### Flashback
_Isadora estava deitada na cama, os olhos fixos no teto.
Cada pensamento parecia mais pesado que o anterior, como se ela estivesse afundando em um mar de lembranças turvas. Mas o pior não era a lembrança de Dante; era o que ele representava. Ele era o eco de um passado que ela tentava esquecer, mas que insistia em voltar, como uma sombra que nunca a abandonava.
A porta do passado que ela tentava manter fechada, trancada, longe, parecia agora ter sido arrombada. Ele estava lá, entrando de novo, como antes, como se o tempo não tivesse passado.
Um ciclo vicioso que a mantinha presa em suas garras.
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**Cinco anos atrás.**
A chuva tamborilava nas janelas de uma mansão sombria, e o cheiro do couro e do whisky invadiu o ar, criando uma atmosfera densa e quase opressiva. Isadora se sentou na poltrona de veludo vermelho, tentando controlar a respiração, enquanto seu coração batia descompassado. Ele estava ali, diante dela, como sempre
— implacável, atraente e perigoso.
**Dante Moreau**.
Seu olhar estava fixo nela. Os olhos como duas cavernas escuras que pareciam devorá-la, sugando toda a sua força. Ele não falava. Não precisava. Cada movimento dele era uma ameaça velada, cada palavra que dizia era uma sentença, um aviso do que estava por vir.
Isadora sentiu a tensão elétrica no ar, como um fio desencapado prestes a provocar uma explosão. Ele deu um passo à frente, e sua presença, sempre tão avassaladora, fez seu corpo se arrepiar. Algo estava prestes a acontecer, ela sabia disso, e a expectativa fazia sua pele formigar.
“Não tenha medo, Elena” disse ele, a voz baixa e carregada de algo que ela não conseguia identificar
— um misto de promessas e perigos. Mas era impossível não sentir a força em cada sílaba, como se ele estivesse moldando a realidade ao seu redor.
Ela engoliu em seco, lutando contra a onda de emoções que a invadia. O nome que ele usava para ela não era mais o dela. Ele havia a transformado em alguém que não reconhecia, uma marionete em suas mãos. Mas algo dentro dela queria ouvir mais, algo que fazia seu coração bater mais rápido, como se estivesse em um jogo perigoso e sedutor. Era o jogo que ele a forçava a jogar, e ela estava ciente disso. Mas não podia parar. Não queria.
Dante sorriu, aquele sorriso perverso que ele usava quando estava prestes a conquistar o que desejava. Sem aviso, ele se agachou à sua frente, os dedos tocando seu rosto como se estivesse examinando cada linha, cada marca. Como se estivesse memorando quem ela era, e isso a fazia sentir-se exposta, vulnerável.
“Você ainda não entendeu o que significa ser minha, Elena,” ele sussurrou, os olhos deslizando para seus lábios. Ele estava perto demais, e a proximidade dela com ele a fazia sentir uma mistura de medo e desejo que não conseguia controlar, como se estivesse em uma dança perigosa.
A temperatura no quarto subiu, e ela engoliu em seco. Era como se o ar estivesse pesando, tornando cada respiração uma luta. Ela queria afastá-lo, queria gritar. Mas seus instintos, tão enfraquecidos por sua presença, faziam com que ela apenas ficasse ali, imóvel, como uma presa paralisada diante do predador.
Dante inclinou a cabeça para o lado, seus olhos penetrantes examinando cada detalhe de seu rosto. Ele passou os dedos por seu pescoço, o toque leve, quase carinhoso, fazendo com que ela sentisse um calafrio descendo por sua espinha, uma sensação que misturava prazer e dor.
“Você nunca será mais forte que eu,” ele murmurou, seus olhos queimando em seu rosto com uma intensidade que a deixava sem palavras. “E você vai aprender isso da maneira mais difícil. Eu não sou o homem que você acha que é. Eu sou muito mais.”
Isadora fechou os olhos, lutando contra a confusão de emoções que a envolviam. Não era apenas o medo que a dominava. Era a atração incontrolável, a sensação de ser arrastada para um abismo que ela não sabia se queria evitar ou se entregar. Era um conflito interno, uma batalha entre a razão e a paixão.
“Dante, por favor...”, ela sussurrou, mas ele não a deixou terminar. Ele estava tão perto agora que o calor do corpo dele a envolvia como uma prisão, uma armadilha da qual ela não queria escapar. Dante a pegou pelos ombros, puxando-a para ele com força, e seus lábios estavam a poucos centímetros dos dela, e ela podia sentir a tensão vibrando no espaço entre eles.
A respiração dele se misturava à dela, e, por um instante, o mundo parecia ter parado. As palavras desapareciam. O medo desaparecia. Só havia ele. Só havia ela. Era uma conexão intensa, quase sobrenatural, que a fazia sentir-se viva e ao mesmo tempo em perigo.
Ele sorriu, e esse sorriso, ainda mais cruel, foi o último estalo que quebrou a resistência dela. A linha entre o desejo e o desespero se desfez, e ela se viu à mercê dele.
"Você não pode fugir de mim, Elena. Já está presa."
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O som do celular vibrando trouxe Isadora de volta ao presente, mas a sensação de Dante ainda estava com ela, como uma sombra que a perseguia.
Ela olhou a tela. A mensagem estava lá, como uma confirmação do pesadelo que nunca havia acabado. A realidade a golpeou com força, mas a lembrança dele era um eco constante em seu coração.
**“Você mente com os olhos, Elena. Mas o corpo ainda lembra.”**
Ele sabia.
Ele sabia que ela não podia fugir. E o pior: ela não queria. A luta interna entre a razão e o desejo continuava, e, enquanto a chuva caía lá fora, Isadora percebeu que o passado nunca realmente a deixaria.
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Atualizado até capítulo 31
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