O Chefe do Tráfico e a Feia Do Morro
Na comunidade do morro do falcão, todo mundo conhecia Jade. Mas ninguém a notava.
Com cabelos sempre presos num coque torto, óculos riscados e uma pele marcada pelas espinhas da adolescência que insistiam em ficar, Jade era o tipo de garota que passava despercebida até no beco mais estreito da favela. Ouviu desde pequena que era "feia", "desajeitada", "sem sal". E com o tempo acreditou.
Enquanto as outras meninas desfilavam no baile funk com roupas justas e sorrisos afiados, Jade preferia ficar na laje de casa, ouvindo música antiga e rabiscando num caderno de capa dura seus sonhos abafados. Era filha de dona Cida, que vendia quentinha na rua principal, e nunca teve pai presente. Só o silêncio da ausência.
Mas o destino dela começou a mudar numa sexta-feira quente, quando um tiro estourou o baile e todos correram em pânico. No meio da correria, Jade tentou ajudar uma criança caída no chão, sem ver que a mira de um rival apontava para o homem mais temido do morro: Davi Rocha, conhecido como "Nero", o chefe do tráfico local.
Foi nesse instante que os olhos de Nero cruzaram com os de Jade. Ele não viu beleza - pelo menos viu coragem.
E isso era raro.
Nero tinha o poder de mandar calar a favela com um estalo de dedos. Alto, com o corpo
marcado por cicatrizes de guerras que ninguém ousava mencionar, exalava uma mistura de perigo e magnetismo que deixava todas as mulheres à disposição - menos Jade, que desviou o olhar como se ele fosse qualquer um.
Aquilo o incomodou
E o que incomodava Nero, ele fazia questão de possuir.
Na semana seguinte, Jade começou a notar a presença constante de uma moto parada em frente da casa dela. Presentes estranhos deixados na porta: chocolates caros, um perfume francês, um celular novo.
Dona Cida, assustada, mandou jogar tudo fora. Mas Jade hesitou.
Porque, no fundo, ela queria ser notada.
Queria, só por uma vez, que alguém a olhasse como mulher. Que não risse do seu rosto, da sua roupa larga, do seu jeito calado.
E Nero, o homem que ninguém ousava contrariar, estava ali. Querendo a "feia do morro".
Mas o que começou como uma obsessão silenciosa, logo virou um jogo perigoso de ciúmes, manipulação e posse. E Jade, desacostumada a ser vista, acabou se perdendo nos olhos do lobo.
Mal sabia ela que o maior perigo não vinha das balas perdidas.
Mas sim do coração que, pela primeira vez, queria ser amado - e talvez, fosse destruído no processo.
Jade não fazia ideia de quem lhe mandava aqueles presente tão caros. Afinal quem olharia para uma garota feia, com oculos riscados e com o rosto cheio de espinha que a adolescência trouxe para ela?
Ela não era como as outras garotas da sua idade, ela era feia e esquisita.
Quado ela estudava os outros estudantes faziam bullying com ela chamava ela de quatro olhos por ela usar óculos. Ela nunca quis mudar nada nela pois achava que mesmo ela mudando alguma coisa iria continuar a mesma menina feia e esquisita.
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Atualizado até capítulo 81
Comments
Hello Ayla 😉
já me deu um medo e uma desconfiança do que vai acontecer com essa última frase!
2025-06-26
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