A segunda-feira chegou com o peso de sempre. Isabella mal tinha dormido na noite anterior — parte por causa das cobranças da vida, parte por causa de uma festa que ela não foi... mas não saiu da cabeça.
Ela se lembrava bem do convite, feito por Lucas Ferraz na sexta-feira, depois de uma conversa inesperada. Aquilo ainda parecia surreal. Ele, o garoto mais cobiçado e arrogante da escola, havia se aproximado, sentado ao lado dela no refeitório e puxado assunto como se fossem colegas de longa data.
Aquela não era sua realidade. Festas em mansões, bebidas caras, pessoas rindo alto de problemas que nunca conheceriam. Ela pertencia a outro mundo. E mesmo que, por um momento, tenha sentido vontade de ir, algo dentro dela dizia que era melhor ficar onde estava.
Agora, de volta à rotina, ela atravessava o pátio com os fones no ouvido e o olhar atento ao chão, desviando de qualquer confusão. A escola fervilhava com histórias do fim de semana, como sempre.
— Dizem que a festa foi épica! — ouviu uma garota comentar enquanto passava.
— Lucas dançou até no telhado! — disse outra, rindo.
Isabella sorriu de canto. Era estranho, mas... parte dela queria saber se ele tinha notado sua ausência.
No intervalo, sentou-se em seu lugar de costume, no refeitório, e tirou o sanduíche de dentro da bolsa. Estava distraída olhando para o celular velho, quando sentiu uma presença ao seu lado.
— Faltou você sábado — disse uma voz masculina, leve, mas firme.
Ela ergueu os olhos devagar. Era ele. De novo. Lucas Ferraz. O garoto que deveria ser apenas mais um rosto inalcançável nos corredores. Só que ali estava ele, com um sorriso despreocupado e os olhos fixos nela.
— A festa foi um tédio — ele continuou, sentando-se sem pedir permissão. — Sem graça. Todo mundo parecia meio... repetitivo.
— Parece seu tipo de festa — ela respondeu, voltando a morder o sanduíche.
— Pode até ser — ele deu de ombros. — Mas seria melhor se você tivesse ido.
— Eu não ia ter roupa adequada para combinar com os telhados — ela ironizou.
Lucas soltou uma risada baixa.
— Você é mesmo diferente. E eu gosto disso.
Ela parou de mastigar. Aquilo mexia com algo dentro dela, por mais que tentasse resistir. Ele não parecia mais o mesmo garoto distante do início do ano. Estava mais leve, mais... humano. E essa era a parte perigosa.
— Sabe, eu gosto de conversar com você — ele disse, olhando direto em seus olhos.
— Não sei se isso é bom ou ruim — ela respondeu, desviando o olhar.
Lucas apoiou os cotovelos na mesa, se aproximando levemente.
— Me dá uma oportunidade de te mostrar que sou mais que o cara da festa.
Ela sorriu, mas havia dor nos olhos dela. Uma pontada de dúvida. O que ele queria de verdade?
— Uma conversa no intervalo não te dá esse crédito, Lucas.
— Então deixa eu conquistar — ele murmurou.
Ela franziu a testa, desconfiada. Era difícil entender o jogo. Porque, sim, podia ser tudo um jogo... e ela era a peça mais vulnerável.
O sinal tocou. Ela se levantou, guardando os restos do lanche.
— A gente se vê por aí.
E saiu, sem olhar para trás.
Lucas ficou ali, observando cada passo dela. Cada gesto contido. Algo naquela garota o desafiava. Ela era diferente, e não no sentido superficial. Era alguém que fazia com que ele se sentisse... pequeno. E ele não sabia se isso o irritava ou o encantava.
Mas, no fundo, ainda era uma aposta. E ele precisava vencer.
Naquela tarde, Vini mandou mensagem no grupo:
“E aí, Lucas? Tá indo bem com a bolsista?”
E a resposta dele veio rápida:
“Mais do que vocês imaginam.”
Mas o que ele não imaginava...
É que estava começando a se perder no próprio jogo.
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Atualizado até capítulo 27
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