João Antônio e Laura ficaram ali, abraçados. O tempo pareceu parar por um instante. Mas, de repente, eles se deram conta de que ainda estavam abraçados e se afastaram rapidamente, muito envergonhados.
João Antônio olhou para Laura, com uma expressão de preocupação.
— Você está bem? O que foi que aconteceu?
— Eu estou bem, João Antônio. Eu escorreguei.
João Antônio levou o cavalo de volta para a baia. Eu segui para casa, sentindo um misto de emoções. Mal pisei na porta, minha mãe e meu pai já estavam lá, com semblantes sérios.
Minha mãe me repreendeu, a voz firme:
— Eu não disse que eu não quero você com esse pessoal, Laura!
—Mãe, por favor, deixe de preconceito! — eu retruquei, a frustração evidente na minha voz. — Eles são funcionários, são pessoas. E, bem, são pessoas melhores que muitos do nosso universo social!
Dito isso, sem esperar por mais discussões, subi as escadas apressadamente. Precisava de um banho.
Passou-se uma semana desde a última vez que conversei com João Antônio, mas ele não saía da minha cabeça. Hoje, meu pai ia fazer uma festa na fazenda, onde reuniria todos os funcionários para o Natal. Era o momento de entregar os presentes. Para animar, ele contratou uma banda, e logo todos começaram a dançar.
João Antônio estava no meio dos funcionários, participando da festa. Minha mãe, por sua vez, observava tudo de longe, visivelmente desgostosa com o ambiente, e permaneceu um pouco distante, junto com as amigas que vieram da cidade.
Eu fiquei um pouco com minhas primas, aproveitando a música, mas logo resolvi que era hora de ir para casa. Foi justamente nesse momento, enquanto eu me afastava da agitação da festa, que encontrei com João Antônio.
Quando meus olhos o encontraram ali, no limiar da festa, meu coração deu um pulo que quase me tirou o fôlego. João Antônio estava simplesmente deslumbrante em sua roupa social: calça preta e camisa preta. Ele parecia perfeito, emanando uma beleza que me deixava sem palavras. Nossos olhares se cruzaram, e um sorriso gentil, mas carregado de algo mais profundo, surgiu em seus lábios.
Ele se aproximou, a voz suave como sempre.
— Laura, como está? Para onde vai?
— Eu estou cansada — respondi, um pouco exausta. — Já deve ser a expectativa dos meus pais de que eu vá para casa e durma.
Um lampejo de preocupação passou por seus olhos, e ele me olhou com uma intensidade que me fez sentir protegida.
— Ir sozinha, Laura? É perigoso. Tem muita gente estranha por aqui, ainda mais agora com a festa e tanta gente de fora.
Meu coração se aqueceu com a preocupação dele.
— João Antônio — tentei soar casual, forçando um sorriso. — Aqui é perto de casa, acredito que não há nada demais. Mas é verdade, tem muita gente da cidade, das redondezas...
Ele hesitou por um instante, depois, com um tom de firmeza e doçura que me pegou de surpresa, perguntou:
— Deixe-me acompanhá-la. Faço questão de deixá-la em segurança.
Meu sorriso se tornou genuíno. A ideia de ir para casa com ele, mesmo que fosse apenas até a porta, encheu-me de uma alegria inesperada, quase eufórica.
— Eu adoraria, João Antônio. Muito obrigada.
O caminho até minha casa foi mais curto do que eu desejava. Cada passo ao lado de João Antônio era leve, preenchido por uma conversa descontraída sobre a festa, sobre a fazenda, sobre pequenos nadas que pareciam os assuntos mais importantes do mundo. A cada risada, a cada troca de olhar, sentia uma conexão se aprofundar, um fio invisível nos unindo.
Quando chegamos à porta, não nos apressamos. Apoiados no batente, sob a luz discreta do poste, continuamos conversando. O tempo parecia suspender-se, e eu desejava que aqueles momentos durassem para sempre. Em meio a uma pausa na conversa, ele me olhou nos olhos, com uma intensidade que fez meu coração disparar.
— Você está muito bonita hoje, Laura.
Senti minhas bochechas corarem, e um calor gostoso se espalhou por mim. O "obrigada" que saiu da minha boca foi quase um sussurro. O silêncio que se seguiu não era incômodo; era cheio de significado, de uma emoção latente que nenhum de nós se atrevia a quebrar, mas que preenchia o ar entre nós.
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Atualizado até capítulo 58
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