Acordei com os olhos ainda pesados, a cabeça cheia de imagens que eu não deveria ter deixado entrar. Enzo Moretti. Os olhos dele. A boca dele. As mãos dele me prendendo naquela parede suja do beco como se o mundo fosse nosso por um segundo.
Mas não era.
Levantei da cama me obrigando a deixar a noite passada onde ela devia ficar: no esquecimento. Coloquei minha roupa mais neutra, prendi o cabelo num coque rápido e encarei meu reflexo no espelho.
💭"Hoje você é uma funcionária, não uma mulher impressionada com um cafajeste perigoso."
Desci pra tomar café com meu pai. Ele já tava sentado à mesa, lendo o jornal como se fosse o presidente do mundo.
— Dormiu bem, filha?
— ele perguntou sem tirar os olhos das manchetes.
Camila- Dormi.
— Menti.
Camila- E o senhor?
— Sempre.
— Ele deu um gole no café.
— Hoje você vai conhecer mais setores da empresa. Presta atenção. E lembre-se: Enzo Moretti é só seu chefe. Nada de conversinhas fora do trabalho.
Quase engasguei. Como ele sabia? Balancei a cabeça e terminei o café em silêncio. Tudo bem. Hoje eu ia fingir que nada aconteceu.
Na chegada da Moretti Holdings, seguranças nos cumprimentavam com cabeças baixas. O hall gigante brilhava. Eu andava como se tivesse gelo na espinha, tentando esquecer o gosto daquele beijo.
Quando vi Enzo no elevador, me virei e entrei no outro. Pose de superioridade. O problema é que quando as portas se abriram no andar executivo, ele tá lá. Parado. Me esperando. Sorriso cafajeste nos lábios.
— Bom dia, doutora Camila. Dormiu bem?
A voz dele era baixa, grave, com aquela malícia embutida. Respirei fundo.
Camila- Perfeitamente. E você? Ainda lembrando do que não aconteceu?
Ele riu de leve, um som quase sensual.
— Quem disse que eu esqueci?
Fingi indiferença, mas por dentro meu corpo ardia. Entrei na sala de reunião e tentei me concentrar. Vários executivos falando sobre expansão, gráficos, contratos. E eu lá, sentindo o olhar dele queimando minha pele.
Durante o expediente, ele começou o jogo.
Recebi um bilhete:
"Preciso de você no setor 11. Agora. — E."
Fui. Quando cheguei, era uma sala vazia.
Ele encostou na porta e disse:
— Só queria ver se você vinha. Gosto de funcionárias obedientes.
Me aproximei, firme:
Camila- Gosta de se sentir no controle, né?
— Sempre. Mas você... é diferente.
Dei um passo pra trás. Ele não insistiu. Deixou no ar.
No fim do expediente, passei por ele no corredor.
— Boa noite, Camila.
Camila- Boa noite... senhor Moretti.
A última palavra saiu com veneno. Ele sorriu de novo. Desgraçado.
Voltei pra casa de salto alto e pensamentos baixos. Tranquei a porta do quarto, me joguei na cama e... não aguentei. A mente traiu. Imaginei ele de novo. O corpo dele contra o meu. As mãos firmes. A voz rouca dizendo coisas no meu ouvido. A boca dele passeando pelo meu pescoço.
Me toquei com raiva, com desejo, com necessidade.
Gemidos baixos escaparam dos meus lábios enquanto a cena na minha cabeça virava um filme proibido.
No auge do prazer, sussurrei o nome dele sem querer. Enzo. Droga.
Terminei arfando, o corpo trêmulo, e o coração acelerado. Rolei de lado e murmurei:
Camila- Preciso manter distância... antes que ele descubra o quanto eu já me entreguei sem sequer tirar minha roupa.
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Atualizado até capítulo 37
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