A Fragilidade do Silêncio
O silêncio no quarto era espesso, carregado de memórias que não pertenciam a Siena, mas que agora pesavam sobre seus ombros. Ela não conseguia encarar Luca, não depois da revelação. Mas, ao mesmo tempo, não conseguia se afastar dele.
Ele havia tirado seu pai.
E mesmo assim, ela ainda estava ali. Isso a corroía por dentro.
— Por que me contou isso? — perguntou novamente, com a voz mais firme, mesmo que o coração ainda tremesse.
Luca passou a mão pelos cabelos, encarando o chão.
— Porque você é diferente de tudo que eu já conheci. E talvez... talvez eu esteja cansado de viver entre mentiras.
Ela sorriu sem humor.
— Engraçado ouvir isso de alguém que construiu um império em cima delas.
Ele ergueu os olhos para ela. Não havia raiva. Apenas um cansaço profundo, uma confissão silenciosa.
— Eu não pedi pra ser assim. Mas fui moldado pra sobreviver. Não tive escolha.
— Sempre há escolha, Luca. Sempre.
Ele se levantou, caminhando até a janela. A cidade lá fora continuava viva, indiferente à tempestade dentro daquele quarto.
— Você vai me entregar? — perguntou, sem se virar.
Siena o observou. Era como encarar um abismo: aterrorizante, mas hipnotizante.
— Ainda não sei — respondeu com honestidade.
Ele soltou uma risada baixa, amarga.
— Justo. Mas cuidado, Siena... saber demais pode ser o seu fim.
Ela se levantou, se aproximando devagar.
— Ou o seu recomeço.
Por um breve instante, os olhos deles se encontraram. Havia dor ali. Culpa. E uma atração silenciosa que teimava em crescer, mesmo envolta em mágoas.
Mas antes que qualquer gesto fosse feito, Luca se afastou.
— Descanse. Amanhã... tudo muda.
Siena assentiu, mas no fundo sabia: já havia mudado.
E não havia mais volta.
Entre a Dor e o Desejo
A madrugada avançava lenta, enquanto Siena permanecia sentada na beirada da cama, os pensamentos girando como redemoinhos. O silêncio havia voltado, mas agora era diferente — denso, quase íntimo.
A porta se abriu sem aviso. Luca entrou com dois copos de uísque. Estava sem paletó, com as mangas da camisa dobradas, exibindo os antebraços fortes e marcados por veias proeminentes. A imagem dele a confundia — um homem perigoso, mas com olhos que escondiam feridas.
— Não consegui dormir — murmurou ele, estendendo o copo.
Siena hesitou, mas aceitou. O álcool queimou a garganta, ajudando a calar a mente.
— Você ainda não me disse por que me manteve viva. — Ela o encarou, esperando sinceridade.
Luca se sentou no sofá diante dela, os cotovelos apoiados nos joelhos, o copo entre os dedos. Ele a olhou como se visse mais do que o necessário.
— Porque você me viu... e não correu. Você me desafiou com o olhar, mesmo tremendo de medo.
— Isso é motivo pra sequestrar alguém?
— Não. — Ele deu um sorriso torto. — Mas é motivo pra querer entender. Eu estou cercado de gente que obedece, que teme. Você foi a primeira a me confrontar com humanidade.
Siena engoliu seco. Queria odiá-lo. Queria. Mas havia algo quebrado nele... algo que a fazia enxergar além da superfície cruel.
— Isso não te isenta do que fez — disse em voz baixa.
— Eu sei. E nunca vou me perdoar. — Ele se levantou devagar, aproximando-se. — Mas isso... — tocou levemente a ponta do cabelo dela — ...isso me faz querer ser alguém diferente. Pelo menos com você.
Ela sentiu o coração tropeçar. Cada parte do corpo gritava por distância, mas a alma... a alma se aproximava.
— Isso é perigoso, Luca.
— Tudo em mim é, Siena.
E antes que ela pudesse reagir, ele se abaixou levemente, o rosto próximo ao dela, olhos fixos em sua boca. O tempo parou. Mas Luca apenas roçou os lábios em sua testa — um gesto inesperadamente terno.
— Boa noite, minha tentação.
E saiu do quarto, deixando Siena em chamas silenciosas, mergulhada em um desejo que a assustava mais do que qualquer ameaça.
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Comments
AutoraAngelinna Fagundes
Menina👀 Siena é um nome lindo 😍
É exótico, diferente 😍
Imagina se fosse o meu nome real? KEITLIN 🤦🏻♀️
2025-05-27
1
Sandra Laureto
por que nas histórias os homens têm nomes bonitos já as mulheres têm esses nomes esquisito
2025-05-27
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