O silêncio do quarto parecia explodir a cada segundo. Kelly cruzou os braços, encarando Felipe como se ele fosse seu maior inimigo… ou sua maior tentação.
Ele se afastou da porta, caminhando em direção à cama, tirou o paletó com toda calma do mundo, jogou na poltrona, depois desabotoou os primeiros botões da camisa, revelando um pedaço daquele peitoral forte, definido… maldito.
Kelly engoliu seco, odiando cada célula do seu corpo que reagiu.
— “Se acha que eu vou dividir essa cama com você, pode ir se preparando pra dormir no sofá.” — disparou, desafiando.
Felipe arqueou uma sobrancelha, caminhou até ela com passos lentos, predatórios, parando a centímetros de distância. Seu cheiro amadeirado e quente invadiu os sentidos dela, deixando tudo mais confuso.
— “Ah, esposa… você ainda não entendeu, né?” — sua voz desceu mais grave, rouca. — “Aqui… quem dita as regras, sou eu.”
Ele segurou o queixo dela, obrigando-a a olhar nos olhos dele. O choque dos olhares era elétrico, insano, perigoso.
— “Solta.” — ela tentou, mas sua voz saiu mais fraca do que gostaria.
— “Você gosta de fingir que não sente, né? Que não tá tremendo agora… que não tá com vontade de saber até onde eu posso ir.” — a mão dele deslizou até a nuca dela, os dedos fortes segurando seus cabelos. — “Quer testar, Kelly?” — sussurrou contra os lábios dela, sem encostar.
O coração dela martelava. O corpo inteiro acendia de um jeito que ela odiava admitir. Mas não, não ia ceder… não ia ser mais uma a cair nos braços dele tão fácil.
Ela empurrou ele no peito. — “Nem nos seus sonhos, Felipe.” — girou nos calcanhares, indo em direção ao closet.
Ele riu, aquela risada baixa, rouca, cheia de deboche e perigo. — “Pode correr, esposa. Mas você já é minha. No papel, no nome… e logo, no corpo também. É só questão de tempo.” — disparou, tirando o relógio e abrindo mais botões da camisa.
Kelly fechou a porta do closet, respirando fundo, segurando as mãos no peito. — “Droga… o que é isso?!” — murmurou pra si mesma, porque seus próprios pensamentos estavam te traindo.
Quando voltou pro quarto, ele já estava deitado, uma mão atrás da cabeça, a outra segurando o celular. Só de cueca. Só.
Ela quase tropeçou nos próprios pés.
— “Tá achando que vai dormir assim?!” — disparou, se segurando pra não gritar.
Ele ergueu os olhos lentamente. — “Por quê? Tá com medo de não resistir, esposa?” — abriu aquele sorriso torto, que ela odiava… odiava porque… fazia o coração dela acelerar.
— “Vai dormir no sofá.” — ela cruzou os braços.
— “Nem nos seus melhores sonhos.” — respondeu, batendo com a mão no colchão. — “Quer queira, quer não… você vai dormir aqui. E, Kelly, se encostar em mim… não me responsabilizo.” — piscou, debochado.
Ela bufou, pegou um travesseiro, jogou no meio da cama. — “Linha divisória. Passou, perde os dentes.”
Ele riu. — “Você é fogo, esposa… e eu adoro brincar com fogo.”
Ambos deitaram, costas coladas, mas cada segundo era um tormento. O cheiro dele, a respiração dele, a presença… tudo acendia nela um desejo que ela se recusava a aceitar.
E no silêncio da madrugada, bastou um movimento em falso… uma perna tocando na outra, um braço roçando… e o jogo de provocações estava prestes a explodir.
Porque quando é guerra e desejo… não existe linha divisória capaz de segurar.
O relógio marcava quase duas da manhã. O silêncio no quarto só era quebrado pela respiração descompassada de dois teimosos… dois idiotas que se recusavam a admitir que aquele jogo de guerra estava começando a esquentar mais do que deveriam.
Felipe mexeu-se, ajeitando o travesseiro, e, sem querer — ou talvez querendo — sua perna encostou na de Kelly.
Ela pulou como se tivesse levado um choque. — “Dá pra ficar na sua?!” — resmungou, empurrando a perna dele.
Ele virou o rosto na direção dela, sorrindo de canto. — “Você que invadiu meu espaço.”
— “Eu? Você que não sabe dormir direito!” — respondeu, bufando.
Felipe então se virou completamente, ficando de lado, apoiando a cabeça na mão, observando-a no escuro. — “Quer saber, Kelly? Esse joguinho já tá ficando cansativo.”
Ela apertou mais o travesseiro, fingindo ignorar. — “Problema seu.”
Ele deslizou a mão lentamente, segurou o travesseiro que ela usava de barreira e puxou de uma vez, jogando pro chão.
— “Felipe!” — ela se virou, pronta pra xingar, mas ele já estava em cima. Suas mãos seguraram os pulsos dela, imobilizando-a no colchão. O rosto dele tão perto, que ela conseguia sentir a respiração quente contra sua boca.
— “Você provoca, Kelly… cutuca, desafia… acha mesmo que eu não percebo que tá se segurando?” — a voz dele era rouca, mais grave, carregada de desejo e desafio.
— “Solta.” — tentou, mas sua voz saiu fraca, quase suplicante.
— “Quer mesmo que eu solte?” — os olhos dele queimavam nos dela.
Kelly odiava aquilo. Odiava a forma como o corpo inteiro reagia, como o coração parecia querer pular pra fora do peito. Ela tentou se debater, mas ele segurou firme, colando seus quadris aos dela.
— “Cuidado, esposa…” — sua boca roçou de leve no queixo dela, descendo até a linha do maxilar. — “Provocar um homem como eu… tem consequências.”
Ela mordeu o lábio, apertando os olhos, lutando contra ela mesma. — “E se eu disser que não tenho medo?” — respondeu, arfando.
Ele sorriu, aquele sorriso que misturava perigo, desejo e domínio. — “Então você é mais corajosa do que imaginei...”
Sem aviso, ele colou seus lábios nos dela. Um beijo bruto, intenso, cheio de tudo que eles estavam tentando esconder. Era raiva, desejo, desafio… uma mistura perigosa.
Kelly retribuiu, puxando ele pela nuca, arranhando suas costas, como se quisesse descontar toda a tensão acumulada. O corpo de Felipe colava no dela, pressionando, dominando… e ela, pela primeira vez, percebeu que estava cedendo.
Os lábios se separaram, mas ficaram ali, encostados, respirando o mesmo ar, ofegantes.
— “Se continuar, eu não vou conseguir parar, Kelly…” — ele avisou, apertando mais a cintura dela. — “E não vou pegar leve.”
Ela mordeu o lábio, encarando-o. — “Quem disse que eu quero que você pegue leve?” — desafiou, puxando ele de volta pro beijo.
E quando as bocas se encontraram novamente, não havia mais guerra. Só desejo.
Um desejo que queimava, que consumia, que fazia qualquer regra ser esquecida… porque quando dois corações teimosos param de lutar, eles descobrem que juntos são pura combustão.
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Atualizado até capítulo 40
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