Prometa Não Se Apaixonar!
Há muitas maneiras de se humilhar em público.
Tropeçar na frente de uma multidão? Constrangedor, mas tem solução.
Derramar café em um estranho? É inconveniente, mas você pode se desculpar e seguir em frente.
Ouvir sua mãe anunciar em alto e bom som, no meio de um café lotado, que você é solteira, patética e precisa de um namorado?
Essa? Essa é especial.
É por isso que estou segurando meu café com tanta força que ele pode explodir, parado no meio do Café moon enquanto a voz da minha mãe ecoa no meu telefone para todo o estabelecimento ouvir.
"Helena, querida, você sabe que o casamento é daqui a dois meses e meio, né? E que adultos normais e funcionais levam acompanhantes para esse tipo de evento?"
Fecho os olhos com força. Talvez se eu ficar bem, bem parada, eu simplesmente evapore.
"Mãe", eu sibilo. "Podemos não fazer isso aqui?"
"Ah, por favor. Não é como se alguém estivesse ouvindo."
Alerta de spoiler: todo mundo está ouvindo.
Incluindo, infelizmente, Felipe Müller.
Ele está sentado em uma pequena mesa perto da janela, com as pernas longas esticadas, café na mão, me observando como se eu fosse a coisa mais interessante que aconteceu em sua manhã de segunda-feira.
Ele tem aquele olhar — aquele que diz que acha o meu sofrimento divertido. E Felipe Müller não tem permissão para me achar divertido.
Crescemos juntos. Éramos rivais. Ele era o menino de ouro — aluno nota 10, astro do beisebol no ensino médio, presidente de turma, o equivalente humano de uma agenda perfeitamente organizada. Enquanto isso, eu era a artista caótica com um coque bagunçado, sempre perdendo coisas, atrasada e me envergonhando de maneiras novas e emocionantes.
(Como a vez em que decidi entrar no show de talentos da oitava série com uma rotina de dança e esqueci toda a coreografia no meio do caminho. Até hoje, essa lembrança me dá vontade de entrar no trânsito.)
Já faz anos desde o ensino médio, mas algumas coisas nunca mudam, como o jeito como ele ainda olha para mim, com partes iguais de exasperação e diversão presunçosa.
"Você precisa sair daqui!", continua minha mãe, completamente alheia à minha iminente decadência social. "Conhecer um homem legal! Talvez um com um emprego estável?"
Felipe faz um som de engasgo, como se estivesse segurando o riso.
Eu o encaro, dizendo "vá embora", mas ele apenas sorri, tomando seu café como se estivesse assistindo a um reality show particularmente interessante.
Preciso de uma fuga. Imediatamente.
Então, naturalmente, faço a pior coisa possível.
"Na verdade, mãe, eu já tenho um namorado."
Silêncio.
Então, lentamente, ela pergunta: "Você tem?"
Felipe inclina a cabeça, com um sorriso irônico. Ele sabe que estou mentindo. Ele sabe.
Levanto o queixo, tentando soar tão confiante quanto alguém que acabou de inventar um namorado fictício. "Sim. Ele é... maravilhoso."
"Quem é ele?"
Droga. Pense, Helena, pense.
E então — porque o universo me odeia — Felipe se levanta.
Casualmente. Como se ele estivesse prestes a fazer algo profundamente inconveniente para mim.
Antes que eu possa reagir, ele se aproxima, passa o braço em volta da minha cintura e — juro — beija o topo da minha cabeça como se fosse algo que ele faz todo dia.
"Ei, querida", ele diz suavemente.
Minha mãe fica boquiaberta.
Quase jogo meu café com leite na cara idiota e presunçosa dele.
O café inteiro está assistindo.
E é assim que eu, Helena Brown, acabo com Felipe Müller como meu namorado falso acidental.
Assim que desligo, viro-me para Felipe, com uma expressão assassina nos olhos.
"Que diabos foi isso?" Eu sussurro-grito, empurrando-o para longe.
Ele parece despreocupado. "Você precisava de um namorado. Eu me voluntariei."
"Eu não precisava de você!"
"Bem, agora é tarde demais."
Quero argumentar, mas infelizmente ele está certo.
Minha mãe está delirantemente feliz. Ela passou cinco minutos falando sobre como está animada para "finalmente conhecer meu homem misterioso" no casamento, e agora não tem como eu voltar atrás.
Isto é um verdadeiro pesadelo.
Belisquei a ponta do meu nariz. "Lipe, nós nem somos amigos."
Ele levanta uma sobrancelha. "Não?"
"Não! Você passou anos tornando minha vida miserável."
"Isso é dramático."
Estreito os olhos. "Você ainda fala ou não do show de talentos da oitava série?"
Ele dá um sorriso irônico. "Tá, mas, para ser justo, você foi muito ruim."
Eu gemo. "Viu? É por isso que você não pode ser meu namorado falso."
"Bem, eu odeio dizer isso a você, querida, mas isso já está acontecendo."
Cruzo os braços. "Por que você faria isso?"
Ele dá de ombros, parecendo satisfeito demais consigo mesmo. "Eu tenho os meus próprios problemas."
Espero. Ele não entra em detalhes.
Eu suspiro. "Lipe."
"Helena."
"Explicar."
Seu sorriso irônico desaparece um pouco.
"Tenho um evento de trabalho chegando, e as pessoas estão convencidas de que sou algum tipo de workaholic emocionalmente atrofiado e com fobia de compromisso."
Eu pisco. "Quer dizer... você não é?"
Ele ignora isso. "A questão é que aparecer com uma namorada ajudaria."
Eu o encaro. "Então deixa eu ver se entendi. Você fingiu ser meu namorado agora mesmo porque quer que eu seja sua namorada de mentira?"
"Exatamente."
Eu deveria dizer não. Eu deveria dizer absolutamente não.
Mas...
Só alguns meses.
É só isso que tem que ser.
E honestamente, isso resolve os problemas de nós dois.
Minha mãe para de me tratar como uma causa perdida. Todos param de achar que ele é incapaz de ter uma conexão humana adequada. Uma situação em que todos ganham.
Exceto pelo pequeno problema de que Felipe é insuportável.
Exalo bruscamente. "Tudo bem."
Ele sorri. "Tudo bem?"
Eu o encaro. "Mas existem regras."
Seu sorriso só aumenta. "Ah, isso deve ser bom."
Conto-os nos dedos.
"Primeiro: Sem sentimentos verdadeiros. Este é um acordo comercial."
"Obviamente."
"Dois: Sem drama. Mantemos tudo simples, limpo e não nos prendemos a uma teia de mentiras."
Ele concorda. "Concordo."
"E três: Absolutamente. Nada. De. Beijos."
Ele inclina a cabeça, pensando.
"Tudo bem", ele diz depois de um longo momento. "Mas o que acontece se alguém espera que façamos isso?"
Hesito. "O que você quer dizer?"
"Digamos que estamos no casamento. Todo mundo está assistindo. Começam a gritar 'beijar, beijar, beijar'." Ele dá de ombros. "O que fazemos?"
Revirei os olhos. "Isso não aconteceria."
Ele sorri. "Você não conhece sua família muito bem, não é?"
Droga. Ele tem razão.
Eu gemo. "Tudo bem. Em caso de emergência pública, podemos usar um beijo breve e estritamente necessário. Nada mais."
Ele sorri. "Parece razoável."
Estendo a mão. "Combinado?"
Ele aceita. "Fechado."
Eu agito uma vez, com firmeza.
E é aí que percebo algo profundamente perturbador.
A mão dele é quente.
Sua pegada é firme.
E quando seu polegar roça meu pulso enquanto ele me solta, meu estômago faz algo estranho.
Eu engulo. Está tudo bem.
É apenas um namoro falso.
Com meu rival de infância.
O que poderia dar errado?
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Atualizado até capítulo 35
Comments
Adoro Ler
marcando pra ler hj dia 24.06.2025
2025-06-24
1
Rosângela Santos
Lendo agora 24/06/25
2025-06-24
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