Ida

A semana havia passado muito rápido.

Passou tão rápido que eu jurei que hoje era sexta, que saco.

Pensou, ainda deitada na cama, era quarta, ou seja, hoje, ela iria chegar às dez e meia, não por que ficava aberto até onze da noite, mas porque no pedaço de papel rasgado que Abram Lincoln lhe derá, estava escrito que ela deveria se encontrar-se naquele  horário e local. Não sabia dizer ao certo se ela se encontraria pessoalmente com ele, ou se de fato iria ser ali a tal da reunião, já que Deiseane havia dito (fofocado) que a reunião seria em uma câmara, não a da reunião anterior, mas outra, e que teria um transporte especial para cada envolvido.

É só pra mostrar que tem dinheiro, mandar um transporte para cada pessoa em específico... e em um local específico.

Ao se levantar da cama pegou seu celular, o brilho pegou bem em seus olhos.

- Aí caramba! - Diminuiu o brilho e pôs no Whats, selecionou as conversas com a Deise e voltou a ler para ver se não havia esquecido de algo.

~"São trinta pessoas que vão estar presentes até onde eu sei, e com sei é no caso, ouvi sem querer querendo 😅."~

~"Só vc msm 😂."~

~"Então, vc vai ter q ir aonde exatamente para esperar seu motorista? Eu vou ter q ir em um lugar  q fica perto de uma estátua. Recebi a localização aqui, e o horário,eu tenho q tá lá às dez e meia. Eu é q não tô afim, ficar num frio do crlh lá, pqp!"~

~" Eu vou ter q esperar em um barzinho q tem aq perto msm, e tenho q estar as nove e cinquenta. Aproveitar e toma uma🍺."~

~"Cê não é boba."~

~"Não msm Kaká"~

~"Kaká?"~

~"Poha de corredor, kkkkkkk"~

~"CORREDOR KKKKKKK"~

~"Ah vai vsfd"~

~"Boa noite"~

~" Boa noite"~

Mesmo depois do boa noite,as duas continuaram a conversar, foi só depois das duas horas da madrugada que foram dormir, isso depois de, claro, terem mandado também três boa noites. Ela se levantou e foi ao banheiro tirar a remela de seus olhos, e acordar direto; lavou o rosto, secou e voltou para o quarto, onde abriu a janela, o sol lá fora era meio fraco, e a neve caía em grande quantidade na grande Novosibirsk, a maior cidade da Rússia por parte asiática. É nesse local que foi feita a reunião da IMME, a terceira que acontece tendo como País sede a própria, uma vez feita em São Petersburgo, na parte europeia, e outra que já havia sido realizada nesse mesmo local, e essa agora já é a segunda edição em uma única cidade, totalizando um total de três reuniões realizadas.

Que frio. Por que não podia ser em algum País tropical?

Pensou, fechando a janela e tirando só as cortinas e deixando somente as vidraças. Em seguida, arrumou o lençol da cama, afofou o travesseiro e dobrou os cobertores. Depois de arrumar o quarto, foi para a cozinha, onde no armário pegou o pote de café que ela havia trazido de casa, pôs um pouco na xícara, e preparou a água, que enquanto esquentava ela preparava um clássico pão com presunto e queijo fatiado.

Como era seu dia de folga de seu trabalho, ela não tinha pressa de se arrumar para sair, tanto que até desligou o alarme do celular, e tanto que foi preparar seu café da manhã as onze horas em ponto da manhã. Preparado o pão de presunto e queijo, ela foi ver a água, que já estava no ponto, pegou a chaleira e despejou na xícara. Estava totalmente pronto o seu café da manhã, pão com presunto e queijo fatiado com café puro, literalmente. Em suas folgas, ela toma achocolatado com alguma fruta ou um pedaço de bolo de chocolate, mas o achocolatado acabará e o bolo ela e Deise haviam comido tudo enquanto assistiam séries.

- Eu poderia ir dormir agora, não tenho absolutamente nada a fazer, ontem já lavei e sequei as roupas, fiz algumas comprinhas do mês, e limpei a casa. - Falará,sozinha.

Poderia ler alguns de seus livros que trouxe consigo. Mas só no avião já havia lido dois livros de mil páginas, e quanto aos outros, já havia lido também, recomeçar a ler não seria tão ruim, se já não tivesse feito isso antes.

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- Então,tem certeza disso Héctor? - Perguntou.

- Absoluta, precisamos investigar isso, saber se lá não há vida extraterrestre, saber se não é adequado para para vida humana! Lin,pense, é um novo planeta, você tem noção disso? É algo extraordinário! Precisamos enviar alguém para lá!

Ele dizia isso com tanto entusiasmo que esqueceu do acontecido de três anos atrás.

Interesse próprio. Puro egoísmo.

- Héctor, eu sei, fui eu inclusive que descobri esse planeta, mas assim, já se esqueceu do que aconteceu há três anos atrás? Semana passada tivemos uma reunião sobre isso! A missão é ir resgatar o que restou dos tripulantes mortos do Skeld Doze. Não vamos mandar mais para que tenham o mesmo destino, já falhamos uma vez, não arrisco falharmos de novo.

- Lin, me escute, falhamos uma única vez só, um erro mínimo de cálculo, mas o que que tem? Esse errozinho de nada só serviu para que acertacemos em cheio, agora com toda a certeza conseguiremos realizar o nosso sonho que tínhamos a vinte anos atrás. Vamos fazer um novo mundo, Lin, pense Lin! Pense! - Ele começou a tossir.

"Errozinho", o erro que causou a morte de pessoas inocentes.

- Héctor, já se esqueceu que esse "errozinho" foi o que causou a morte de pessoas inocentes? Tá certo que é algo extraordinário essa descoberta e tals, mas e se falharmos de novo?

- Lin, antes do Skeld Doze, teve o onze, este falhou, antes do onze teve o dez, este falhou, e antes do dez teve o nove, e adivinha...

- ...Este também falhou, assim como os outros anteriores... - Completou.

- Exato! Antes enviavámos bonecos de teste, a cada falha, era uma tentativa maior de acerto, até que chegamos no quase perfeito, foi um erro que aconteceu lá, não aqui, então os que morreram, morreram por erro deles, eles tinham uma missão simples, ir ao planeta, explorar, e voltar.

- Tudo isso enquanto mantinham a nave em ordem.

- Era o dever deles, não podiam deixar a nave sem os escudos, ou deixar de atirar em alguns meteoros de nada. - Tomou um gole de café, e depois cuspiu.

- Sem açúcar?

- Tá sem leite! Eu não tomo café sem meu leite! Deixa eu ver,quem é que está disponível hoje? - Héctor pegou a lista e  analisou, enquanto coçava a barba.

- Deiseane, e a funcionária que está presente hoje.

- O que houve com a outra?

- A outra não venho porque  está de folga hoje.

- Interessante.

- É a única que sabe fazer o café como eu quero de fato! Café,leite e um pouco de adoçante! Não é difícil.

Héctor ligou para a recepcionista e chamou pela empregada, que viesse urgentemente. Algum tempo depois ela chegará, era uma mulher gorda, baixa, de cabelos negros e cacheados, tinha a pele morena e usava uma touca de proteção, e um avental manchado de pó de café, ketchup,ou molho de tomate. Ela parecia estar cansada.

Veio com pressa.

- Então Deiseana, quero saber sobre meu café. Por quê ele não está como eu pedi?

- Senhor, primeiramente é Deiseane...e segundamente, não fui eu quem fiz o café, foi a própria recepcionista que fez e disse que era para eu requentar e trazer ao senhor.

- Requentar? Quem que requenta o café? Pelo amor de Deus!

- Não é sua esposa? Lembra que hoje é a folga de uma boa parte dos funcionários e você está ocupado aqui, alguém tem que cuidar lá.  - Disse Lin.

Héctor afagou a barba.

- É verdade, me desculpe Deinara, é o estresse de trabalho, enfim está liberada, inclusive hoje você pode sair mais cedo, pelo que vejo aqui, você também foi selecionada não é?

- Sim senhor.

- Pode ir então.

Ela saiu. Havia vindo atoa.

- Onde eu parei Lin? Ah sim, o erro foi deles, então meio que morreram por irresponsabilidade deles mesmo, não foi por nós.

Socorro.

- Olha, Héctor, eu agradeço o convite,mas minha resposta é não, seja o erro deles, ou de vocês, eu não me envolverei.

- Erro nosso? Lin, a princípio de conversa, foi você quem descobriu o planeta! Se não tivesse descobrido,nada disso teria acontecido!

- Eu tinha sete anos quando apenas olhei pelo telescópio, e também, possivelmente esse planeta já seria descoberto, a culpa é de vocês mesmo que não enviaram satélites espaciais! Eu disse não disse? "Que tal mandarmos satélites espaciais, temos dinheiro e material o suficiente para isso, assim não precisaríamos enviar pessoas sem saber se voltariam ou não." Foi o que eu sugeri naquela reunião, mas ninguém me escutou, aí aconteceu aquela merda lá, e depois a outra de três anos atrás, e agora você tá querendo repetir a mesma merda?

Ele o olhava enquanto mastigava a torrada que comia.

- Fala isso não , tô comendo aqui, hora sagrada Lin.

Ah mas eu mereço!

- Isso não vai se repetir.

- E você garante?

Ele ficou quieto um pouco, desta vez fingiu estar comendo.

- Com toda a certeza.

Antes de certeza, tem "in".

- Olha, nada me provará do contrário, eu sou contra, e ponto final. - Virou-se em direção a porta para sair.

- Mas o seu irmão é a favor! Ele até deu a parte dele.

- Foi mal Héctor... - Ele virou-se para Héctor e o olhou. - ...mas eu não sou o meu  irmão. - E saiu. Preciso falar com aquele idiota sobre essa ideia estúpida...

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Já era tarde, quase escurecendo.

Passei um dia inteiro vendo série, nunca pensei que diria isso,mas eu prefiriria trabalhar do que ficar em casa sem fazer nada.

Ainda, tinha de esperar mais algumas horas até chegar o tal do horário, ao pegar o celular e olhar a localização, o local de onde ela estava e de onde deverá estar nas dez e meia não era tão longe, dava uns quatro quarteirões, isso sem atalho, e o local da onde Deise deverá estar também não era longe, era só descer a esquina do apartamento que ela chegaria no barzinho onde sua amiga deverá esperar sua carona.

Eu tomo banho e talvez vá pra lá, aí depois é só voltar,pegar o atalho e ir esperar meu uber.

Se levantou do sofá, foi para o quarto e separou umas roupas bem quentes e aconchegantes. Pegou a toalha e foi para o banheiro, despiu-se de suas vestimentas, e foi para o chuveiro, que para sua sorte, já saiu água morna, e não gelada. Após tomar banho, secou-se e vestiu-se. Pôs uma meia-calça preta, depois uma calça cinza afofada, colocou seu tênis de corrida. Vestiu uma camiseta azul de manga longa, um moletom roxo e por cima um casaco felpudo preto, que para a sua sorte tinha touca. Pegou sua bolsa marrom com detalhes dourados e nela pôs documentos, sua carteira de dinheiro, alguns cartões e a chave do apartamento, que ela questionava se levava ou se deixava com a recepcionista do apartamento. No fim, decidiu que levaria as chaves, e por fim, pôs alguns livros que seriam lidos em três dias, ou horas caso ela ficasse entediado.

Eu acho que é isso...espero não estar esquecendo de nada.

Por fim, pegou o seu celular, o horário já era sete horas em ponto. Mandou uma mensagem para Deise, avisando que iria ir ficar ali com ela. Saiu do apartamento e trancou a porta. Desceu para a entrada e foi para o portão, o porteiro abriu e ela saiu descendo a esquina; chegou no barzinho,onde sentou em uma cadeira que estava livre, o atendente chegou e perguntou se ela queria algo. Mas apenas respondeu que estava esperando uma amiga. Algum tempinho depois, Deise chegará atrasada. Ela vestia uma calça verde escura, um sapatênis branco, casaco de lã branco e uma touca rosa clara.

- Chegou bem na hora. - Disse.

- Aí, cê nem sabe do trampo que eu passei hoje no trabalho, tu fez muita falta mano, não sabe o quanto! - Após recompor-se ela sentou na cadeira ao lado.

- Então,como foi seu dia?

- Péssimo! Primeiro que eu já cheguei dez minutos atrasada,fui dormir tarde, até porque alguém me mandava boa noite mas puxava um papo.

- Você é quem continuava!

- Depois, que eu cheguei lá, tava a mulher do patrão fazendo café, eu perguntei para ela se ela precisava de ajuda, aquela desalmada já me olhou direto na alma com aquela cara de cadela chupada, disse para eu requentar o café do marido dela caso ele pedisse, por quê ele estava muito ocupado, por que o pobrezinho não tinha dormido direito e ainda tinha uma reunião muito importantíssima marcada de última hora! O patrão chamou, eu levei o café dele, e depois,mais tarde,quando eu estava limpando o banheiro por que outra funcionária tava de folga, me vem a recepcionista me dizer que o patrão tava puto da cara que o café tava sem leite e não tava do jeito que ele gostava.

- Café com leite desnatado e dois pingo de adoçante.

- É, você que faz o café dele.

- Não é difícil.

- Se tu visse o quanto que ele tava reclamando.

- Normal haha.

- Seguindo, me chamou pelo nome errado, eu corrigi ele,mas parece que nem percebeu, por que ele sempre me repreende se eu corrijo o meu nome, depois disse que foi coisa da muié dele, aí sim que o bicho botou o rabo nas pernas! Me dispensou e quando eu voltei pro banheiro... cê nem acredita...

- O que tinha? O que deu? Merda das grandes?

- Literalmente, algum relaxado foi lá e buzuntou todo o vaso, e nem sequer limpou. Aí eu passei uma raiva,que se pegasse quem fez aquilo, ia fazer limpar com a boca.

- Que nojo! Isso sim é azar, já eu fiquei o dia inteiro assistindo série.

- Sorte a sua. Minha folga é justamente em uma segunda, que ódio.

- Hahaha!

- Ri não cadela!

O atendente veio novamente, e elas pediram uma vodka com vinho e alguns doces para acompanhar a bebida que por si só já era muito doce. E enquanto fofocavam o tempo ia passando, até olhar o relógio, já era nove e vinte, tinham mais dez minutos ainda, no caso Deise.

- Então o que cê vai fazer quando eu sair?

- Vou ficar esperando né. Só esperar, já tomei uma quantidade razoável de bebida e comi muito doce.

- Razoável, três copos de vodka com vinho é razoável? - Brincou.

- Talvez... Mas você comeu quinze brigadeiro. - Rebateu.

- Brigadeiro não é alcoólico.

- Perdi no argumento.

Um carro preto havia estacionado ali na frente do bar. A janela abaixou e o motorista que estava de máscara apontou para Deise que pegou sua bolsa e saiu.

- Tchau e até lá, seja o que nos espera.

- Tchau... Se cuida.

- Obrigada, você também.

Ela entrou no carro e saíram em seguida.

Esperar mais um pouco.

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- Você é um idiota de deixar que façam isso!

- Ah meu irmão, por favor, isso é algo revolucionário, como você não entende isso?

- Mandar pessoas para o espaço por uma missão idiota!? Onde isso é revolucionário? Vai mandar eles para a morte! Você tá me ouvindo?

- Você não entende nada né... irmãozinho?

- Já pedi para você parar com isso!

- Enfim,tenho uma reunião daqui a pouco, então eu tenho que ir tá bem? E lembre-se, faço isso por nosso amado e internado pai, e por nossa amada e falecida mãe. É pela família maninho, pela família. - Ele saiu.

Tirar os filhos  de famílias por causa de algo que por mais que seja revolucionante não quer dizer que tem de ser feito! É totalmente desumano. Mas seja como for, eu vou impedir isso pessoalmente. Essa loucura gananciosa vai acabar!

Ele pegou seu celular e ligou para um amigo conhecido da família.

Farei isso eu mesmo.

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Já havia chegado faz muito tempo, ainda tinha uns dez minutos de espera, estava no tal  local da estátua, que ao olhar reconheceu a figura que tinha ali, era uma figura histórica conhecida, a estátua de Lênin.

Vim esperar no melhor local possível.

Os dez minutos passaram voando, e o carro chegará na hora, era um carro vermelho. O motorista estava com a janela aberta.

- Senhora Eduarda Ramos?

- Eu mesma.

- Entre por favor.

Ela entrou no banco de trás, e o carro saiu daquele local, indo para seu ponto de encontro.

Aí vamos nós ver o que tem de bom nesse emprego misterioso.

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