Kael ainda estava tentando recuperar o fôlego quando Lyra finalmente estabilizou a nave. O combate com os piratas havia deixado marcas no casco, mas a nave ainda estava funcional. O jovem mecânico olhou para Lyra, esperando respostas.
“Isso foi... intenso,” ele disse, tentando esconder o tremor em sua voz.
Lyra deu um meio sorriso. “Bem-vindo à vida fora da zona segura, garoto. Esse foi só o aquecimento.”
Kael bufou, passando as mãos pelo cabelo bagunçado. “Você age como se isso fosse normal. Eu quase fui morto! E essas coisas que fiz... Eu nem sei como controlar.”
Lyra virou-se para ele, sua expressão endurecendo. “E é por isso que estou te levando ao lugar certo. Onde você vai aprender a controlar esse poder, ou morrer tentando.”
Kael não gostou do tom daquela última parte, mas antes que pudesse perguntar mais, Lyra apertou alguns botões no painel, e uma tela holográfica mostrou um planeta à distância. Ele tinha um tom alaranjado, com anéis brilhantes ao redor.
“Bem-vindo a Kallion,” disse Lyra.
Kael franziu a testa. “Kallion? Nunca ouvi falar.”
“Isso é intencional,” respondeu Lyra. “É um planeta fora dos mapas oficiais, escondido em uma nebulosa densa. É onde o verdadeiro combate ao Império começa.”
A nave de Lyra mergulhou na nebulosa ao redor de Kallion, e Kael sentiu um calafrio enquanto olhava para a vastidão do espaço. Era como se estivessem entrando em uma cortina de fumaça brilhante, com raios de luz que dançavam como fantasmas ao redor da nave.
“Como é possível esconder um planeta inteiro aqui?” perguntou Kael, ainda tentando absorver tudo o que via.
“A nebulosa bloqueia sinais e sensores de longo alcance. É impossível rastrear qualquer coisa aqui dentro, a menos que você conheça as coordenadas exatas,” explicou Lyra, ajustando os controles.
Conforme a nave se aproximava, Kael viu pequenas luzes piscando no espaço. Inicialmente, ele pensou que fossem estrelas, mas logo percebeu que eram drones de vigilância.
“Amigos seus?” ele perguntou, apontando para as luzes.
“Proteção,” disse Lyra. “Sem eles, não estaríamos vivos para conversar.”
Uma voz grave e autoritária soou nos alto-falantes da nave.
“Aqui é o Portão de Kallion. Identifique-se imediatamente.”
Lyra pressionou um botão e respondeu com firmeza. “Lyra Grevan, código Phoenix-Zeta. Estou trazendo um Portador.”
Houve uma pausa do outro lado. Kael trocou um olhar nervoso com Lyra. Finalmente, a voz respondeu: “Aproximação permitida. Bem-vinda de volta, Lyra.”
Kael soltou um suspiro de alívio. “Eles não pareciam muito amigáveis.”
“Confiança é algo que se ganha aqui,” Lyra respondeu. “E você ainda não tem a deles.”
A nave pousou em uma plataforma que parecia surgir do próprio solo do planeta. Kael ficou surpreso ao ver que Kallion não era apenas um esconderijo, mas uma cidade inteira escondida sob a superfície. Prédios altos emergiam do chão, conectados por pontes metálicas e cercados por campos de energia que brilhavam com tons azuis e verdes.
Assim que desembarcaram, Kael sentiu dezenas de olhos sobre ele. Humanos e alienígenas de todas as formas e tamanhos estavam por toda parte, trabalhando em equipamentos, patrulhando a área ou apenas observando os recém-chegados.
“Eles parecem... desconfiados,” Kael comentou em voz baixa.
“Isso é porque você é novo. E porque você é um Portador,” disse Lyra. “Aqui, todos têm algo a esconder, mas também algo pelo qual lutar. Vai descobrir isso logo.”
Antes que pudessem dar mais passos, um homem alto e musculoso, com uma cicatriz atravessando o rosto, aproximou-se deles. Ele usava uma armadura escura e carregava uma arma que parecia mais pesada do que Kael conseguia imaginar.
“Lyra,” ele disse com um aceno breve, antes de virar os olhos penetrantes para Kael. “Este é o novo recruta?”
“Sim,” respondeu Lyra. “Ele ainda não sabe muito, mas tem potencial.”
O homem olhou Kael de cima a baixo, como se estivesse avaliando sua capacidade de sobreviver ali. “Vamos ver se ele aguenta. Eu sou Rhen. Comandante das forças aqui em Kallion.”
Kael tentou parecer confiante. “Kael Orion. Mecânico... e, aparentemente, Portador.”
Rhen deu um sorriso curto. “Um mecânico Portador. Isso é novo.”
“Tenho certeza de que vou me encaixar,” respondeu Kael, tentando soar firme.
Rhen soltou uma risada seca. “Espero que sim. Porque, se não, este lugar vai mastigar você e cuspir os pedaços.”
Lyra e Rhen levaram Kael para uma instalação subterrânea, onde uma série de salas estava equipada com tecnologia avançada. Em uma delas, havia um círculo metálico no chão, com símbolos que brilhavam em intervalos rítmicos.
“Isso é uma sala de treinamento,” explicou Lyra. “É aqui que você vai aprender a controlar seus poderes.”
Kael olhou para o círculo, sentindo uma pontada de ansiedade. “E se eu não conseguir?”
“Então não vai durar muito por aqui,” disse Rhen sem rodeios.
Lyra deu um leve empurrão em Kael, incentivando-o a entrar no círculo. “Relaxe. Confie no seu instinto.”
Assim que Kael pisou no círculo, ele sentiu uma energia pulsar sob seus pés. O ambiente ao seu redor mudou instantaneamente. Ele não estava mais em uma sala, mas em uma paisagem aberta, com céus vermelhos e uma tempestade furiosa ao longe.
“Isso é uma simulação?” ele perguntou, olhando ao redor.
“Sim,” respondeu Lyra através de um comunicador. “Mas os desafios aqui serão tão reais quanto qualquer batalha. Prepare-se.”
De repente, figuras começaram a se formar no horizonte. Eram soldados imperiais, mas havia algo estranho neles. Seus movimentos eram mecânicos, como se fossem máquinas disfarçadas de homens.
“Ótimo,” murmurou Kael, levantando as mãos. Ele tentou repetir o que havia feito na oficina, mas nada aconteceu.
Os soldados avançaram rapidamente, e Kael sentiu o pânico subir. Quando o primeiro deles atacou, ele instintivamente ergueu as mãos para se proteger. Uma onda de energia surgiu, derrubando os soldados mais próximos.
“Isso!” gritou Lyra no comunicador. “Concentre-se nesse sentimento.”
Kael tentou se concentrar, mas os ataques continuaram. Ele tropeçou, caiu e sentiu a dor do impacto no chão.
“Levante-se, garoto!” a voz de Rhen ecoou. “Ou vai morrer aí!”
Kael cerrou os punhos, o medo se transformando em raiva. Ele se levantou e, desta vez, sentiu a energia fluir como um rio selvagem. Quando os soldados se aproximaram novamente, ele gritou, liberando uma onda gravitacional que os desintegrou no ar.
Quando a simulação terminou, Kael estava de joelhos, ofegante. Lyra e Rhen entraram na sala, observando-o com atenção.
“Não foi ruim,” disse Rhen, embora sua expressão permanecesse severa.
“Foi melhor do que eu esperava,” acrescentou Lyra com um sorriso.
Kael olhou para eles, exausto, mas determinado. “Isso é só o começo, não é?”
“Exatamente,” respondeu Lyra. “E, se quer sobreviver, precisa ficar mais forte. O Império não vai dar segunda chance.”
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Atualizado até capítulo 50
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