Capítulo 5 — A Ameaça dos Goblins
O sol mal havia rompido o horizonte quando Nio apareceu na frente do bar, onde Brann — o dono e chefe da aldeia — costumava organizar tarefas e receber visitantes. Ele havia se tornado uma figura respeitada, sempre envolvido na melhoria da aldeia. Estava prestes a perguntar se havia algo novo para fazer quando um cavalo suado parou com violência à frente do prédio. Um jovem mensageiro, ofegante e coberto de poeira, desceu quase caindo.
— Senhor Brann! A aldeia de Tarynn... foi atacada! Goblins! Muitos deles!
Brann empalideceu.
— Quantos? E de que tipo?
O mensageiro engoliu seco, tentando controlar o pânico.
— Haviam goblins comuns, mas também guerreiros... xamãs... e o líder parecia... parecia um goblin de elite. Era enorme, com armadura de ossos e olhos vermelhos.
Brann olhou em volta, alarmado. Moradores começaram a se aproximar, assustados.
Nio, confuso, se aproximou do líder.
— Desculpa, mas... que diferença faz o tipo de goblin? Eles são todos perigosos, não são?
Brann virou-se, e pela primeira vez, pareceu tratar Nio como parte do conselho da aldeia.
— Existe um sistema que usamos para medir poder mágico e físico aqui em Elyndra. Chamamos de sistema Hank.
— Sistema Hank?
— Sim. Os níveis são: Hank E, D, C, B, A e S. Cada nível é dez vezes mais forte que o anterior. Um Hank D é dez vezes mais poderoso que um E, e um C é dez vezes mais forte que um D — e assim por diante.
— Entendi... e os goblins?
— Os comuns são Hank E. Fracos, mas em bando são perigosos. Goblins guerreiros são Hank D — já são um problema. Xamãs são Hank C e usam magia rudimentar. Mas goblins de elite... são Hank B. Fortes, inteligentes e brutais.
— E a nossa aldeia?
— Temos um guerreiro Hank C, uns cinco Hank D e o resto são Hank E... incluindo os idosos e ferreiros. Chamamos ajuda da Capitã Marien do Reino Deutres, mas levará três dias para chegar. Se eles nos atacarem antes disso... cairemos.
Nio olhou em volta. As pessoas estavam com medo. Mas ele não. Não podia estar. Sua filha estava ali. Ajudou Brann a se acalmar, depois falou:
— Vamos fortalecer isso agora. Me diga tudo o que temos em termos de madeira, pedra, ferro, ferramentas. Tenho ideias.
Durante o dia inteiro, Nio trabalhou com intensidade. Com o poder de Fortificação, ergueu estacas afiadas em pontos estratégicos, criando um anel de defesa. Usou pedaços de metal para improvisar armadilhas de estilhaço no chão, enterradas entre folhas. Criou zonas de vigilância elevadas com torres de madeira e plataformas de tiro com bestas improvisadas.
Mandou cavar buracos disfarçados perto do portão, onde goblins poderiam cair e ser facilmente abatidos. Redirecionou a água dos canais que ele mesmo havia feito semanas antes, para que pudessem inundar parte da entrada e dificultar a mobilidade dos inimigos. Usou seu Poder Sensorial para mapear as redondezas — e ensinar outros a fazer vigília com turnos noturnos.
Treinou rapidamente os moradores mais fortes com lanças reforçadas e pequenas táticas de combate em grupo. Mesmo sem ser um guerreiro por natureza, seu poder de adaptação o tornava um excelente instrutor.
À medida que a noite caía, a aldeia, que antes parecia vulnerável, agora parecia viva. Pronta.
Nio sentou por fim em uma das torres, ofegante, suado e com as mãos cobertas de calos. Eliza subiu até ele, carregando uma jarra com água.
— Pai... você fez tudo isso em um dia?
— Não... — respondeu ele, olhando o céu escurecer. — Foi a vida toda que me preparou pra isso. Mas amanhã... amanhã talvez precisemos lutar.
Na escuridão, um uivo gutural ecoou pela floresta. A primeira sentinela tocou o sino de alerta.
— Eles estão vindo!
Continua...
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Atualizado até capítulo 74
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