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Eu o encaro. Cada segundo que passo perto dele me dá vontade de gritar, e ele quer que eu passe uma semana com ele?

"Como diabos você pretende explicar isso ao Cesare? Ele quer que eu passe o Natal com ele. Ele não me deixa ir."

“Ele está em casa agora?”

"Não, mas não sei onde ele está. Ele pode voltar a qualquer momento."

"Perfeito. Então você pode vir comigo agora mesmo. Pode ficar no meu hotel até a hora de ir."

"O quê?", olho para ele boquiaberta. "Todo mundo vai ficar se perguntando onde eu estou."

"Você é inteligente. Vai inventar alguma coisa. Mas faça sua escolha agora." Ele pega o celular. "Ou eu ligo para o Cesare e conto tudo sobre o seu encontro com o Enzo."

Mordo a parte interna da bochecha. Meu desaparecimento não deixará Cesare feliz, mas preciso ganhar algum tempo. Que droga, se ele perceber que eu sumi, talvez se distraia o suficiente para que Enzo possa executar seu plano.

Posso sempre dizer à minha família que não queria ficar trancada em casa sem motivo e, se Enzo conseguir, posso contar a verdade a Cesare e que não voltarei até que ele pare de agir como um monstro sem coração. Se eu estiver em algum hotel, talvez eu consiga escapar, e aí não terei que ir a lugar nenhum com Salvatore.

A verdade é que eu não deveria estar nem perto do Cesare. Não gosto de ficar trancado, e talvez todos precisemos de um tempo um do outro para realmente pensar no que faremos a seguir.

"Ok, tudo bem. Vamos lá", eu digo.

"Que bom que você fez a escolha certa." Ele guarda o celular no bolso. "Que tal selarmos o acordo com um beijo?" Um sorriso se espalha pelo rosto dele.

"Boa tentativa, mas não." Torço o nariz para ele. "Podemos apertar as mãos."

"Tudo bem. Vamos deixar os beijos para depois." Ele estende a mão para mim. "Você vai precisar de muita prática para ser uma noiva crível."

Dou-lhe um sorriso. "Vai se foder."

Então aperto a mão dele.

"Você também vai ter que melhorar a sua linguagem. Espero que você seja uma futura esposa de máfia de verdade. Agora vamos. Prometo que você vai adorar o seu quarto de hotel."

Suspiro e sigo atrás dele. Talvez eu devesse contar ao Cesare que o melhor amigo dele me sequestrou.

"Não pense em tentar nada nem em desistir do nosso acordo", diz Salvatore, olhando para mim enquanto pega o celular. "Gravei nossa conversa e enviarei para Cesare se for preciso. Prefiro não fazer isso porque odiaria perder meu amigo e aliado, mas a decisão é sua. Qualquer acusação contra mim... e eu não terei escolha."

Aperto os lábios formando uma linha fina. Ótimo.

Agora, como diabos eu vou sobreviver a isso? Acho que salvar pessoas e fazer a coisa certa sempre exige um sacrifício. Mas passar o Natal com Salvatore e sua família enquanto finjo ser sua futura esposa...

Isso será um verdadeiro inferno e um grande teste para meu autocontrole.

...SALVATORE...

Adriana me encara enquanto se senta o mais longe possível de mim no meu jato particular. Dou um sorriso para ela, o que só a faz revirar os olhos azuis antes de focar o olhar na janela.

Estamos a caminho de Bolonha. O voo é curto, mas ainda precisamos de cerca de meia hora para chegar à antiga casa que pertence à minha família há décadas. Meus avós moraram lá até meu avô falecer e minha avó se mudar para a casa da minha mãe.

Como filho mais velho, meu pai deveria ter ficado lá, mas decidiu transferir os negócios da família para Milão, o que acabou sendo uma boa escolha para nós. Àquela altura, seus irmãos já haviam começado suas vidas e negócios em outro lugar, então não tinham a mínima vontade de voltar.

Depois que meu pai morreu, a casa passou a ser oficialmente minha, mas ainda a considero da minha família. Ninguém mais mora lá, mas ainda é o nosso lugar favorito para reunir toda a família em eventos importantes e feriados importantes.

Mantenho o olhar fixo em Adriana. Ela não é como as outras princesas da máfia, e isso a torna muito mais interessante.

Com ela, é difícil prever como ela reagirá. Eu tinha certeza de que ela tentaria escapar, então coloquei muita segurança em volta do quarto de hotel dela. Mas ou ela não tentou nada, ou percebeu que ia falhar.

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