As vezes pensava que Sidney era inteligente, naquele ano ele tirou notas boas, mas a sua amizade continuava forte com um grupo que muita das vezes não levava nada a sério, o via entrar e sair de sua casa nos dias que cuidava do seu irmãozinho, também acordava tarde, não conversávamos, e estava bem em nos evitar.
Sua mãe me chamava sempre que precisava de babá. Estávamos no oitavo ano, pouca coisa tinha mudado do meu currículo de amizade, agora as garotas estavam mais vaidosas, se arrumando e as vezes saindo com garotos, eu ficava nos bastidores, ouvido as histórias, evitando que minhas poucas amigas me arrastasse para algo que não queria, ou não podia participar.
— Vai nos conta algo, ele dorme como?
Fechei a cara.
— Fala sério, nunca viu ou espiou ele? Fala! Talita queria saber de Sidney ela sempre perguntava dele, o que fazia e até o que ele comia?
— Não sei, além de ser preguiçoso e folgado, a mãe dele tem que arrumar o quarto dele, não sei o que enxergam nesse garoto! Disse.
Elas rindo. — Ele é gatinho! Maria disse.
— Um moleque! Falei sendo perda de tempo discutir com elas. A maioria das garotas achava ele bonito. O achava rude, egoísta e mesquinho, ele nem brincava com irmãozinho dele.
— Vai na festa de aniversário do irmão dele? Talita perguntou.
— Queria ir? Maria disse.
— Não vou porque quero, estou sendo obrigada! Disse.
— Aproveita por nós! Talita disse.
Reverei meus olhos. Tinha sido um pedido da mãe de Sidney, o Antony não ficava mais quieto se não fosse junto comigo, e até roupa a senhora tinha mandado fazer para usar na festa.
Juro que chorei por ter que usar um vestido, minha mãe me repreendeu, e estava indo por consideração a mulher que me pagava e me tratava bem, e tinha Antony, um menino de cinco anos quem tinha me apegado.
A festa estava correndo bem, mas me sentia desconfortável em um vestido, queria mesmo era tirar a cada vez que alguém sorria e dizia. “Que mocinha linda”. O meu estomago se revirava e não conseguia nem tomar um refrigerante.
Na hora do parabéns, olhei para família perfeita pousando enquanto o fotografo tirava fotos. Ao partir o bolo eles perguntaram ao Antony para quem seria o primeiro pedaço? Tive a surpresa quando o menino disse Lolo. Todos sorrindo e achando fofo quando Sidney me entregou o pedaço de bolo e também tiraram uma foto para registrar o momento.
Mas tarde naquele dia, quando todos tinham ido embora da festa, fiquei para ajudar a limpar. Também escutei uma discussão entre os pais de Sidney, o pai dele era gerente em uma fazenda e ficava semanas fora, sua mãe trabalhava em um banco, e as discussões eram sempre por falta de tempo entre eles e com os filhos. Sidney sempre se trancava no quarto e os evitava.
Era tarde quando limpamos tudo e não fui para casa e dormi no quarto de Antony. Detestava dormir fora de casa, tinha medo, os pesadelos pareciam me alcançar, era por me sentir insegura e com medo de que alguém pudesse aparecer durante a noite e me tocar. Isso não acontecia a anos, mas as lembranças ainda estavam na minha cabeça.
Antony acordou durante a madrugada e como ainda tinha problemas em pegar no sono levantei. Falei baixinho com ele depois dei um copo com achocolatado que sua mãe deixava pronto. Quando ele dormiu novamente, resolvi sair do quarto e lavar o copo e tomar agua.
Não quis ligar a luz e acorda alguém na casa, a cozinha estava clara por uma luz através da janela para varanda. Tomei agua olhando a noite clara lá fora, era a primeira vez que dormia fora de casa em sete anos. Me sentia melhor pelo fato da família serem de pessoas boas e gentis, o senhor quase nunca estava em casa e Sidney sendo um ano mais velho ainda era um moleque que só se importava em comer, dormir e jogar videogame. Respirei fundo acalmando e me convencendo de que nada iria mais acontecer.
— O que faz acordada e aqui? A voz atrás de mim me fez tremer e deixei cair o copo na pia que partiu em vidros.
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Atualizado até capítulo 163
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