A Lâmina na Escuridão

A clareira parecia encolher sob o peso da ameaça, o ar carregado com o cheiro metálico da tensão e o leve aroma de terra úmida que subia do chão. Helena sentiu o empurrão de Damian, seu corpo sendo forçado para trás enquanto ele se colocava entre ela e a figura encapuzada. A lâmina na mão do intruso refletia a luz da lua como um espelho cruel, e o brilho frio parecia pulsar com uma promessa de dor. Seu coração disparou, o som de seu próprio sangue rugindo em seus ouvidos enquanto ela tentava processar o que estava acontecendo.

"Quem é você?" exigiu Damian, sua voz firme, mas com um tremor sutil que denunciava o esforço para manter o controle. Ele ergueu as mãos, não em rendição, mas em um gesto que parecia pronto para reagir. O capuz do intruso ocultava seu rosto nas sombras, mas a voz grave que ecoou era fria como o inverno. "Alguém que sabe o que você está tentando fazer," respondeu o homem, dando um passo à frente, a lâmina apontada diretamente para Damian. "E eu não vou deixar isso acontecer."

Helena recuou até sentir as costas baterem contra o tronco áspero de uma árvore, a casca arranhando sua pele através da blusa rasgada. Seus olhos alternavam entre Damian e o intruso, o pânico subindo como bile em sua garganta. Ela não sabia quem era mais perigoso — o homem com a faca ou o mensageiro que a arrastara para aquela fuga insana. Mas uma coisa era certa: a Valderra Indústrias, o legado de sua família, era o centro daquele caos, e ela era o peão que todos queriam controlar.

Damian não recuou. Ele deu um passo à frente, os ombros tensos, os punhos cerrados. "Se você quer machucá-la, vai ter que passar por mim primeiro," disse ele, e Helena sentiu um arrepio que não tinha nada a ver com o frio da noite. Havia uma ferocidade em sua voz, uma proteção que ela não esperava de um estranho. Mas quem era ele, realmente? E por que parecia tão disposto a arriscar tudo por ela?

O intruso riu, um som seco e desprovido de humor que reverberou pela clareira. "Você não entende o que está em jogo, garoto," disse ele, inclinando a cabeça como se avaliasse Damian. "Ela é a chave para tudo, e você... você é apenas um obstáculo." Ele avançou, a lâmina cortando o ar com um assobio afiado, mas Damian foi mais rápido. Ele se abaixou, girando para o lado, e agarrou o braço do homem, torcendo-o com uma força que fez o intruso grunhir de dor.

Helena ficou paralisada, o coração na garganta, enquanto os dois lutavam. O som de respiração pesada e o estalo de galhos quebrados enchiam o ar, e ela percebeu que precisava fazer algo — fugir, ajudar, qualquer coisa. Mas antes que pudesse se mover, Damian empurrou o intruso contra uma árvore, a faca caindo no chão com um baque surdo. O capuz do homem escorregou, revelando por um breve momento um rosto marcado por uma cicatriz que cruzava sua bochecha — um rosto que ela não conhecia, mas que parecia carregar o peso de anos de violência.

"Corra!" gritou Damian, virando-se para ela, os olhos selvagens com urgência. Ele a agarrou pelo braço novamente, e os dois dispararam pela trilha estreita que ele indicara antes, os pulmões de Helena ardendo enquanto tentava acompanhar. Atrás deles, o intruso se levantou, pegando a faca e gritando algo que ela não conseguiu entender — uma ameaça, uma promessa, ou talvez um nome que ela deveria conhecer.

Eles alcançaram a casa que Damian mencionara, uma cabana de madeira escondida entre os carvalhos, as janelas escuras como olhos fechados. Damian bateu na porta com força, o som ecoando na noite, enquanto Helena tentava recuperar o fôlego. A porta se abriu devagar, revelando um homem mais velho, de barba grisalha e olhos desconfiados, que os encarou por um longo momento antes de falar. "Você trouxe problemas para a minha porta, Damian," disse ele, a voz rouca e carregada de desaprovação. "E quem é essa garota?"