É Amor? Peter
Por duas semanas estou trabalhando como 'au pair' para uma família estranha: os Bartholy. Eu digo estranha porque, além de sua mansão, que parece um cenário perfeito para um filme de terror, eles são... particulares. Primeiro, o Nicolae, o irmão mais velho, que cuida de seus irmãos durante a ausência do pai deles. Parece que ele veio diretamente de outro período no tempo. Sua forma galanteadora, seus costumes e seu modo de falar não tem nada haver com gente hoje... Depois, tem o Drogo, o irmão mais novo. Uma bomba relógio...
Ele é o tipo que aparece do nada disparando comentários desagradáveis e depois desaparece imediatamente. Ele é tão irritante, orgulhoso e totalmente imprevisível quanto a irmã mais nova Lorie, a garotinha que eu cuido. Eu suspeito que essa garota está fazendo tudo o que pode para me fazer ir embora... Quem sabe, talvez todas as babás acabaram no manicômio?
E então tem o criador da melodia inebriante que muitas vezes invade os corredores da mansão. O doce e melancólico Peter... Suspiro e fecho meus olhos para apreciar a melodia. O Peter não sai dos meus pensamentos. Desde que me mudei para os Bartholy, só penso nele.
Com seus lindos cabelos pretos com tons azulados, seu rosto com características harmoniosa e belos olhos cor de esmeralda... Não me deixam indiferente. Longe disso. Um verdadeiro OVNI nesta família, ele sempre parece estar acima de tudo. Como se as coisas do nosso mundo não o interessasse. Como se ele tivesse vindo de outro tempo também. De outro planeta...
Por enquanto, nunca ousei falar com ele... Eu provavelmente deveria engolir o meu medo e bater na porta dele. Eu me levanto da minha cama, determinada a falar com meu belo pianista, quando uma pequena fúria entra no meu quarto.
Lorie: As crianças na escola são todas estúpidas!
Ela se esparrama na minha cama, parecendo uma estrela do mar.
Mellanny: Eles foram desagradáveis com você?
A Lorie olha para mim. Ela parece estar se perguntando se ela vai me responder ou não. Um sorriso tenso no meu rosto, eu mentalmente recito um mantra para tentar ficar zen.
Lorie: Tem esse menino que me irrita... Ele fica rindo de mim!
Com um sorriso compreensivo, eu digo à ela:
Mellanny: Você sabia que quando os meninos tiram sarro de você, às vezes é porque eles gostam de você!?
Ela olha para mim por um momento, com os olhos arregalados e corando. Ela rapidamente retoma seu beicinho irritado.
Lorie: Você está falando bobagem! O que você sabe sobre isso? Você nem tem namorado.
"Touché!"
Com uma vida mais que tumultuada, na verdade não tive tempo de considerar isso... Mas eu não estou desesperada!
Mellanny: Você quer brincar?
Poderia ser uma boa maneira de parar de ficar pensando e levá-la de volta ao quarto dela. Ela suspira como se o que eu propus à irritasse profundamente.
Lorie: Não. Venha.
As vezes eu sinto que estou trabalhando para uma ditadora de saia. A Lorie tem apenas seis anos de idade, mas tem a confiança de uma mulher adulta. Ela me faz ir para o seu quarto e vamos diretamente para seu closet dos sonhos...
Lorie: Eu tenho que me arrumar para o baile da Sra. Afiada e do Sr. Sem Cabeça, eu preciso de um belo vestido...
Mellanny: Eu pensei que o Sr. Sem Cabeça tinha cortado a garganta da Sra. Afiada...
Lorie: Oh... eles fizeram as pazes de novo!
É claro que haveriam menos divórcios se todos nós tivéssemos de viver no mundo da Lorie... Então, aqui estou eu acenando com a cabeça em aprovação de sua escolha de vestido enquanto rezo pra ela se cansar dessa brincadeira. Depois de uma hora ela me diz que já cansou e me pede para deixá-la sozinha.
"Aleluia!!!"
Quando estou voltando para o meu quarto, percebo que há outra pessoa no corredor. É o Drogo. Como sempre que eu o encontro, cerro meus punhos e meu maxilar.
Drogo: Fica calma, pequenina. Ordenaram que me comportasse.
Ele me dá um olhar de gozação. Ele se aproxima tão graciosamente que poderiam pensar que ele está flutuando acima do solo.
Drogo: Talvez eu coma você mais tarde quando o Santo Nicolae não estiver no meu pé...
Eu fico estupefata: o que eu poderia pensar? Ele desaparece despreocupadamente pelo corredor. Eles são realmente estranhos nessa família! Um pouco abalada, vou para o meu quarto. Já passei por dificuldades suficiente na minha vida para não me deixar abalar por esses
♦♦♦
O tempo passa e a noite cai. A mansão fica silenciosa e escura. Da minha janela, mal consigo ver a rua abaixo. Por um momento me perco em meus pensamentos quando, de repente, ouço o som, doce e melodioso, ecoando minha melancolia noturna. O Peter ainda está tocando... Senhor, ele é tão cativante quanto a música que toca em seu piano! Agora já chega! Eu tenho fantasiado com ele por dias! Eu tenho que dar um jeito de ir falar com ele.
Me sentindo nervosa, abro a porta do meu quarto para ver de qual quarto vem o som. Eu meio que gostaria de bater na porta do Drogo por engano... A melodia vem de um dos quartos um pouco mais pro fim do corredor. A porta do quarto está entreaberta, e vejo uma luz fraca.
Silenciosamente, me aproximo, como se eu estivesse hipnotizada. Nunca ouvi música tão triste é tão bonita. É como se cada nota se envolvesse em meu coração, gentilmente, quase com ternura. Adoro música clássica, são notas sóbrias e evocativa. Essa música é eterna. Sem fazer nenhum barulho, eu olho para dentro do quarto. Esta pouco iluminado.
Vejo uma grande estante para livros e alguns cartazes espalhados aqui e ali nas paredes. Mas meus olhos ficam imediatamente atraídos pelo piano na parte de trás do quarto e pelo homem que está tocando. Suas costas são grandes, sua cintura é delgada e bem definida. Só consigo ver seus cabelos desgrenhados e pretos, roçando o seu pescoço.
Bom, é agora ou nunca! Sua maneira de me olhar de vez em quando, quando ele acha que eu não estou vendo me faz querer me aproximar dele. Fico por um momento observando-o tocar, cativada pela música, melancólica e delicada. A cabeça dele muda ao ritmo das notas como se o mundo exterior já não existisse. Somente ele e a dor dele, que ele expressa ao tocar os dedos nas teclas do piano. Na verdade, eu deveria sair daqui! Não é o momento para conversarmos para nos conhecer. Então eu lentamente saio.
"Covarde!"
O chão range abaixo dos meus pés.
"Droga!"
Eu quase não tenho tempo para olhar antes que ele apareça de pé na minha frente. Eu engulo.
"Ai caramba!"
Ele é magnífico. Seu cabelo preto desgrenhado enquadra um rosto angelical com características finas. Mesmo na luz fraca, posso ver que seus olhos são um verde brilhante, encantador. Droga! Ele é tão bonito quanto sua música...
Peter: O que você está fazendo aqui? Você não deveria estar aqui.
Sua voz é suave, quase doce. Eu dificilmente ouvi uma voz tão bonita, tão particular.
"Ele deveria usá-la com mais frequência!"
Sinto meu rosto corar.
Mellanny: Desculpe incomodá-lo, ouvi uma música, então eu vim ver...
Ele me olha intensamente e parece me avaliar. Ok, essa é a maneira dele me conhecer... Por que não, sou uma garota de mente aberta.
Mellanny: Você toca muito bem.
Eu nunca ouvi uma música tão sofisticada, e ao mesmo tempo tão tocante. Ele ignora minha observação.
Peter: Eu costumo tocar o piano tarde da noite, fecharei a porta da próxima vez, por favor não volte.
Ele está obviamente tentando colocar alguma distância entre nós, mas isso não me afeta. Eu realmente quero saber mais sobre ele, descobrir o que se esconde por trás desses belos olhos verdes. Mas ele não parece querer revelar. Sua maneira de me responder com tanta frieza me perturba, mas eu acho como se nada tivesse acontecido.
Mellanny: Você compôs essa música?
Ele parece surpreso com a minha pergunta.
Peter: Sim.
Ele desperta minha curiosidade, mas ele ainda não parece disposto a falar comigo. Eu insisto porque seus dedos percorrendo o piano realmente me fascinam.
Mellanny: Você é um músico profissional?
Ele parece perdido em pensamentos, como se as memórias estivessem passando por sua cabeça. Seus olhos verdes ficam enevoados de tristeza.
Peter: Não mais.
Não mais? Como um jovem pode falar assim? Ele está prestes a fechar a porta.
Mellanny: Eu realmente gosto de te ouvir tocar.
Ele olha para mim me observando, com um olhar estranho. Sem mais uma palavra, ele fecha a porta na minha cara. Eu percebo que eu estava segurando a respiração. Podendo recuperar o fôlego agora. Isso é o que se chama de um bate-papo relâmpago! Me apoio contra a porta e falo em voz baixa.
Mellanny: Eu não me importaria com uma conversa mais calorosa.
Não sei se ele me ouviu. Volto ao meu quarto pensando em sua personalidade estranha. Notei um brilho de melancolia nos seus olhos que me tocou profundamente. É essa música no piano! Quero saber mais sobre ele. Ele não parece muito acessível, mas tenho certeza de que conseguirei tirá-lo de sua concha! Eu não acho que eu deveria apressar as coisas, provavelmente levará algum tempo antes de eu conseguir domá-lo.
Continua...
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Atualizado até capítulo 25
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