O sol brilhava alto naquele sábado preguiçoso. Depois da festa cheia de emoções e revelações, Chiara precisava de um tempo para si. Passou o dia na piscina da mansão, mergulhando de vez em quando, mas principalmente boiando em silêncio, refletindo sobre tudo que ouvira dos irmãos na noite anterior.
Felipo, Alexandre, até mesmo Carla... todos estavam ligados a uma história que ela nunca quis lembrar. Agora, não podia mais ignorar. A verdade estava diante dela. Mas, por mais que doesse, havia uma paz nova em seu coração. Ela não estava sozinha.
Já era quase fim da tarde quando sua melhor amiga, Luma, apareceu com um sorriso no rosto e um presente nas mãos.
— Desculpa não ter vindo ontem! — disse, entrando apressada. — Foi o aniversário de casamento dos meus pais, 25 anos. Não dava pra faltar.
Chiara levantou da espreguiçadeira e a abraçou com carinho.
— Tá tudo bem. Você chegou no momento certo.
— Toma, isso é pra você — disse Luma, entregando uma caixinha delicada.
— Obrigada, Lu — Chiara sorriu. — Vem, senta aqui… preciso te contar uma coisa.
As duas se acomodaram nas espreguiçadeiras, debaixo de uma sombrinha, e Chiara contou tudo. Sobre Antonieta, o passado com a máfia Moretti, o dinheiro, os irmãos, a revelação… Luma ouviu em silêncio, com atenção e afeto.
Quando a amiga terminou, Luma apenas respirou fundo e disse:
— Chiara… isso é o seu passado, não o seu presente. E nem define quem você é. Você é uma mulher forte, incrível, amada. E sinceramente? Acho que Deus permitiu que você esquecesse por um motivo. Agora que sabe, não precisa se prender a isso. Olha pra frente.
Chiara sorriu, tocada pelas palavras.
— Obrigada. Eu precisava ouvir isso.
— Agora, chega de drama. Já que não pude vir no seu aniversário, que tal comemorarmos hoje? Só nós duas… numa boate?
— Hm, não sei…
— Ah, por favor! Você escolhe! Pode ser a boate dos seus pais ou aquela que seus irmãos frequentam. Vamos sair, dançar, rir… se divertir um pouco. Você merece!
Chiara hesitou por um segundo, mas então sentiu uma faísca de empolgação.
— Tá bom, você me convenceu.
— Yesss! — vibrou Luma. — Shopping comigo, agora! Vamos achar um vestido que vai deixar metade da cidade de queixo caído.
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No início da noite, a movimentação na mansão aumentou. Os gêmeos, Alana e Guiulliano, jogavam com Mateus no tapete da sala. Era uma partida acirrada de um jogo de tabuleiro, com direito a gritos e risadas.
Foi então que Chiara desceu as escadas.
Usava um vestido verde esmeralda colado ao corpo, com um leve brilho que destacava seus olhos e sua pele bronzeada. Os cabelos estavam soltos, ondulados, e os saltos altos marcavam sua presença como uma mulher decidida. A maquiagem era sutil, mas marcante. Ela estava deslumbrante.
Mateus foi o primeiro a vê-la. Saltou do tapete como se tivesse levado um choque.
— Aonde você pensa que vai, princesa?
Chiara sorriu, encostando no corrimão.
— Pra boate, papa.
Ele franziu as sobrancelhas.
— Boate? Eu achei que você estava indo pra uma festa do pijama… porque com essa camisola aí…
Os gêmeos riram alto e Alana aplaudiu.
— Arrasou, irmã! Você tá linda!
Mateus pigarreou, cruzando os braços.
— Vai assim mesmo?
Foi quando Luciana entrou na sala, sorrindo e já com um copo de chá na mão.
— Amor… lembra o que combinamos? — disse ela, se aproximando e dando um leve beijo no rosto do marido. — Você cuida do coração… e da Alana, que ainda tem 12 anos. A Chiara já é uma mulher. Responsável. Deixa ela se divertir um pouco.
— Eu não sei se estou preparado pra isso… — resmungou ele.
Luciana piscou para a filha.
— Vai, minha linda. Só volta viva.
Chiara riu, deu um beijo nos dois e saiu ao encontro de Luma, que a esperava de carro na frente da mansão.
A boate dos irmãos era o point da elite jovem da cidade. Tinha luzes vibrantes, DJs famosos, bebidas caras e uma pista sempre cheia. Chiara e Luma entraram com facilidade, sendo cumprimentadas por alguns conhecidos logo na entrada.
— Aqui é o território dos seus irmãos — brincou Luma. — Vamos deixar nossa marca.
Chiara riu, mas algo em seu peito parecia inquieto desde o momento em que cruzou a porta.
Dançou por um tempo, riu com a amiga, tirou fotos com os celulares. Mas, conforme a noite avançava, aquela sensação esquisita só aumentava. Era como se o ar estivesse pesado… como se algo invisível encostasse em sua pele e a fizesse se arrepiar.
Chiara parou de dançar.
— O que foi? — perguntou Luma, notando a expressão dela.
— Estou sendo observada.
Luma olhou em volta, rindo.
— É claro que está! Você tá linda! Metade da boate tá babando por você!
Chiara negou com a cabeça. O que sentia era diferente. Aqueles olhares masculinos normais não a incomodavam. Mas havia um olhar específico, oculto em meio à multidão, que queimava sua pele. Um olhar que parecia saber mais do que deveria. Um olhar silencioso… ameaçador. Ou talvez conhecido.
Ela olhou em todas as direções. Vários homens a observavam, sorrindo ou apenas admirando. Mas nenhum deles parecia ter os olhos que pesavam sobre ela.
Seu coração apertou. Não era paranoia. Ela sabia que estava sendo vigiada.
— Não consigo relaxar — murmurou. — Vamos embora?
Luma a encarou, surpresa.
— Sério? Você sempre fecha a pista!
— Hoje não. Não tô bem. Quero ir pra casa.
Sem insistir, Luma concordou e as duas deixaram a boate. O som abafou-se quando entraram no carro e Chiara pôde, finalmente, respirar melhor. Mas o incômodo não passou. Era como se aquele olhar a tivesse seguido até ali.
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Na mansão, o relógio marcava pouco mais de meia noite. Chiara entrou silenciosa, mas ainda assim encontrou Mateus acordado na sala, com um livro no colo e Alana dormindo no sofá.
Ele ergueu os olhos, surpreso.
— Já voltou, princesa?
Ela apenas caminhou até ele e o abraçou forte.
— O que foi, meu amor? — perguntou, envolvido por aquele gesto inesperado.
— Eu estou diferente, papa… não me senti bem na boate. Não é mais o meu lugar.
Mateus apertou o abraço e assentiu, entendendo sem perguntar muito.
— Quer que eu te acompanhe até o quarto?
Ela assentiu, e os dois subiram juntos, ele deixou Alana no quarto e a seguiu.
No quarto, Chiara foi direto para o banho. Enquanto isso, Mateus ficou sentado na beirada da cama, observando as fotos no criado-mudo — momentos felizes dela com os irmãos, com Luciana, e um retrato dos gêmeos pequenos no colo dela.
Quando ela saiu do banheiro, já com o pijama de algodão e os cabelos soltos, ele se ajeitou na cama, ainda por cima das cobertas. Ela se enfiou sob o edredom, deitando-se de lado.
Mateus passou a mão carinhosamente no cabelo dela, como fazia quando ela era criança.
— Não precisa ter medo, minha filha. Eu sempre estarei aqui… até meu último suspiro.
Ela o olhou com os olhos brilhando.
— Eu tô com medo do que vem agora, papa… de tudo que ouvi. Eu não sei se vou conseguir.
— Consegue sim. Você tem um coração bom, cabeça no lugar e agora também tem o direito de escolher o que fazer com tudo isso. Você vai ser uma excelente empresária. Melhor do que qualquer um esperaria.
— E se eu falhar?
— Aí eu estarei aqui… pra te levantar de novo.
Chiara sorriu, os olhos pesando de sono.
— Obrigada, por tudo.
Mateus beijou sua testa e continuou acariciando seus cabelos. Aos poucos, ela adormeceu, com a respiração se acalmando. O pai permaneceu ali por mais um tempo, em silêncio, como um guardião silencioso, até ter certeza de que sua princesa estava em paz.
Ele sabia que a vida dela estava prestes a mudar — mas enquanto ele estivesse vivo, ninguém a tocaria.
E mesmo sem ele saber se aquele olhar na boate… se voltasse, teria que passar por ele primeiro.
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Atualizado até capítulo 62
Comments
Marlucy Nascimento
Anciosa para saber quem estava observando Chiara na boate
2025-06-14
0
Marli Batista
Ja estou anciosa pra saber quem era 😱😱😱😱
2025-06-18
0
Elidiane Almeida Pinto
Meu Deus já na expectativa aqui....
2025-06-11
0