Capítulo 4 — O Fortificador da Aldeia
O sol mal tinha se erguido quando Nio se levantou da cama simples da hospedaria. Ao seu lado, Eliza ainda dormia tranquilamente, encolhida sob um cobertor de linho rústico. O cheiro de pão recém-assado vindo da cozinha lhe deu ânimo. Ele precisava começar o dia — e precisava fazer mais do que apenas cozinhar.
Voltou ao bar do Velho Brann para mais um dia de trabalho, mas algo ali parecia diferente. Durante a manhã, ouviu dois clientes conversando sobre o "chefe da aldeia". Para sua surpresa, estavam falando do próprio Brann.
No fim do expediente, enquanto limpava as mesas ao lado de Eliza, Nio aproveitou a calma do lugar para puxar conversa.
— Brann... ouvi dizer que você é o chefe da aldeia. Isso é verdade?
— Hah! Me chamam assim, sim. A aldeia é pequena, alguém tem que organizar as coisas. — respondeu o homem com um sorriso.
— Queria saber se tem mais trabalho por aqui... algo além da cozinha.
Brann coçou o queixo, pensativo.
— Tem sim, mas são tarefas pra gente experiente: fortificar o portão norte, redirecionar água da nascente, reforçar pontes... nada fácil. Mas se quiser tentar...
— Quero sim. Só me diga o que precisa.
Nos dias seguintes, Nio começou a se envolver com essas tarefas. Usando o instinto e a habilidade mágica de adaptação, construiu um sistema de canais simples para trazer água da nascente até o centro da aldeia. Depois reforçou os portões com troncos mais grossos, redesenhando a estrutura de forma mais eficiente. Na semana seguinte, reconstruiu uma ponte com cordas trançadas e madeira firme que suportava até carroças cheias.
Os moradores passaram a cumprimentá-lo com respeito. Chamavam-no de “Senhor Força Vermelha”, por conta de seu cabelo.
Durante as noites, quando voltava para a hospedaria, lia o livro que a dona lhe emprestara. Ao fim de trinta dias, havia terminado a leitura e compreendido muito sobre aquele mundo chamado Elyndra.
Descobriu que existiam diversos reinos espalhados, alguns em paz, outros em guerra. Raças como humanos, elfos, ferais, anões e até híbridos conviviam — ou se enfrentavam — em disputas territoriais, políticas e religiosas. E não apenas entre espécies, mas entre reinos da mesma raça.
Soube também que estavam próximos do Reino Deutres, governado por um rei gentil, mas temido por seu poder mágico.
O sistema de afinidade mágica de Elyndra era baseado em cinco naturezas: Magia Pura, Corporal, Fogo, Água, Terra e Espacial. Todos nasciam com uma afinidade principal, detectada por uma pedra chamada Mintres, capaz de brilhar e identificar o tipo de energia dominante.
Aprendeu que, mesmo que uma pessoa usasse outras magias, sua afinidade natural tornava aquele elemento mais poderoso. Um mago de água, por exemplo, lançando uma magia Hank S, poderia vencer facilmente outro usuário com a mesma magia se o segundo tivesse afinidade com fogo — já que a força da magia seria rebaixada para Hank A naquele caso.
Nio também conseguiu dominar três magias básicas do livro:
Fortificação — uma técnica de amplificação física, aumentando força e resistência;
Percepção Sensorial — uma magia que expandia sua consciência em até 1 quilômetro;
Porta Espectral — uma poderosa habilidade Hank S que permitia abrir portais para qualquer lugar que já tivesse estado ou visualizado com clareza.
Ele treinava essas habilidades em segredo, para não chamar atenção. Eliza, por sua vez, já havia aperfeiçoado pequenas manipulações com a água, criando esferas, jatos e até uma leve neblina ao redor do corpo quando se concentrava muito.
Naquela noite, deitado sob as estrelas, Nio sussurrou para si mesmo:
— Não somos mais os mesmos... e esse mundo está prestes a nos testar.
Continua...
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Atualizado até capítulo 74
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