanto a esquerda descansava sobre o ombro de Luana com carinho e reverência. Ele não disse nada durante o caminho até o convento. Sabia que palavras podiam romper o momento solene que se aproximava.
Ao chegarem ao portão do Convento de Santa Clara da Sicília, foram recebidos por uma freira de semblante amável e voz doce, Irmã Tereza.
— Paz e bem — disse ela, sorrindo. — Em que posso ajudá-los?
Luana deu um passo à frente, respirando fundo.
— Vim conversar com a madre superiora. Quero saber o que devo fazer para me tornar freira.
A freira abriu ainda mais o sorriso e assentiu com a cabeça.
— Claro, venha comigo. A madre está em oração, mas ela ficará feliz em receber você.
Mateus ficou no pátio, observando a neta ser guiada por um corredor estreito com paredes de pedra e janelas em arco, por onde entravam raios tímidos de sol. Sentou-se em um banco de madeira, tirou o terço do bolso e começou a rezar em silêncio. Era seu costume nos momentos importantes.
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Luana entrou na sala da madre com o coração acelerado. A madre superiora, uma senhora de idade avançada e olhar profundo, estava sentada atrás de uma mesa simples de madeira, com um crucifixo de ferro pendurado na parede atrás dela.
— Paz e bem, filha. — A madre sorriu, gesticulando para que Luana se sentasse. — Me disseram que você quer seguir a vida consagrada.
— Sim, madre. Sinto isso dentro de mim há anos. Eu fiz uma promessa ao meu avô quando tinha seis anos… e hoje não é mais apenas uma promessa. É o meu chamado. Quero saber o que preciso fazer para entrar no convento.
A madre a observou com ternura, vendo na jovem não apenas fervor, mas também maturidade.
— Primeiramente, filha, é importante entender que a vida religiosa não é um refúgio, nem uma fuga. É uma entrega plena e livre a Deus. Ser freira é ser esposa de Cristo, e isso exige discernimento, formação e obediência. A vida conventual tem beleza, mas também tem cruz.
Luana assentiu.
— Eu entendo, madre. Estou pronta para tudo isso.
A madre então começou a explicar, pausadamente, cada uma das etapas que Luana teria de seguir:
O Período de Aspirantado
— Você começará como aspirante. Durante esse tempo, que pode durar de três meses a um ano, virá ao convento regularmente, participará das orações, ajudará nas tarefas e será acompanhada por uma freira designada, chamada de mestra de formação. Será um tempo de adaptação e discernimento mútuo — disse a madre. — Você poderá continuar morando com sua família no início, mas sua presença aqui será constante.
O Postulantado
— Se após o aspirantado ambas as partes sentirem que há vocação, você entrará no postulantado. Esse período já é dentro do convento, com vivência integral. Aqui, você não será mais chamada pelo seu nome de batismo, mas pelo nome religioso que escolher, ou que for sugerido. Aprenderá mais sobre a espiritualidade da ordem, sobre a vida comunitária e os votos que fará.
— Quantos meses dura isso? — perguntou Luana, anotando tudo mentalmente.
— Pode durar de seis meses a dois anos, depende de sua caminhada espiritual.
O Noviciado
— Depois vem o noviciado. É o momento mais sério da formação. Você será oficialmente uma noviça, receberá o hábito religioso, e viverá como freira, mas sem ainda ter feito os votos definitivos. Esse período dura dois anos. É o tempo da escuta profunda, de silenciar o coração para ouvir Deus. Muitas provações acontecem aqui — explicou a madre, com um olhar grave, mas sereno.
Votos Temporários
— Se tudo for confirmado, você fará os votos temporários de pobreza, castidade e obediência. Eles duram, geralmente, três anos. Nesse tempo, você será acompanhada por um conselho espiritual. Ainda pode deixar o convento, se sentir que não é sua vocação.
Votos Perpétuos
— Por fim, após os votos temporários, você poderá fazer os votos perpétuos. É como um casamento. A partir daí, você se torna uma freira consagrada para sempre. Sua vida será dedicada à oração, ao serviço e ao amor incondicional a Deus e aos irmãos.
Luana estava emocionada. Não se assustava com nenhuma das etapas. Pelo contrário, cada uma parecia confirmar ainda mais o que seu coração já sabia.
— Madre… eu quero tudo isso. Cada passo, cada voto, cada silêncio.
A madre estendeu a mão e segurou a de Luana com firmeza e delicadeza.
— Então comece pelo primeiro passo, filha. Volte amanhã para iniciar seu aspirantado. Seja bem-vinda ao caminho da cruz e da luz.
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Ao sair da sala, Luana encontrou Mateus esperando no pátio, sentado, com um leve sorriso nos lábios e o terço ainda nas mãos.
— E então, minha santinha? — perguntou ele, se levantando devagar.
— Vou começar o aspirantado amanhã, nonno. Ele pode durar de três meses a um ano… mas como faltam exatamente três meses para o fim do ano, vou dedicar esse tempo com todo o meu coração. Quem sabe no início do ano já não estou pronta para o próximo passo?
Mateus ficou imóvel por um segundo, encarando a neta com emoção contida. Depois, a abraçou forte, com os olhos marejados.
— Você vai ser a freira mais linda da história. A mais pura. A mais doce.
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Atualizado até capítulo 28
Comments
kelll
Será que ela vai ser freira mesmo?
aguarde o desenrolar do livro para tirar as suas conclusões
2025-06-12
3
Raquel Olhier
coitado do avô se aparecer o mafioso sebastian
2025-06-14
0
Helena Barbosa
kkk acho que esse caminho vai ser desviado kkk
2025-06-12
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