Tudo que Dói em Silêncio
O relógio marcava 06:25 da manhã quando Thiago chegou à sala de reuniões vazia, conforme o combinado.
O hospital ainda despertava aos poucos. Havia silêncio nos corredores, um vazio estranho que se espalhava até dentro dele. O cheiro de café fraco e álcool ainda impregnava o ar, misturado ao frio cortante do ar-condicionado.
Thiago ajeitou o jaleco e tentou disfarçar o tremor nas mãos. Dominic estava a caminho.
Ele não sabia o que esperar. Parte de si queria acreditar que seria algo profissional. Outro pedaço — aquele ingênuo, machucado e esperançoso — queria acreditar que Dominic talvez… talvez tivesse notado algo. Talvez fosse diferente.
Mas quando a porta se abriu, e Dominic entrou com sua postura impecável, a expressão fria e a prancheta em mãos, Thiago soube que não era.
Não seria diferente.
— Pontual. Pelo menos isso. — A voz de Dominic soou cortante.
Thiago engoliu seco e apenas assentiu.
Dominic se aproximou, cruzou os braços e o encarou por longos segundos. Como se estivesse avaliando uma peça defeituosa.
— Vamos direto ao ponto. — Dominic falou. — Por que você está aqui, Thiago? Neste hospital? O que você quer de verdade?
Thiago franziu o cenho, surpreso.
— Como assim?
— Você sabe muito bem o que quero dizer. Desde que chegou aqui, age como um cordeirinho indefeso, querendo agradar todo mundo, sorrindo demais, tentando chamar atenção. É irritante. Não é assim que se trabalha num hospital. Isso aqui é sério.
As palavras cortavam como facas.
— Eu… eu só tento ajudar — Thiago disse, a voz falhando. — Eu amo o que faço. E nunca quis chamar atenção.
— Então por que você vive se jogando onde não foi chamado? — Dominic se aproximou um passo. — Você atrapalha. Tira o foco. E me faz perder tempo. Sabe quantas pessoas já me perguntaram se você tem algum tipo de proteção dentro do hospital?
Thiago sentiu o chão sumir sob seus pés.
— Eu não pedi nada pra ninguém. Eu trabalho duro…
— Você é o típico filhinho mimado tentando provar que não é inútil. — Dominic disparou, frio. — Mas aqui dentro, sobrenome não te protege. Aqui, ou você é útil, ou está fora.
A respiração de Thiago ficou pesada. O peito ardia. A garganta travava.
— Você nem sabe quem eu sou — ele disse, com dificuldade. — Nunca se deu ao trabalho.
Dominic estreitou os olhos.
— Eu não preciso saber sua história pra ver quem você é agora. Um menino inseguro, carente, tentando achar sentido onde não tem. Tentando se encaixar onde claramente não pertence.
As palavras atingiram Thiago como murros no estômago.
Um nó subiu pela garganta. Ele piscou rápido, tentando conter as lágrimas, mas a dor era maior do que o orgulho.
Dominic virou-se, indiferente.
— Encare isso como um conselho. Se quiser continuar aqui, se esconda menos. E cresça. Porque do jeito que está… você não vai aguentar.
E sem dar tempo para resposta, saiu, deixando a porta aberta atrás de si.
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Minutos depois, Thiago ainda estava ali. Parado. Vazio.
As lágrimas finalmente caíram, silenciosas, enquanto ele apoiava as mãos sobre a mesa fria.
Aquela não era só mais uma humilhação. Era a confirmação de tudo o que ele sempre temeu ser.
Um erro. Um incômodo. Um fardo.
Saiu da sala em silêncio, evitando todos os olhares. Pegou suas coisas e sumiu pelo corredor de trás. Ninguém o viu sair. Nem mesmo Theo.
Chegou em casa e trancou a porta.
Jogou o celular no sofá, tirou o jaleco com raiva e o jogou no chão.
Entrou no banheiro, ligou o chuveiro e ficou ali, vestido, com a água fria batendo no corpo, como se isso pudesse apagar o que sentia. Como se pudesse silenciar o grito que ecoava dentro do peito.
Ele estava quebrando. Em pedaços.
E pela primeira vez em muito tempo, Thiago pensou em desaparecer de verdade.
Porque talvez, só talvez… se ele sumisse, ninguém sentiria falta.
Nem mesmo Dominic.
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Atualizado até capítulo 47
Comments
Tuvyzinha♡♡♡
Tadinho do bichinho, me magoei por ele /Cry//Cry//Cry//Cry/
2025-06-09
1
Elenilda Soares
porra dominic tú um idiota total
2025-06-11
0