🌲 Fuga Silenciosa – A Caverna das Luzes Vivas
O clima no vilarejo de Nerath havia se tornado insustentável. Olhares desconfiados, ameaças veladas, ruídos noturnos que vinham da floresta. Kael’Zar sentia aquilo no fundo das escamas — era só uma questão de tempo até que os Torr fizessem algo imperdoável.
Não podia esperar.
Foi então que ele se lembrou de um lugar que conheceu na juventude, durante uma caçada solitária: uma caverna oculta no coração da floresta, envolta por raízes antigas e escondida sob camadas de folhas intocadas.
Essa caverna não era comum.
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✨ A Caverna Viva
Kael a chamava de Kar'Zhun, "o Berço da Pedra Viva".
Lá dentro, as paredes eram cobertas por pedras luminosas, que não queimavam, mas brilhavam suavemente, mesmo sem calor.
Alguns trechos da caverna tinham corredores estreitos esculpidos com precisão anormal, como se fossem feitos por mãos antigas ou algo mais.
Em certo ponto, uma fenda no teto deixava entrar a luz do sol — iluminando uma clareira subterrânea onde cresciam plantas de cristal e poças de água morna.
O lugar era silencioso, quase sagrado. Nenhuma criatura ousava entrar.
Ele não contou a ninguém sobre aquele lugar. Nunca. Até agora.
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🌌 A Decisão
Na calada da madrugada, com o vilarejo dormindo e o frio da névoa cobrindo os caminhos, Kael’Zar, Lyssara’In e a pequena Serysha’In partiram.
Nenhuma despedida. Nenhuma explicação.
Levaram apenas o necessário: armas, mantimentos sintéticos, artefatos tecnológicos e os registros de sua linhagem.
Cobriram seus rastros, bloquearam os sinais.
Deixaram para trás a civilização brilhante de Nerath por algo mais antigo, mais seguro, mais vivo.
Lyssara não hesitou. Sabia que o amor de um monstro não envelhece — só cresce e apodrece. E Serysha era o alvo. Não podiam mais arriscar.
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🛡️ O Refúgio na Terra
A nova morada era fria, mas acolhedora. Alimentada por rios subterrâneos e pedras que pulsavam luz, Kar’Zhun se tornou seu lar. Com o tempo, Kael adaptou tecnologias do vilarejo para funcionarem no subsolo. Criaram energia a partir das pedras. Construíram campos de proteção. Plantaram em estufas luminescentes.
Ali, a filha do eclipse cresceria em segredo. Longe da perseguição, longe da maldade de Rhazan’Torr. Mas não para sempre.
Serysha olhava para as pedras com olhos de quem sabia: o mundo lá fora não havia esquecido dela. E um dia, ela teria que enfrentá-lo.
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🌌 Enquanto Serysha Crescia… O Mundo Morria em Silêncio
Nos corredores de pedra viva de Kar’Zhun, a pequena Serysha’In vivia seus dias entre brincadeiras, estudos e treinos ao lado dos pais. Ela corria descalça pelos salões iluminados pelas pedras, mergulhava nas poças quentes, estudava línguas esquecidas e criava miniaturas com sucata tecnológica.
Seus olhos vermelhos brilhavam com curiosidade. Ela sabia que havia algo além daquela caverna, mas seus pais nunca falaram do passado. Só diziam que era perigoso. Que o mundo “lá fora” era barulhento, confuso, e cheio de olhos ruins.
Ela acreditava. E ali, naquele refúgio, parecia que o tempo não passava.
Mas fora dali… o tempo explodia.
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☄️ A Chegada dos Devoradores de Céus
Poucos meses após a fuga da família, o céu dos Naga foi rasgado por fendas de luz negra. Naves biomecânicas de um mundo desconhecido invadiram os territórios naga. Eram chamados de Zha’Korr, seres híbridos de metal e carne, frios, impiedosos, que buscavam os recursos vitais do planeta e a genética única dos naga.
As tribos naga, antes divididas, lutaram juntas como nunca antes.
Kael teria lutado ali. Lyssara teria liderado tropas. Mas estavam fora. Isolados. Desconectados.
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⚔️ A Última Resistência e o Golpe Sujo
Mesmo com perdas pesadas, o exército naga resistiu. A vitória parecia possível. Mas os Zha’Korr não aceitavam resistência. Não queriam um planeta — queriam submissão total.
E então, lançaram sua arma final:
Uma arma biológica sintética, programada especificamente para afetar os genes reprodutivos dos naga.
Mas algo deu errado… ou muito certo.
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🧬 A Maldição das Fêmeas
Os machos: resistentes, o corpo deles rejeitou a mutação. Sofreram, mas sobreviveram.
As fêmeas: não tiveram a mesma sorte. Muitas morreram em dias. Outras, grávidas, perderam seus filhotes.
As que sobreviveram… não podiam mais gerar. Tornaram-se estéreis.
Apenas uma em mil manteve a fertilidade — e mesmo assim, de forma instável.
A cultura naga foi arrasada. Um povo que antes era vibrante, agora era uma espécie em extinção lenta.
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🕳️ E em Kar’Zhun… Silêncio
Enquanto tudo isso acontecia, Kar’Zhun seguia em silêncio.
Kael havia cortado toda comunicação.
Os rastreadores foram destruídos.
As barreiras tecnológicas impediam qualquer sinal externo.
Eles não sabiam de nada. Nem uma mensagem. Nenhum pedido de ajuda.
E também não sabiam que ali vivia a última esperança.
Serysha’In, crescendo em paz, era uma das únicas fêmeas Naga com fertilidade plena. Sua genética, por alguma razão desconhecida, era imune à arma dos Zha’Korr.
Ela era o que os anciãos chamariam de "a Fonte Perdida".
Mas ninguém sabia. Nem ela. Nem seus pais.
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Atualizado até capítulo 40
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