O vento cortante da noite fazia as árvores se balançarem como espectros à luz fraca da rua. Isadora estava na porta de seu apartamento, hesitando, com os dedos trêmulos segurando a maçaneta. O medo e a raiva se misturavam em seu peito, tornando cada respiração mais difícil, como se o ar estivesse carregado de uma eletricidade opressiva. Mas ela não podia mais fugir. Não com Dante tão perto, como uma sombra que se aproximava, inevitável e implacável.
Ela havia tentado ignorá-lo, desaparecer na multidão, se esconder na vida monótona que criara para si mesma. Mas ele a encontrou. Como se fosse um predador em busca de sua presa. Como se o destino tivesse decretado que eles estavam destinados a colidir de novo, em um ciclo de atração e repulsão que parecia não ter fim.
O toque na campainha a fez pular. Será que era ele.
Ela respirou fundo, tentando acalmar o turbilhão dentro de si, e abriu a porta. E lá estava Dante, como uma sombra encarnada, com seu olhar fixo nela, penetrante e frio. E, por trás da frieza, algo mais. Algo perigoso, que a fazia sentir-se viva e assustada ao mesmo tempo.
"Não devia ter vindo aqui," ela disse, tentando esconder a tremedeira na voz. Sua mente gritava para que ela fechasse a porta e voltasse para dentro, mas seu corpo parecia paralisado, como se estivesse hipnotizado pela presença dele.
Dante sorriu, aquele sorriso que fazia o estômago dela revirar, uma mistura de desejo e desgosto.
"Não devia ter me deixado ir, Elena. Eu avisei." Sua voz era suave, mas havia uma intensidade que tornava suas palavras como lâminas afiadas.
Ela tentou fechar a porta, mas ele foi mais rápido. Seu braço se esticou, impedindo que a madeira se fechasse, e antes que ela pudesse reagir, ele já estava dentro. A tensão no ar se tornava insuportável, como uma corda prestes a se romper.
"Você tem mesmo pensado que pode me evitar?" Ele falou, as palavras como um sussurro ameaçador. Ele se aproximou lentamente, cada passo dele preenchendo o espaço entre eles de forma ameaçadora.
"Você sabia que isso seria impossível."
Isadora deu um passo para trás, mas ele estava em cima dela, encurralando-a. Seu coração disparava, pulsando em seus ouvidos. Não era apenas o medo.
Era a atração, a energia entre eles, que nunca desapareceu.
Ela sentia isso em cada fibra do seu ser, e sabia que Dante sentia o mesmo. Ele gostava da confusão que ela causava nele, e isso a deixava ainda mais desesperada.
"Não... não é isso. Eu só quero..." Ela não sabia o que queria. Estava perdida em um labirinto de emoções contraditórias, sem saber qual caminho seguir.
Ele riu suavemente, como se fosse uma piada, uma piada amarga que ressoava no ar.
"Você só quer o que sempre quis, Elena. A ilusão de controle."
Ele estendeu a mão, tocando seu rosto com a ponta dos dedos, mas sem realmente tocá-la. A sensação de sua pele quente à distância parecia mais forte que qualquer toque. "Você nunca teve controle, nunca teve escolha."
Ela o encarou, desafiadora, tentando se manter firme apesar da tempestade dentro de si. "Eu me libertei de você. Eu escapei." As palavras saíram com mais convicção do que realmente sentia, como se a afirmação pudesse torná-la verdade.
Ele deu um passo à frente, e o espaço entre eles se tornou um abismo, a tensão crescendo a cada segundo. "Escapou?" Dante sorriu, esse sorriso que ela odiava e desejava ao mesmo tempo, como um veneno doce. "Você realmente acha que pode se livrar de mim, Elena? Você nunca vai se livrar de mim."
Ele levantou a mão e, com uma força inesperada, puxou-a para mais perto. Ela arfou com o impacto do corpo dele contra o dela, o calor dele queimando sua pele. Os olhos de Dante eram predadores, e ela sabia, de algum jeito, que ele queria destruí-la. Mas o desejo ainda estava ali, flamejante, como um fogo que nunca se apagava.
Ela olhou para ele, desafiadora, mas a voz falhou. "O que você quer de mim, Dante? Já me destruiu uma vez. Por que não me deixa em paz?" A pergunta ecoou no ar, carregada de desespero e anseio.
Dante a segurou pelos ombros, a pressão dele forte, quase dolorosa, mas o desejo em seus olhos era claro.
"Eu já te avisei. Não vou deixar em paz. Você não pode fugir de mim, Elena. Não agora." As palavras saíram carregadas de uma possessividade que a deixava inquieta.
A proximidade de seus corpos fazia o ar desaparecer entre eles. Ele estava tão perto que ela podia sentir o calor de sua pele, o ritmo de sua respiração. Era difícil manter a sanidade quando ele a olhava daquela forma - como se ela fosse tanto uma ameaça quanto uma obsessão.
A linha entre o amor e o ódio parecia se desfazer, e Isadora se viu presa em um turbilhão de emoções.
"Você tem medo de mim," ele disse, a voz grave e carregada de tensão. Mas não era uma afirmação. Era uma provocação, um desafio que a fazia querer gritar e se jogar em seus braços ao mesmo tempo.
Ela respirou fundo, tentando se afastar, mas a força dele a mantinha ali, perto demais. O mundo ao redor parecia desaparecer. Não havia mais apartamento, mais cidade. Só eles, e a tempestade de sentimentos que os cercava.
"Eu não tenho medo de você," ela respondeu, mas a verdade se misturava com a mentira. Ela sentia o medo, mas também sentia algo mais profundo. Algo que a atraía para ele de uma forma que ela não conseguia controlar, como se ele fosse um imã que a puxava para um abismo desconhecido.
Dante a observou por um longo momento, como se estivesse pesando cada palavra dela, cada emoção que passava por ela. "Eu sei que você não tem medo de mim, Elena. Eu sei o que você sente. Você sempre sentiu." Sua voz era um sussurro, quase íntimo, e isso a deixava ainda mais confusa.
Ele se inclinou, quase tocando seus lábios, mas se afastou no último momento, deixando-a à deriva em um mar de desejo não consumado. Ele queria brincar com ela. Queria quebrá-la, e ao mesmo tempo, queria tê-la completamente.
"Você vai ceder. Vai me desejar até o fim," ele sussurrou, antes de dar um passo para trás e abrir a porta. "Eu vou fazer você se lembrar."
Isadora ficou ali, imóvel, sem saber o que pensar. O que fazer. O que sentir. O vazio que ele deixou parecia pulsar, ecoando em seu coração.
Ele saiu, deixando-a sozinha, mas a marca de sua presença estava em cada canto do apartamento. Ele não a havia deixado ir. E ela sabia, com uma certeza aterradora, que ele nunca a deixaria. A batalha interna que se desenrolava dentro dela era apenas o começo de algo muito maior, algo que poderia destruí-la ou, quem sabe, transformá-la para sempre.
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Atualizado até capítulo 31
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