Traição da Máfia

Traição da Máfia

01

...CLARA...

“Porra, é assim mesmo, querida”, disse Tommy, meu namorado.

Olhei para ele, de olhos arregalados, pela fresta entre a porta e o batente. Uma loira piranha balançava a cabeça em seu pau, com os olhos vermelhos e as bochechas manchadas com manchas de rímel escorrendo.

Puxei minha bolsa mais para cima, pronta para pegar a arma e atirar nos dois. Papai sempre me mostrou o jeito certo de me livrar das pessoas que nos traíram.

Mas eu não conseguia matar o Tommy ainda.

Saí silenciosamente do apartamento dele e fechei a porta atrás de mim. Quão idiota ele era? Ele estava namorando a filha do chefe e achou que seria uma boa ideia trair. E, qual é, se ele ia trair, pelo menos poderia ter encontrado alguém que pudesse enfiar o pau dele inteiro na garganta daquela putinha linda.

Que idiota do caralho.

O telefone na minha bolsa vibrou. Eu esperava que o nome dele aparecesse junto com uma mensagem sentimental, me dizendo que ele chegaria tarde em casa hoje à noite porque o papai o faria trabalhar até tarde pela décima segunda noite consecutiva.

O nome do papai iluminou minha tela. Revirei os olhos, não querendo lidar com ele depois de descobrir o que realmente eram as noites mal dormidas do Tommy. Mas os negócios vinham em primeiro lugar para todos naquela família.

Depois de correr para o restaurante do papai, Il Giardino del Cancio, em Lower Manhattan, entreguei as chaves do meu BMW ao manobrista. Dois guardas, vestidos com elegantes ternos pretos e óculos escuros, abriram as portas para mim.

Homens de cabelo oleoso e forte sotaque italiano entravam e saíam todos os dias para trabalhar. Até os agentes federais que eram pagos vinham para tomar uma bebida e ter a chance de ficar com uma das prostitutas da família que usavam bolsas Chanel falsificadas e peitos falsos.

Passei pelas duas mulheres no bar que imploravam pela atenção de qualquer homem da família. O primo Tony viria buscá-las mais tarde, naquela noite. Ele tinha uma queda por prostitutas e nunca conseguia ser fiel à esposa.

Ninguém consegue permanecer fiel hoje em dia.

Os homens me olharam enquanto eu caminhava em direção ao fundo do restaurante. Dei um sorriso sedutor. Todos tinham uma quedinha por mim, mas nenhum teve coragem de falar comigo depois do que o Tommy fez com o último cara.

No fundo, o papai comia um prato de penne. Seu sobretudo cinza estava pendurado no encosto da cadeira. Dois guardas estavam atrás dele.

Ao me ver, ele enxugou o rosto com um guardanapo, levantou-se e me abraçou. "Miotesoro!"

Um homem estava sentado à sua frente, com os dedos entrelaçados firmemente sobre a mesa. Seu cabelo era comprido, mas curto nas laterais e levemente cacheado no topo. E eu podia ver algumas tatuagens escuras sob os punhos da camisa.

"Sente-se, tesoro." Papai puxou uma cadeira para mim. "Quero que você conheça alguém." Ele olhou para o homem que tinha uma pequena cicatriz embaixo do olho esquerdo. "Este é o Alessandro."

Ficamos nos encarando. Eu não queria nem falar muito com ele. Tudo o que eu ia fazer com o Tommy passava pela minha cabeça.

"Temos uma remessa chegando amanhã de manhã. Preciso que você esteja lá quando ela for entregue para garantir que tudo corra bem", disse o papai.

Levantei as sobrancelhas. "Eu?"

“Era isso que você queria, não era?”

Assenti e me sentei mais ereta. Durante três anos, implorei para que ele me deixasse entrar no negócio, mas ele se recusou. Achava que era trabalho de homem. Quis perguntar por que ele havia mudado de ideia repentinamente, mas não ousei abrir a boca.

"O Alessandro estará lá com você. Ele costuma fazer esse tipo de trabalho."

Alessandro cerrou o maxilar enquanto me olhava com seus duros olhos cinzentos.

Papai empurrou o prato para o centro da mesa e se levantou. "Ele vai te dar os detalhes. Esteja lá às três da manhã." Ele olhou para Alessandro, que apenas assentiu. "Você está em boas mãos, tesoro."

Ele se inclinou para me dar um beijo na testa. "Não me faça me arrepender disso", sussurrou em meu ouvido.

Fiquei tensa e apertei os lábios.

Papai pegou o paletó no encosto do banco e o pendurou nos ombros. "Vou deixar vocês dois repassarem os planos."

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