Liang Wei
Eu já vi muitos horrores em campanha.
Homens despedaçados por lâminas, aldeias devastadas por bandidos, generais chorando feito crianças diante da derrota. Já vi o impossível em campo de batalha: lendas se tornarem realidade, presságios se cumprirem. Traições a torto e a direito.
Mas nada... absolutamente nada... me preparou para aquela mulher de cabelos dourados e língua afiada que surgiu no altar sagrado do Templo do Dragão.
No início, achei que fosse uma bruxa.
Ou um truque. Um disfarce. Um espião travestido — embora eu jamais tenha visto um espião com seios tão... evidentes e tão linda como uma deusa.
em meus 32 anos de vida nunca vi uma beleza tão exótica e diferente quanto a dela.
Ela falava estranho. Seus gestos eram desajeitados, sua roupa ridícula. Ainda assim, havia algo nela que me incomodava mais do que o medo de magia: ela não tinha medo algum.
Nem da minha espada. Nem dos soldados. Nem do templo onde ela havia surgido como um trovão fora de hora. E isso me instigou a saber mais sobre ela.
Seus olhos — verdes como jade lapidada — me encararam com uma mistura de deboche e curiosidade. Como se eu fosse o intruso. Como se ela estivesse entediada com a possibilidade de morrer.
Que mulher tola.
— Moço... se você quer saber meu signo...
Signo? O que diabos é um “signo”?
A única explicação plausível era que ela estivesse louca.
Mas o pingente... aquilo era real.
Reconheci os símbolos. Símbolos que vi uma vez num manuscrito selado da biblioteca imperial — um texto proibido que falava de artefatos dos “Filhos do Céu”, seres vindos de além do tempo, portadores de caos... e mudanças.
Ela caiu diante de mim como uma profecia viva.
E isso me deixou furioso. Não gostava quando as coisas saíam do meu controle assim, não entender o que aquilo significa tava me deixando irritado.
Mas por causa das perguntas que ela trazia. Quem a enviou? A quem serve? É uma jogada dos ministros que querem ver o império ruir? Ou é o presságio da queda que os astrólogos tanto murmuram?
Eu deveria matá-la.
Mas hesitei. E eu nunca hesitava quando via um potencial inimigo em minha frente.
Algo em mim — instinto, talvez — me fez querer ouvir mais. Observar. Entender.
Ela não se comportava como espiã, nem como assassina. Ela falava demais. Ria na hora errada. Tinha uma forma estranha de olhar tudo como se fosse novo… e encantador. Até os monges, supersticiosos e temerosos, estavam divididos entre chamá-la de “benção” ou “maldição”.
Mas eu sabia o que fazer.
Levá-la ao imperador, mesmo quando não confiava totalmente nele.
Ele saberia se ela era um sinal dos deuses… ou apenas um erro cósmico. Na pior das hipóteses ele faria ela a sua concubina ou escrava.
E se ela fosse ameaça, seria executada.
Se fosse útil… seria domada.
Particularmente, eu não estar na pele dela naquele momento.
O que eu não esperava era o que aquela mulher faria com o coração da corte.
E, muito menos, com o meu.
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Atualizado até capítulo 36
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