capítulo 04

(Perspectiva de Valentina)

O silêncio dentro do carro era sufocante.

O peito apertava. A respiração curta. E o pior… era o olhar dele.

Matteo segurava o volante com tanta força que os dedos estavam brancos. Maxilar travado, veias saltadas no pescoço, e aquela tensão no ar… aquela tensão que fazia minha pele arrepiar inteira.

Mas o que mais me deixava louca…

Era saber que ele tava escondendo alguma coisa. E não era pouca coisa.

— Matteo... — minha voz saiu baixa, desconfiada. — O que tá acontecendo? Quem era naquela ligação?

Ele não respondeu de imediato.

Só respirou fundo, como se estivesse decidindo se me contava... ou não.

Até que...

— Você confia em mim, Valentina? — perguntou, sem tirar os olhos da estrada.

Travei.

— Isso não é resposta.

Ele apertou mais o volante.

— Porque se você não confiar... é melhor descer agora. Porque depois de saber, não tem mais volta.

Engoli seco.

— Fala logo, Matteo.

Ele estacionou o carro bruscamente em uma rua vazia, desligou o motor e se virou pra mim.

Os olhos dele… estavam diferentes. Mais escuros. Mais frios. Mais perigosos.

— Tá preparada? — perguntou, abaixando a cabeça, olhando nos meus olhos como se pudesse atravessar minha alma.

— Fala de uma vez, Matteo! — explodi, nervosa.

E foi aí que ele largou a bomba.

Sem rodeios. Sem me poupar.

— Eu não sou quem você pensa, Valentina. — sua voz saiu rouca, pesada. — Aquele cara que sua família chama de inútil… aquele cara que finge ser empregado… não existe.

Meu corpo inteiro congelou.

— O... quê?

Ele respirou fundo.

— Meu nome é Matteo De Luca. Herdeiro de uma das maiores organizações... não só empresariais... mas também da máfia italiana. — seus olhos não piscavam, fixos nos meus. — Eu sou o filho que eles tentaram esconder. O que fugiu desse mundo... mas que foi puxado de volta.

Minha boca ficou seca. As mãos começaram a suar.

— Mentira. — sussurrei, balançando a cabeça. — Você tá brincando comigo.

Ele se inclinou, apoiou os braços no banco, tão perto que eu podia sentir sua respiração no meu rosto.

— Parece que agora o inútil não é tão inútil assim, não é, princesa? — sua voz veio baixa, suja, carregada de uma tensão que fazia meu corpo inteiro tremer.

Meu coração disparava, mas não era só de medo. Era de tudo. De raiva. De choque. De desejo. De adrenalina.

— Por que você escondeu isso?! — gritei, batendo no peito dele. — Por quê?!

Ele segurou meus pulsos, me puxando pra perto, até nossos rostos ficarem a centímetros.

— Porque nesse mundo, Valentina... confiar é o maior erro que alguém pode cometer. — seus olhos queimavam nos meus. — E porque eu precisava saber... se você ficaria comigo... sendo só Matteo. E não o herdeiro da máfia.

Minha respiração ficou presa. O corpo inteiro tremendo.

— Você é louco. — sussurrei, sentindo meu corpo inteiro acender de um jeito que eu nunca senti.

Ele sorriu, maldito, aquele sorriso de quem sabe exatamente o efeito que tem sobre mim.

— E você é minha loucura, princesa.

E antes que eu pudesse dizer qualquer coisa...

A boca dele tomou a minha.

Um beijo bruto. Selvagem. Quente.

Carregado de raiva, de desejo, de tudo o que a gente segurou até agora.

As mãos dele apertaram minha cintura, me puxando pro colo dele, e o mundo inteiro sumiu.

Só existia Matteo.

Só existia aquele homem que eu jurei odiar... e que agora eu não sabia se queria matar... ou se queria mais, muito mais dele.

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