para onde vamos

Olhei para o lado esquerdo e vi Isadora. Ela parecia ainda mais assustada do que eu.

Mas, de alguma forma, aquilo me deu um certo alívio — saber que ela também estava ali, passando por aquilo ao meu lado.

A prova era difícil.

Muitas questões de Química, Física e Anatomia. Meu Deus…

Fechei os olhos por um instante e agradeci mentalmente à Dona Maria.

Ela foi — e ainda é — uma das pessoas que mais me ajudaram na vida.

Se não fosse por ela, hoje eu seria uma analfabeta.

Tenho que passar nessa prova. Não só porque é o meu sonho.

Mas porque eu preciso retribuir tudo.

Quero poder ajudar Dona Maria, os pais da Isadora, o Seu José… todos que acreditaram em mim quando nem eu acreditava.

Olhei ao redor da sala. Estava quase vazia agora.

Só restavam mais sete pessoas, todas espalhadas, distantes umas das outras.

Depois de 1 hora e 46 minutos, terminei.

Assinei meu nome no gabarito, respirei fundo e entreguei a prova.

Ao sair, encontrei Isadora do lado de fora, roendo as unhas de nervoso.

— E aí? — ela perguntou, os olhos arregalados.

— Acho que fui bem… eu acho — respondi, sem muita certeza, soltando um suspiro longo.

— Vamos, Isadora. Temos muito a fazer no jornal. Já são quase nove horas...

Mas ela balançou a cabeça, com aquele sorrisinho misterioso que só ela tem.

— Nada disso — disse.

Virei para ela, confusa.

— Como assim, "nada disso"?

— Pra onde vamos?

Ela sorriu mais ainda…

E então disse algo que me fez gelar por dentro.

De repente, ela me puxou pelo braço, me fazendo praticamente correr para fora da faculdade.

— Isadora, o que você está aprontando dessa vez? — perguntei, ofegante.

Ela me lançou aquele sorrisinho travesso e respondeu, como se fosse a coisa mais simples do mundo:

— Nada de mais... Hoje sua vida vai mudar.

Um vento frio soprou naquele instante, e eu senti algo estranho passar por mim.

Não sei explicar. Não era medo. Mas também não era só o vento.

Era como se... algo invisível estivesse à espreita.

Atravessamos a rua, e logo vi um ponto de táxi.

Achei tudo aquilo muito estranho, mas segui.

Pegamos um carro. O motorista era calado, simpático.

Até o preço estava bom, o que por si só já era suspeito.

O táxi atravessou praticamente a cidade.

Pelas janelas, observei os prédios altos, espelhados, luxuosos.

Tão grandes, tão fora da minha realidade.

Era um mundo que eu só conhecia pelas capas de revista que sobravam no jornal.

Comecei a suar, me sentindo uma estranha naquele universo.

Mas antes que pudesse mergulhar completamente na insegurança, ouvi a voz de Isadora:

— Acorda, Isainny. Chegamos.

Pisquei. Voltei. Olhei para o lado, sem entender nada.

Descemos do carro. Isadora imediatamente ajeitou a própria roupa, conferiu a maquiagem e o cabelo.

Depois, se virou para mim e começou a fazer o mesmo — como uma irmã mais velha antes de uma cerimônia importante.

— Isadora, pra que tudo isso? — perguntei, o coração martelando no peito.

Ela me olhou com doçura e disse:

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Its_PurpleColor

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Me vi nessa história!

2025-06-05

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