Há algumas coisas que espero sentir depois de concordar impulsivamente em um encontro falso com Felipe Müller:
1. Arrependimento.
2. Arrependimento extremo.
3. Um desejo de me atirar de um prédio.
O que eu não esperava é que minha mãe me ligasse quatro horas depois, gritando ao telefone como se eu tivesse acabado de anunciar meu noivado.
"Por que você não me contou que estava namorando o Lipe?"
Pisco para o teto. Estou deitada no sofá, ignorando agressivamente minhas responsabilidades, despreparada emocionalmente para esta conversa.
"Porque eu não estava", murmuro. "Até esta manhã."
Mamãe suspira. "Meu Deus. Foi um grande gesto romântico?"
Olho fixamente para o ventilador de teto. "Claro. Vamos com isso."
Na verdade, o único "grande gesto romântico" que o Müller já me deu foi uma palmada lenta e sarcástica depois que tropecei durante a formatura.
"Bem, acabei de falar com a mãe dele." Mamãe suspira, sonhadora. "Ela está emocionada, Helena. Ela disse que vocês dois sempre tiveram uma faísca."
Sento-me tão rápido que meu pescoço quase quebra. "Desculpa, o quê?"
"Ah, querida, sabe como o Felipe costumava te provocar quando você era criança? Era tão óbvio que ele tinha uma quedinha."
Eu engasgo. "Mãe, por favor, nunca mais diga isso."
Ela me ignora. "Ah! Aliás, eu disse a ela que faríamos um almoço neste fim de semana para conhecermos nossos futuros sogros!"
Minha alma abandona meu corpo. "Mãe, não."
"Tarde demais!" ela diz animadamente. "Te vejo no domingo! Te amo!"
Ela desliga.
Olho para o meu telefone horrorizada.
Felipe Müller me deve muito por isso.
(....)
Naturalmente, quando entro em seu escritório na manhã seguinte, ele parece emocionado ao me ver.
"Helena", diz ele, recostando-se na cadeira como se estivesse tomando um café casualmente, em vez de arruinar a minha vida. "A que devo o prazer?"
Bato as mãos na mesa dele. "Almoço. Com as nossas mães. Neste domingo."
Felipe inclina a cabeça. "Isso foi rápido."
"Você acha?", jogo as mãos para o alto. "Ela acha que você está secretamente apaixonado por mim há anos!"
Ele dá um sorriso irônico. "Tecnicamente, sim. Só expresso isso por meio de uma zombaria implacável."
Eu encaro. "Conserte isso."
"Não sei como?" Ele se aproxima, como se estivesse gostando do meu sofrimento. "Gostaria que eu ligasse para sua mãe e dissesse: 'Desculpe, Sra. Brown, eu não amo sua filha de verdade'?"
Hesito. "Bem. Quando você fala assim..."
"Exatamente." Ele sorri. "Almoço então."
Eu gemo. Eu o odeio. Eu o odeio tanto.
Mas também... por que o sorriso dele faz coisas estranhas com meu estômago?
Afasto esse pensamento. Sem importância.
Em vez disso, expiro bruscamente. "Tudo bem. Mas precisamos resolver a história antes de domingo."
"Concordo."
Pego meu celular. "Estou fazendo uma lista de coisas que precisamos resolver."
Felipe sorri. "Meu Deus, eu adoro quando você fica tão séria."
Eu o encaro. "Regra número um do namoro falso: nunca subestime minha capacidade de te matar."
Ele ri baixinho. "Anotado."
Reviro os olhos e começo a digitar.
Operação: Convencer a todos de que estamos apaixonados
• História do primeiro encontro
• Apelidos?? (eca)
• Quem se apaixonou primeiro (se alguém disser "Felipe", eu vomito)
• Hobbies do casal (não temos hobbies??)
• Certifique-se de que NINGUÉM suspeite que estamos fingindo
Termino de digitar e olho para cima. "Ok. Primeiro encontro. Qual é a nossa história?"
Ele sorri. "E se a gente teve um encontro numa livraria?"
Eu pisco. "Você não lê."
Ele suspira, com a mão no coração. "Helena. Isso é calúnia."
"É a verdade."
Ele dá um sorriso irônico. "Tudo bem. Mas não seria mais divertido se inventássemos algo dramático?"
Estreito os olhos. "Tipo o quê?"
"Não sei. Talvez eu tenha salvado sua vida. Te tirei de um prédio em chamas. Te carreguei como uma noiva."
Eu encaro. "Essa é a coisa mais idiota que já ouvi."
Ele dá de ombros. "Que pena. Eu sou ótimo nessa coisa de 'conquistar uma mulher'."
Eu bufo. "Claro, Müller. Qualquer coisa que te ajude a dormir à noite."
Seu sorriso irônico se aprofunda. "Quer que eu prove?"
E então, antes que eu possa reagir, ele se inclina, me levanta do chão e me joga por cima do ombro como se eu não pesasse NADA.
Eu grito. "Felipe Müller! Me põe no chão!"
Ele ri. "Eu te disse. Sem esforço."
Eu juro por Deus—
Sua assistente entra.
Nós congelamos.
Ela pisca. "Hã. Devo voltar mais tarde?"
Felipe sorri, ainda me segurando como se eu fosse um saco de batatas humano. "Não. Só estou provando um ponto."
Ela sai lentamente da sala.
Eu ofego. "Felipe, eu te odeio."
"Você me ama", ele diz, me colocando no chão.
E talvez seja porque minha cabeça ainda esteja girando, mas eu juro que — por uma fração de segundo — suas mãos demoram um pouco mais que o necessário na minha cintura.
Ou talvez eu imagine isso.
De qualquer forma, meu cabelo está uma bagunça.
Dou um passo para trás e pigarreio. "Nunca vamos contar a ninguém que nós tivemos um encontro assim."
Ele dá um sorriso irônico. "Tudo bem. Mas vou manter a história de 'te tirar de um prédio em chamas'."
Suspiro. Vai ser um fim de semana longo.
(....)
Quando chega o domingo, estou mentalmente preparada.
Ou melhor, tão preparada quanto eu puder para mentir para toda a minha família durante o almoço.
Quando entro no restaurante, Felipe já está lá, vestindo uma camisa social perfeitamente ajustada, parecendo convencido demais para alguém que está prestes a almoçar com minha mãe.
"Pronta?" ele pergunta enquanto me sento.
Suspiro. "Não. Mas vamos lá."
E então nossas mães chegam.
Que o caos comece.
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Atualizado até capítulo 35
Comments
Rosângela Santos
Já gostando da história
2025-06-24
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