O Fantasma do Passado

Na manhã seguinte ao confronto, Isadora estava em seu trabalho — um lugar comum, sem emoção, apenas o som das teclas e o burburinho distante de conversas de colegas.

O ambiente era monótono, quase opressivo, e ela tentava se distrair, mas o peso do que acontecera na noite anterior era como uma sombra que se recusava a desaparecer, uma lembrança persistente que a seguia a cada movimento.

As horas pareciam se arrastar, e a luz do sol filtrava-se pelas janelas, criando um contraste entre a vivacidade do mundo lá fora e o vazio que ela sentia por dentro. Isadora olhava para a tela do computador, mas as palavras não faziam sentido. Sua mente estava longe, perdida na confusão de sentimentos que a noite anterior tinha desencadeado. O confronto, as revelações, e a presença de Dante ainda ecoavam em sua mente, como um eco distante que não a deixava em paz.

Foi então que ele entrou.

**Vincent DeLuca**.

Ele não era um homem qualquer. Alto, com um sorriso charmoso que parecia carregar segredos, e olhos que observavam demais, como se pudesse ver através da fachada que todos usavam. Ele estava longe de ser inocente. Tinha algo nele — uma presença imponente, uma aura que deixava claro que ele não era alguém para ser ignorado. Quando entrou no escritório, as pessoas silenciaram instantaneamente, os olhos se voltaram para ele, e a tensão na sala cresceu como uma tempestade prestes a desabar.

Vincent se aproximou da mesa de Isadora com uma confiança silenciosa, como se a conhecesse de outras vidas. Havia algo hipnotizante em sua postura, algo que a fazia sentir-se vulnerável e intrigada ao mesmo tempo.

“Você deve ser Isadora,” disse ele, a voz suave, mas com algo afiado por baixo, como uma lâmina escondida em um manto de veludo. “Ou devo chamá-la de Elena?”

Ela se encolheu, o sangue congelando por um instante. Ele sabia.

“Como você sabe meu nome?” ela perguntou, tentando manter a compostura, mas sua voz vacilou, traindo sua insegurança.

Vincent sorriu, aquele sorriso enigmático que parecia esconder tanto quanto revelava. “Dante falou muito sobre você. Mas eu não sou apenas um amigo dele, você deve saber.

Eu tenho meus próprios interesses em jogo.” Cada palavra dele era como um fio de seda, entrelaçado com intenções obscuras.

O nome de Dante saiu da boca dele como se fosse um jogo de cartas, e Isadora sentiu uma estranha mistura de raiva e medo. O que Vincent queria? E por que ele parecia tão calmo, sabendo que Dante e ela estavam em uma relação tão… instável? A ideia de que Dante falava dela para outros a incomodava, como se ela fosse uma peça de um quebra-cabeça que ele estava montando sem seu consentimento.

“Eu… não sabia que Dante falava sobre mim com outras pessoas,” ela disse, tentando esconder sua apreensão. “Mas não tenho interesse em nada que envolva ele ou você.”

Vincent a observou com um sorriso curto, mas seus olhos eram como lâminas afiadas, prontas para cortar. “Ah, mas você tem. Você vê, Isadora… ou Elena, como queira… você tem mais a ver comigo do que imagina. E com Dante também. O problema é que você ainda não entendeu seu lugar no jogo.”

A pressão aumentou. O que ele estava insinuando? Ela tinha se afastado de Dante o máximo possível, mas agora, com Vincent ali, parecia que sua fuga tinha se tornado impossível. Era como se ele estivesse puxando as cordas de um teatro, manipulando a cena que se desenrolava diante dela.

Ele se aproximou um pouco mais, os olhos fixos nela, e a sensação de perigo crescia dentro dela. Algo estava errado. O que Vincent queria? Por que ele estava ali, naquele momento exato? O ar parecia pesado, carregado de uma eletricidade que a fazia sentir-se inquieta.

Ela se levantou, decidida a não ceder à pressão. “Eu não tenho nada a ver com esse jogo. Então, se me dá licença…”

Mas antes que ela pudesse completar a frase, a porta do escritório se abriu, e Dante apareceu. Ele estava parado na entrada, os olhos frios fixos em Vincent, como um predador observando outro predador. O ar parecia se tensar ainda mais, como se a presença dele fosse uma sentença a ser cumprida.

“Vincent,” Dante disse com um tom gelado, sua voz tão afiada quanto uma faca. “Já falei para você ficar longe dela.”

Vincent não se moveu. Seus olhos brilharam com uma chama de desafio, mas ele não respondeu imediatamente. O silêncio entre os três foi palpável, uma batalha silenciosa se desenrolando ali, e Isadora estava no meio dela, como uma peça de xadrez em um tabuleiro de intrigas.

“Dante,” Vincent disse finalmente, sorrindo com um toque de ironia, como se estivesse saboreando a tensão. “Eu só estava me apresentando. Não gostou da minha abordagem?”

Dante não sorriu de volta. Ele avançou alguns passos, e Isadora sentiu a tensão elétrica no ar. Era como se uma batalha estivesse prestes a acontecer, mas ela não sabia qual lado escolher. O que estava em jogo? O que realmente significava estar entre eles?

“Fique longe dela,” Dante repetiu, agora mais firme, sua voz carregando um peso que Isadora não conseguia ignorar. “Ela não é sua peça de xadrez.”

Vincent levantou uma sobrancelha, olhando para Dante com um ar de desdém. “Você acha que tem controle sobre tudo, não é? Mas ela vai precisar de mais do que apenas o seu jogo. Eu vou mostrar a ela a verdadeira natureza das coisas.” As palavras dele eram como uma promessa sombria, e Isadora sentiu um arrepio percorrer sua espinha.

Dante deu um passo à frente, seu olhar mortalmente sério. “Não tente cruzar minha linha, Vincent.” A tensão entre eles era quase palpável, como se o ar estivesse prestes a explodir.

Vincent apenas riu, um som que parecia ecoar na sala. “Ah, mas é você quem não entende, Dante. A linha entre nós nunca foi tão fina quanto agora.” Ele se virou para Isadora, seu olhar misterioso e penetrante. “Nos vemos em breve, Isadora. E, dessa vez, sem a sombra de Dante para proteger você.” As palavras dele eram um aviso, uma ameaça velada que a deixava inquieta.

Dante e Vincent ficaram ali, encarando-se em silêncio por alguns segundos, antes de Vincent finalmente sair, deixando o escritório mais tenso do que nunca. Isadora sentiu a pressão de estar no meio dessa guerra, como uma marionete em mãos de mestres manipuladores.

Dante se virou para ela, seus olhos sombrios, mas com algo de mais intenso, uma mistura de preocupação e determinação. “Não confie nele. Ele está apenas tentando te manipular.” A sinceridade em sua voz era inegável, mas havia uma camada de possessividade que a incomodava.

“Mas você também tentou, Dante,” ela retrucou, tentando manter a calma. “Você não tem direito de me proteger de ninguém.” Havia uma chama de rebeldia em suas palavras, uma necessidade de se afirmar em meio ao caos.

Dante deu um sorriso amargo, uma expressão que falava mais do que palavras poderiam. “Eu sei o que Vincent quer. Ele quer te arrastar para o jogo dele. E eu não vou deixar.” A intensidade de sua determinação era palpável, mas Isadora não estava tão certa disso. Ela sabia que havia algo mais nesse jogo. Algo que ela ainda não compreendia completamente.

E agora, com Vincent em cena, a batalha entre os três começaria — e ninguém sairia ileso. O jogo de poder estava apenas começando, e as regras ainda estavam sendo escritas. Isadora sentia que, de alguma forma, ela também fazia parte daquela narrativa, uma história que prometia reviravoltas e revelações que mudariam tudo.

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Comments

MindlessKilling

MindlessKilling

Não consigo pensar em outra coisa a não ser a continuação, atualiza já!

2025-05-23

1

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