Jogando com o Coração

Os encontros entre Lucas e Isabella se tornaram frequentes. Ele sempre dava um jeito de aparecer nos intervalos, sentar perto dela, puxar conversa — como se fosse algo natural. Aos poucos, ela foi baixando a guarda. Não por ingenuidade, mas por aquela sensação esquisita que a presença dele causava.

Era estranho. Ele fazia piadas, contava histórias, fazia questão de ouvi-la. Parecia... sincero.

Parecia.

— O que você tá fazendo aqui? — perguntou ela, na terça-feira, quando ele a encontrou sozinha na biblioteca, folheando um livro antigo de economia.

— Procurando paz, e talvez... você — ele respondeu, sorrindo com aquele charme despretensioso.

Ela rolou os olhos.

— Lucas, a gente vive em mundos diferentes. Por que você tá insistindo nisso?

— Porque você é a única pessoa aqui que não tenta agradar ninguém. E isso me atrai.

— Isso ou a vontade de ganhar uma aposta? — ela soltou, de forma quase inconsciente.

Lucas congelou por um segundo. Mas logo disfarçou com um riso nervoso.

— Aposta? Que aposta?

Ela ergueu o olhar com firmeza, sem responder. Havia algo naquele silêncio que o deixou desconfortável. Mas Isabella desviou o foco logo em seguida, como se não quisesse aprofundar.

— Esquece. Só tô cansada de gente fingida.

Na verdade, ela não sabia de nada sobre a aposta. Mas a reação dele plantou uma pulga atrás da orelha.

Na aula de Educação Física, na quinta-feira, ele se aproximou de novo. Isabella não gostava da exposição, preferia ficar no banco, com o livro no colo. Mas Lucas não a deixava em paz.

— Topa um desafio? — ele perguntou, com a bola de basquete na mão.

— Se for pra me ridicularizar na quadra, passo.

— Se eu errar o arremesso, te pago um chocolate por dia até o fim do ano.

Ela arqueou a sobrancelha.

— E se acertar?

Ele deu aquele sorriso torto.

— Você me dá um sorriso verdadeiro.

— Tô sorrindo o tempo todo — ela respondeu, irônica.

— Tô falando daquele que você esconde.

Antes que ela pudesse retrucar, ele arremessou. A bola tocou o aro e... errou.

— Droga. — ele fingiu frustração. — Bom, acho que vou ter que começar a pagar.

— Você tá se esforçando demais — ela murmurou, ainda confusa.

— Talvez porque valha a pena — ele respondeu, sério.

Isabella não sabia o que pensar. Era tudo muito estranho. Havia uma sinceridade diferente nos olhos dele, algo que balançava suas convicções. Mas também havia aquele sexto sentido... aquela dúvida que soprava no fundo da mente: por que ele, justo ele, estaria se aproximando assim?

Na saída da escola, ela caminhava sozinha quando ouviu passos atrás de si.

— Espera aí — era ele, de novo. — Te deixo em casa.

Ela parou. O céu estava nublado, e o vento fazia seus cabelos voarem desordenadamente.

— Lucas, a gente não é amigo.

— Ainda não. Mas e se a gente pudesse ser?

Ela ficou em silêncio. Não sabia como responder. Ele então tirou do bolso um bombom.

— Primeiro chocolate. Promessa é promessa.

Ela aceitou, mas sem sorrir.

— Não sei o que você quer de mim, Lucas.

Ele se aproximou, a expressão mais séria do que o habitual.

— Talvez nem eu saiba ainda. Mas... tô descobrindo.

E foi embora, deixando Isabella com o coração disparado. Ela queria acreditar. Mas também queria se proteger.

O que ela não sabia... é que do outro lado, no celular dele, uma nova mensagem tinha acabado de chegar.

Vini:

“E aí? Ela já caiu no seu papo?”

Lucas:

“Ainda não. Mas tá perto. Essa aposta já é minha.”

Ele não sabia — ainda — que quando se joga com o coração de alguém puro, o próprio acaba sendo arrastado junto.

E no caso de Isabella... a queda seria dele.

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Comments

zhouzhou_zz

zhouzhou_zz

Tô roendo as unhas aqui, please atualiza logo! 🤞

2025-05-28

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