Meu corpo inteiro responde antes mesmo da minha mente processar. Cada célula, cada nervo, cada centímetro da minha pele está consciente da proximidade dela.
O toque dela permanece no meu ombro, leve, mas com um peso absurdo. É como se ela tivesse depositado ali toda a sua presença, sua autoridade... seu poder.
— Você sente isso, Lia? — Sua voz roça meu ouvido, baixa, rouca, carregada de uma confiança que me faz perder o fôlego. — Essa... tensão?
Sinto. Deus, como sinto. É impossível negar.
Meu corpo inteiro parece em combustão. É assustador... e, ao mesmo tempo, viciante.
— E-eu... — Tento responder, mas minha voz mal sai.
Ela sorri contra minha pele. Sinto, porque sua respiração quente acaricia meu pescoço, fazendo meu corpo inteiro se contrair.
— Hm... — Seu tom é quase de quem saboreia cada uma das minhas reações. — Tão receptiva... tão fácil de ler.
Suas mãos, então, deslizam dos meus ombros, devagar, até os braços. É um toque suave, cuidadoso, mas que me queima como se fosse fogo.
— Sabe, Lia... — Sua voz fica ainda mais baixa, como um segredo. — Eu aprendi... que algumas pessoas nascem para liderar. E outras... nascem para... se render.
Meu coração ameaça sair do peito. Meus olhos se fecham, e eu prendo a respiração, sentindo meu corpo inteiro reagir a cada palavra, a cada sílaba que escapa de seus lábios.
— E você... — Seus dedos apertam levemente meu braço, quase possessivos. — Eu ainda não decidi onde exatamente você se encaixa.
Me viro de repente, como se meu corpo tivesse se rebelado contra a ordem do cérebro de "fique parada".
Nossos rostos estão tão próximos que minha respiração se mistura com a dela. Seus olhos... Deus... seus olhos estão ainda mais intensos, mais escuros. Há uma promessa neles. Algo que me assusta... e me atrai na mesma medida.
— Eu não... — Tento soar firme. Tento. — Eu não sou alguém fácil de controlar.
Por um segundo, o silêncio se instala. E então... ela ri.
Baixo. Rouco. Perigoso.
— Eu nunca disse que seria fácil. — Seus olhos descem discretamente até minha boca, e voltam para os meus. — Mas te olhar... reagir assim... — Ela inclina ligeiramente a cabeça. — Faz tudo valer a pena.
Sinto que estou à beira de um precipício. Um que não tem volta.
— Eu... — Minha voz some. E, sinceramente, não sei mais o que dizer. Tudo que sei é que meu corpo inteiro deseja algo que minha mente ainda não teve coragem de admitir.
Ela então recua um passo. Suas mãos deixam meus braços, mas seu olhar permanece tão firme, tão presente, que é como se ela ainda me tocasse.
Ajeita os punhos da camisa, olha para mim com aquela expressão controlada, fria, profissional... mas os olhos... os olhos não mentem.
— Bem... — Sua voz volta a ser mais formal. — Acho que... podemos encerrar por aqui, não acha?
Pisco, atordoada.
— E-eu... a entrevista?
Ela sorri, inclinando levemente o queixo.
— Podemos... marcar uma próxima. — Seus olhos brilham. — Se você... tiver coragem de voltar.
Ela então se vira, caminhando de volta até sua mesa. O som dos saltos ecoa no chão, marcando cada passo como uma sentença.
Me levanto, meio sem saber como. Meus joelhos parecem de gelatina, minhas mãos tremem, e meu coração simplesmente não desacelera.
Ela me observa, agora sentada, com aquela postura impecável.
— Meu assistente vai te enviar um e-mail... com minha disponibilidade. — Seus lábios se curvam, devagar. — A não ser... que você desista.
Sustento seu olhar. Deus... eu deveria fugir. Deveria agradecer, sair correndo, nunca mais olhar pra trás. Mas, estranhamente... uma parte de mim não quer. Uma parte de mim quer mais.
— Eu... — Respiro fundo, apertando a pasta contra o peito. — Eu volto.
O sorriso dela se alarga. Não um sorriso qualquer. É o sorriso de quem acaba de ganhar um jogo que eu nem percebi que estava jogando.
— Ótimo. — Sua voz é pura satisfação. — Estarei esperando, Lia.
Me viro, caminhando em direção à porta, mas sinto seus olhos nas minhas costas até o último segundo, como se me marcassem, como se... me reivindicassem.
E, quando a porta se fecha atrás de mim, percebo que, de alguma forma, algo dentro de mim já não é mais o mesmo.
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Atualizado até capítulo 33
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