Sintoma:Desejo acumulado

Você tem certeza que quer fazer isso? — perguntou Melina, da porta do banheiro, observando Isis ajustar o cabelo com perfeição e passar um gloss leve nos lábios.

— Absoluta. Eu sou uma paciente em potencial. Nada fora da lei.

— Exceto pelo vestido que parece que foi pintado no seu corpo.

— Ah, isso? É só... casual. — Isis piscou no espelho, ajustando o decote que sugeria mais do que mostrava.

Ela entrou no hospital com segurança de quem já sabia onde queria chegar. Foi direto até a recepção, com uma mão levemente pousada no estômago.

— Oi… Eu tô me sentindo meio enjoada, com tontura... Será que o doutor Eduardo Lacerda pode me atender?

A recepcionista hesitou.

— Você quer ser atendida por ele especificamente?

— É que eu já conheço, né? É amigo do meu pai… Me sinto mais à vontade.

Dois minutos depois, Eduardo apareceu no corredor. Jaleco impecável. Rosto sério. E uma expressão que foi do profissional ao alerta máximo assim que viu quem estava ali.

— Isis?

— Oi, doutor. — Ela respondeu com a voz doce e um sorrisinho. — Tô passando meio mal…

Ele a encarou, desconfiado.

— O que você tem?

— Tontura. Um pouco de enjoo. Talvez seja pressão baixa. Ou excesso de pensamentos indecentes... — ela sussurrou só pra ele ouvir, mas com o tom travesso bem calculado.

Ele pigarreou, abrindo a porta da sala de atendimento.

— Vamos conversar lá dentro.

Assim que entraram, ela sentou-se na maca como se fosse dona do hospital. Cruzou as pernas com calma e olhou ao redor, fingindo curiosidade.

— Bonitinha sua sala. A cadeira parece confortável. Já fizeram muitos pacientes desmaiarem aqui?

— Isis. — Ele fechou a porta, agora completamente ciente do jogo.

— Que foi? Não posso passar mal de vez em quando? — Ela mordeu o lábio. — Ou você só cuida de gente sem charme?

Ele pegou o estetoscópio, tentando manter o foco.

— Me dá sua mão, vou medir sua pressão.

Ela esticou o braço, mas segurou o olhar dele.

— Tá tremendo, doutor?

— Não.

— Engraçado. Parece que sim. — E quando ele colocou o aparelho em seu braço, ela sussurrou: — Cuidado… sou sensível ao toque.

Eduardo deu um passo para trás, respirando fundo.

— Você não tá aqui por causa de pressão nenhuma, né?

Isis sorriu, se levantando lentamente da maca e ficando perigosamente perto.

— Claro que tô. Minha pressão sobe toda vez que você me olha desse jeito. Mas sabe qual é o verdadeiro problema, doutor?

Ele a olhou, engolindo seco.

— Qual?

— Tô com um desejo incontrolável de... te provocar.

Ele fechou os olhos por um segundo, lutando com tudo que tinha.

— Você precisa ir embora.

— Eu não quero ir embora.

— Isis...

Ela encostou a ponta do dedo no peito dele.

— Você pode ser médico, ético, correto… mas sabe o que mais você é?

— O quê?

— Meu.

E antes que ele pudesse reagir, ela se afastou com um sorriso vitorioso, como quem deixa o campo de batalha sabendo que venceu sem dar um único tiro.

— Obrigada pela consulta, doutor. — E piscou antes de sair.

Eduardo ficou parado no meio da sala. Mãos nos bolsos. Pulso acelerado. Respiração descompassada.

Ele estava perdendo.

E no fundo... já nem sabia se queria vencer.

Isis já estava com a mão na maçaneta da porta quando sentiu os dedos firmes de Eduardo segurarem seu braço. Não com força, mas com urgência. Ela se virou, o coração disparando como se tivesse previsto — e desejado — exatamente aquilo.

— Você tá brincando com fogo, Isis — ele disse, a voz mais baixa, rouca, carregada de tensão.

Ela se aproximou, os olhos cravados nos dele, e sorriu com uma provocação perigosa.

— É exatamente isso que eu quero, doutor. Me queimar.

Ele ficou em silêncio por um segundo. Um silêncio pesado, cheio de dilemas, vontades e pensamentos que lutavam entre o certo e o incontrolável.

— Eu sou seu médico. Sou amigo do seu pai. Sou quase vinte anos mais velho que você…

— E eu sou adulta, livre, e nunca desejei tanto alguém na vida. — Ela se aproximou ainda mais, agora com o rosto a centímetros do dele. — Você pode colocar quantas barreiras quiser, Eduardo. Mas nenhuma delas muda o fato de que você me quer tanto quanto eu te quero.

Ele apertou os olhos como se aquilo doesse, como se lutasse contra um desejo que se tornava insuportável.

— Você não faz ideia do que tá provocando...

— Faço sim — sussurrou ela. — E ainda não comecei nem a metade.

Os olhos dele passearam pelo rosto dela, pelos lábios, pelo pescoço, como se gravassem cada detalhe. Ele então soltou seu braço lentamente, mas a tensão entre os dois permaneceu viva, pulsante.

— Vai embora, Isis. Por favor. Antes que eu cometa um erro.

Ela deu um passo para trás, mas não tirou os olhos dele nem por um segundo.

— Eu sou o erro mais certo da sua vida, Eduardo. E você sabe disso.

E então saiu, deixando um rastro de perfume e desejo no ar. Eduardo encostou-se à porta, os olhos fechados, o corpo tenso.

Ele estava lutando.

Mas aquela guerra… já estava perdida desde o primeiro olhar.

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Ana Magalhães Silva

Ana Magalhães Silva

amei o capitulo

2025-06-15

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Capítulos
1 Apresentando os personagens
2 Vinhos e olhares
3 Confissões e promessas
4 Sintoma:Desejo acumulado
5 Testemunha ocular
6 Jantar com armadilha
7 Tensão no carro
8 Até onde ela vai chegar
9 Provocações
10 Desejos contidos
11 Surpresinhas
12 Tesão acumulado
13 Confissões
14 Suados e excitados
15 Festa e mais provocações
16 Sempre uma ex
17 Mais provocações
18 Desejo com consequências
19 Mãe sempre sabe de tudo
20 Plantão
21 Pegos
22 Ciúmes contido
23 Vixe tiozão
24 Visitando os pais
25 Amigos zueiros
26 Primeira cirurgia com supervisão
27 Deu ruim Letícia
28 Puro veneno
29 Sai fora lambisgoia
30 Cheque mate
31 Vingança
32 Despedida sofrida
33 Desabafo com conselhos
34 Mais unidos que antes
35 O caos tá formado
36 E agora???
37 De homem pra homem
38 Medo pelo passado
39 Assumidos pra todos
40 Inimigas do amor
41 Sociedade inimiga
42 Denuncia e descobertas
43 Verdades
44 Sangue no olho +xilindró
45 O fim de Letícia e Marcela
46 Loucura loucura
47 Arquivo morto
48 Em flagrante
49 Choque de realidade
50 É fogo
51 Confessos
52 Ainda o quarteto?
53 Fim de semana quente
54 Sob a luz do luar
55 Ressaca de amor e outras coisas
56 Descoberta
57 Agora é oficial
58 casamento
59 Melina e Rodrigo
60 Ultrassom com plateia/Bem vindo Miguel
61 O novo preceptor
62 Marcando território
63 Silêncio que diz tudo
64 Mais uma bomba
65 Fuga do hospício
66 A loucura está de volta
67 Doce prisão
68 Enquanto respirar
69 O Rambo com CRM
70 No hospital
71 Recomeço
72 Só uma palhinha do que virá
73 O tiozão tá on
74 Uma manhã especial
75 Preparativos do batizado
76 Furacão Lorena
77 Vacilou Edu,se redima logo
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Atualizado até capítulo 77

1
Apresentando os personagens
2
Vinhos e olhares
3
Confissões e promessas
4
Sintoma:Desejo acumulado
5
Testemunha ocular
6
Jantar com armadilha
7
Tensão no carro
8
Até onde ela vai chegar
9
Provocações
10
Desejos contidos
11
Surpresinhas
12
Tesão acumulado
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Confissões
14
Suados e excitados
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Sempre uma ex
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Mais provocações
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19
Mãe sempre sabe de tudo
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Ciúmes contido
23
Vixe tiozão
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Visitando os pais
25
Amigos zueiros
26
Primeira cirurgia com supervisão
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Deu ruim Letícia
28
Puro veneno
29
Sai fora lambisgoia
30
Cheque mate
31
Vingança
32
Despedida sofrida
33
Desabafo com conselhos
34
Mais unidos que antes
35
O caos tá formado
36
E agora???
37
De homem pra homem
38
Medo pelo passado
39
Assumidos pra todos
40
Inimigas do amor
41
Sociedade inimiga
42
Denuncia e descobertas
43
Verdades
44
Sangue no olho +xilindró
45
O fim de Letícia e Marcela
46
Loucura loucura
47
Arquivo morto
48
Em flagrante
49
Choque de realidade
50
É fogo
51
Confessos
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Ainda o quarteto?
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Fim de semana quente
54
Sob a luz do luar
55
Ressaca de amor e outras coisas
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Descoberta
57
Agora é oficial
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Melina e Rodrigo
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Ultrassom com plateia/Bem vindo Miguel
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O novo preceptor
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Marcando território
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Mais uma bomba
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Só uma palhinha do que virá
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