Dark Romance
Elena Martins — 20 anos, estudante de Letras, trabalha meio período em uma cafeteria no centro. Tem cabelos castanhos ondulados, pele pálida e olhos grandes, mas sempre se achou sem graça, apagada e feia. Vive sozinha em um pequeno apartamento antigo no bairro mais silencioso da cidade. Carrega uma insegurança profunda sobre sua aparência, sempre se escondendo em roupas largas fora de casa, mas dentro do apartamento se permite ser mais livre — sem nunca imaginar que alguém a observa.
Dante Moreau — 28 anos, empresário recluso, dono de uma rede de livrarias antigas pela cidade. Alto, de feições angulosas, olhos negros como a noite e um passado misterioso. Mora no prédio em frente ao de Elena, no último andar, onde há meses, todas as noites, do escuro de sua janela, a observa. Nunca se aproximou, nunca falou com ela. Mas sabe tudo: os horários, os hábitos, os medos dela. E, silenciosamente, alimenta sua obsessão, convencido de que Elena é sua e que, um dia, ela perceberá.
O silêncio da noite sempre foi confortável para Elena.
Sentada na beirada da cama, os pés descalços tocando o chão frio de madeira, ela respirou fundo, encarando o espelho grande e antigo que herdou da avó. Vestia apenas uma lingerie preta, simples, sem rendas nem adornos, mas que delineava sua silhueta de forma delicada. Para ela, era só mais uma rotina entediante: olhar o reflexo, torcer para encontrar algum traço bonito, falhar e, em seguida, se encolher sob os lençóis.
Seus dedos finos tocaram a curva da cintura, e ela suspirou.
— Patética… — murmurou, com um meio sorriso triste, desviando o olhar.
Mas do outro lado da rua, no prédio vizinho, uma presença a observava com olhos famintos.
Dante estava parado, imóvel, envolto pela penumbra do apartamento luxuoso e impecavelmente silencioso. O cigarro queimava entre os dedos, a fumaça formando espirais lentas no ar parado. Sua visão atravessava a noite, focada apenas nela.
Elena.
Todos os dias, às 22h, ela se despia da fachada frágil e escondida que mostrava ao mundo. Trocava o uniforme da cafeteria, despenteava os cabelos e, como um ritual sagrado, parava diante do espelho — vulnerável, crua, verdadeira.
Ele sabia que não deveria.
Sabia que o que fazia era errado.
Mas não conseguia parar.
Porque, para Dante, ela não era feia. Ela era… perfeita.
A pele levemente pálida, a forma como franzia a testa ao se observar, o jeito como os ombros murchavam quando sua insegurança falava mais alto… tudo nela provocava nele um desejo bruto, insaciável.
Ela não fazia ideia.
Achava-se invisível. Pequena.
Mas não para ele. Nunca para ele.
Dante apagou o cigarro no cinzeiro de cristal e se aproximou ainda mais da janela, oculto pelas cortinas pesadas. Observou enquanto Elena tirava o elástico do cabelo, deixando as ondas castanhas caírem desordenadas pelas costas. Ela fechou os olhos e por segundos ficou ali, imóvel, abraçando a si mesma.
O peito de Dante apertou.
Ela parecia tão frágil…
Tão… dele.
— Você não tem ideia… — sussurrou, quase sem voz, enquanto seus olhos percorriam cada linha do corpo dela.
Elena se afastou do espelho, apagou a luz do abajur e sumiu de sua visão.
Dante ficou parado ali, ainda por alguns minutos, ouvindo o som abafado da cidade que dormia, enquanto no seu interior um monstro acordava, faminto e certo de uma coisa:
Aquela garota era dele.
Mesmo que ela ainda não soubesse.
E, noite após noite, ele continuaria ali…
Esperando…
Observando…
Planejando.
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Atualizado até capítulo 51
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