capítulo 05 flashbacks

Iris- no vestiário...

A água quente escorria por sua pele, criando um véu de vapor que envolvia o pequeno banheiro. Iris mantinha os olhos fechados, tentando silenciar a própria mente. A missão tinha sido resolvida — Homero quase atrapalhara tudo —, e agora, o que ela queria era apenas esquecer.

Mas esquecer era um luxo que ela não podia mais bancar.

A cabeça encostada no azulejo frio contrastava com o calor da água. Ela soltou um suspiro lento. No instante seguinte, o passado a engoliu.

Flashback — 10 Anos Atrás

Chovia. Como sempre nos dias importantes da sua vida.

Iris ainda era jovem demais para entender a crueldade do mundo, mas velha o suficiente para sentir o peso da ausência. Estava sentada na varanda da casa da avó, os joelhos encolhidos contra o peito. Esperava. Esperava por um pai que prometera buscá-la para um fim de semana "só deles". Como nas outras vezes, ele não apareceu.

— Ele não vem, Iris... — disse a avó, com voz cansada.

— Ele prometeu.

— Ele sempre promete.

Ela não respondeu. Só fechou mais os braços em torno das pernas e fingiu que a chuva eram lágrimas emprestadas do céu.

Anos depois, já adulta, ela acreditou que talvez não fosse mais aquela menina esquecida. Havia alguém — um noivo, um parceiro de missão, um homem que prometera ficar.

Ele prometeu o mundo. Prometeu uma vida juntos depois da aposentadoria das armas. Prometeu que não havia outra.

E então... ela o encontrou com a tal “outra”. E descobriu que as promessas, pra ela, vinham sempre com prazo de validade.

Volta ao Presente

Iris abriu os olhos. A água ainda caía, mas já não parecia tão quente. Sentia o peito apertado como se alguém o tivesse comprimido com cordas de aço.

Ela desligou o chuveiro de um jeito brusco, como se pudesse também desligar a lembrança. Enrolou-se na toalha e vestiu-se saiu do vestiário e foi direto para a saída pegou seu carro e foi para casa, a garrafa de uísque esquecida sobre o balcão da cozinha ainda a esperava. Serviu um gole generoso.

“Amor é coisa pra gente fraca”, murmurou pra si mesma.

E no fundo... ela sabia que estava começando a temer o que mais odiava: que aquele tal de Homero talvez não fosse tão fácil de ignorar quanto ela gostaria. Depois de uns 30 minutos recebo uma mensagem de Stefani, me convidando para ir à um bar que a equipe sempre vai no centro, pensei em recusar mas eu queria relaxar e dos meus parceiros.

O bar estava mais cheio do que o normal naquela noite. Um lugar chique, com luz baixa, música ambiente e garçons que andavam como se estivessem pisando em nuvens. Nada disso fazia meu estilo. Mas ali estava eu, sentada numa mesa cercada por rostos familiares, todos com copos cheios e sorrisos leves.

— Milagre você ter vindo, Iris, — disse Antônio, com um sorriso debochado. — Achei que você fosse alérgica a diversão.

Revirei os olhos antes de levar o copo de whisky à boca.

— Talvez eu só tenha me cansado de ver vocês voltarem meio mortos e com ressaca sem mim. Resolvi vir supervisionar.

— Ah, claro, — respondeu ele rindo. — Vigiar a mesa de drinks. Deve ser uma missão de alto risco.

— Tô aqui, não tô? Então aproveita antes que eu me arrependa e suma de novo.

O grupo riu, e a noite seguiu com conversas soltas e bebidas fluindo. Homero estava ali também, mas mais afastado, do outro lado do bar. Ele fingia desinteresse, mas seus olhos vinham até mim de tempos em tempos. Eu percebia. Fingia que não.

Aos poucos, a galera foi indo embora. Primeiro Marcos, depois Shara e Stefani. Antônio saiu por último, me lançando um olhar de dúvida.

— Tem certeza que não quer que eu fique? Você nunca termina a noite sozinha.

— Hoje é a exceção. Vai embora, vai. Amanhã eu te conto se matei alguém.

Ele hesitou, mas acabou indo.

Fiquei.

Não por solidão. Mas porque o silêncio me dava espaço pra pensar, ou pelo menos tentava.

Foi quando um dos homens que rondava o bar desde mais cedo se aproximou. Alto, camisa justa, aquele sorriso que acha que engana. O parceiro dele ficou perto do balcão, chamando a atenção do garçom. Sutilmente, derramou algo em um copo.

Meu copo.

Mas eu não era estúpida. Vi o movimento pelo reflexo da parede espelhada ao lado. Me virei no instante em que o outro homem se aproximava, todo confiante.

— Tá sozinha? Quer companhia? — ele disse, tentando parecer charmoso.

Dei um passo à frente, com o olhar frio.

— Quero que você suma da minha frente antes que perca os dentes, serve?

Ele tentou disfarçar a tensão com um riso forçado.

— Ei, calma, gata. Tava só sendo simpático...

— Pois seja simpático em outra mesa. Essa aqui não é pro seu nível.

Ele ainda tentou se manter no lugar, mas um movimento meu com o ombro foi suficiente para fazê-lo recuar. Não toquei nele ainda. Mas o recado foi claro.

Atrás dele, o outro homem percebeu que o plano dera errado. Estavam prontos para sair... até que uma sombra surgiu. Homero.

Ele atravessou o bar sem pressa, mas com os olhos em chamas.

— Algum problema, senhores?

Os dois homens hesitaram, mas tentaram bancar os espertos.

— Só uma conversa mal interpretada, bro. Relaxa.

— Ah, eu tô relaxado. Mas se vocês não quiserem problemas reais, sugiro que desapareçam agora.

Eles recuaram. Rápido. Homero observou até que saíssem de vista.

Então, se virou pra mim.

— Você tá bem?

— Por que você ainda tá aqui? Me seguindo agora?

— Te observando, — ele respondeu, sem hesitar. — Porque sabia que ia dar merda.

Respirei fundo. A raiva misturada com o álcool fazia meu coração bater rápido. Tudo ficou meio turvo de repente.

A última coisa que lembro foi ver o copo. Aquele copo que eu não bebi. Mas... tomei outro. Será que foi o errado?

O chão se moveu sob meus pés. Minha visão escureceu.

E então, apaguei

Pela manhã...

O quarto estava escuro, mas não completamente. A luz suave que escapava da sala iluminava o teto branco, liso demais para ser o de qualquer quarto de hotel. Havia cheiro de café no ar. E de algo masculino.

Iris abriu os olhos de uma vez só, sentando-se na cama com a agilidade de quem está pronta para atacar. Suor na testa, punhos cerrados, respiração acelerada.

Reconhecimento. Instinto. Defesa.

— Onde diabos eu tô?

O movimento dela foi rápido. Em segundos, tinha arrancado a manta do corpo e procurado qualquer objeto que pudesse virar arma. Só parou quando a porta se abriu e Homero apareceu, com uma caneca de café em uma mão e expressão preocupada.

— Calma! — ele disse, levantando as mãos. — Você tá segura.

— O que você fez comigo? — ela rosnou. — Se encostou em mim, eu te arrebento!

Ela avançou. Ele quase deixou a caneca cair, mas não recuou.

— Você foi drogada. Eu te trouxe pra cá porque era isso ou te deixar na calçada pro primeiro imbecil abusar de você de novo.

— E por que não me levou pra casa?

— Porque você não me deixou chegar nem perto do seu endereço. Tava semi-inconsciente e armada. Eu não ia correr o risco de levar um tiro por tentar achar sua chave.

O silêncio entre eles foi cortado apenas pelo som do café pingando no chão.

Iris não disse nada por alguns segundos. Estava avaliando. Observando a respiração dele, a postura, a voz.

Nada indicava mentira.

Ela abaixou os ombros, ainda em alerta, mas menos agressiva. Passou a mão no rosto, sentindo a dor de cabeça se formar.

— Merda.

— Pois é. Quase precisei chamar reforço pra te segurar. Você me ameaçou até dormindo.

— Ótimo. Pelo menos a coerência me acompanha até no sono.

Ele sorriu de leve, mas não comentou.

Ela se levantou, percebendo que ainda estava com a roupa da noite. Nenhum botão solto, nenhum acessório mexido. Tudo exatamente como antes. Isso a acalmou — mas só um pouco.

— Não tá acostumada a confiar em ninguém, né?

Ela o olhou de lado, os olhos ainda frios.

— Confiança é um luxo. E eu não sou rica em ilusões.

Homero assentiu, compreendendo mais do que ela imaginava.

— Você quer que eu te leve pra casa agora?

— Não. Quero um banho, uma arma, e que essa noite desapareça da minha memória.

— Posso oferecer o banho. A arma... melhor deixar pra outro dia.

Ela arqueou uma sobrancelha, mas não retrucou. Caminhou até o banheiro como uma tempestade contida. Ao fechar a porta, soltou um suspiro profundo e trancou por dentro.

Sozinha no espelho, encarou a própria imagem. O rosto cansado, os olhos marcados por algo mais antigo do que a noite. A água quente começou a cair, e foi ali, naquele vapor silencioso, que os fantasmas do passado voltaram.

...-- Mamãe não me deixe aqui! Mamãe! -- O choro incontrolável de Iris e a dor do abandono fazia a sua cabeça criar um Looping continuo...

Capítulos
1 Capítulo 01 – O Casamento da Fusão
2 Capítulo 02
3 Capítulo 03 Peso morto
4 Capítulo 04
5 capítulo 05 flashbacks
6 Capítulo 06
7 Capítulo 07
8 Capítulo 08 Limites Intransponíveis
9 Capítulo 09
10 Capítulo 10 – Dívida de Sangue
11 Capítulo 11 Amizade e Armas
12 Capítulo 12 Chefão
13 capítulo 13 Fronteiras em Chamas
14 Capítulo 14 Paredes ruindo.
15 Capítulo 15
16 Capítulo 16
17 Capítulo 17 Noite Inquietante
18 Capítulo 18 Folga merecida.
19 Capítulo 19 Silêncios Que Dizem Tudo
20 Capítulo 20
21 Capítulo 21
22 Capítulo 22
23 capítulo 23 Depois do Tiroteio, Pipoca
24 Capítulo 24
25 Capítulo 25 Operação... Babá?
26 Capítulo 26 Sumiço de Sofia.
27 Capítulo 27 Semana infantil
28 capítulo 28
29 Capítulo 29
30 Capítulo 30
31 Capítulo 31
32 Capitulo 32 Operação Glitter Katana
33 Capítulo 33
34 capítulo 34
35 Capítulo 35 O jogo começa
36 Capítulo 36 Corredor de Pressão
37 Capítulo 37 Laços
38 Capítulo 38 Jantar surpresa
39 Capítulo 39
40 Capítulo 40
41 Capítulo 41 segredos
42 Capítulo 42
43 Capítulo 43
44 Capítulo 44 Tudo movido pela mentira
45 Capítulo 45
46 Capítulo 46 Gatilhos do coração
47 Capítulo 47 No coração da serpente
48 Capitulo 48 Segunda-feira de Guerra e Glitters
49 Capítulo 49
50 Capítulo 50
51 Capítulo 51 Videogame, Almofadas e... Confusão
52 capítulo 52
53 Capítulo 53 Missão carga perdida part 1
54 Capítulo 54 Missão carga perdida part 2
55 Capítulo 55 Ossos e sementes
56 Capítulo 56
57 Capítulo 57
58 Capítulo 58
59 Capítulo 59
60 Capítulo 60 Inimigos não usam corações
61 Capítulo 61 Missão Impossível – Aulas com Titios
62 Capítulo 62 Aprender, Amar e... Irritar a Iris
63 Capítulo 63
64 Capítulo 64 Dia no shopping
65 Capítulo 65 Momento a dois
66 Capítulo 66
67 Capítulo 67
68 Capítulo 68
69 Capítulo 69
70 Capítulo 70
71 capítulo 71 VÉSPERA DE GUERRA
72 Capítulo 72 CALMA ANTES DO FOGO
73 Capítulo 73 Fogo livre
74 Capítulo 74
75 Capítulo 75 Recomeços
76 Capítulo 76 Família
77 Capítulo 77
78 capítulo 78 Jantar em família
79 Capítulo 79 A Lua, a Rosa e o Sim
80 Capítulo 80 Novo ciclo
81 Capítulo 81 Promessas e Katanas
82 Epílogo – “Toda Guerra Vale a Pena Quando se Tem por Quem Voltar”
Capítulos

Atualizado até capítulo 82

1
Capítulo 01 – O Casamento da Fusão
2
Capítulo 02
3
Capítulo 03 Peso morto
4
Capítulo 04
5
capítulo 05 flashbacks
6
Capítulo 06
7
Capítulo 07
8
Capítulo 08 Limites Intransponíveis
9
Capítulo 09
10
Capítulo 10 – Dívida de Sangue
11
Capítulo 11 Amizade e Armas
12
Capítulo 12 Chefão
13
capítulo 13 Fronteiras em Chamas
14
Capítulo 14 Paredes ruindo.
15
Capítulo 15
16
Capítulo 16
17
Capítulo 17 Noite Inquietante
18
Capítulo 18 Folga merecida.
19
Capítulo 19 Silêncios Que Dizem Tudo
20
Capítulo 20
21
Capítulo 21
22
Capítulo 22
23
capítulo 23 Depois do Tiroteio, Pipoca
24
Capítulo 24
25
Capítulo 25 Operação... Babá?
26
Capítulo 26 Sumiço de Sofia.
27
Capítulo 27 Semana infantil
28
capítulo 28
29
Capítulo 29
30
Capítulo 30
31
Capítulo 31
32
Capitulo 32 Operação Glitter Katana
33
Capítulo 33
34
capítulo 34
35
Capítulo 35 O jogo começa
36
Capítulo 36 Corredor de Pressão
37
Capítulo 37 Laços
38
Capítulo 38 Jantar surpresa
39
Capítulo 39
40
Capítulo 40
41
Capítulo 41 segredos
42
Capítulo 42
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Capítulo 43
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Capítulo 44 Tudo movido pela mentira
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Capítulo 45
46
Capítulo 46 Gatilhos do coração
47
Capítulo 47 No coração da serpente
48
Capitulo 48 Segunda-feira de Guerra e Glitters
49
Capítulo 49
50
Capítulo 50
51
Capítulo 51 Videogame, Almofadas e... Confusão
52
capítulo 52
53
Capítulo 53 Missão carga perdida part 1
54
Capítulo 54 Missão carga perdida part 2
55
Capítulo 55 Ossos e sementes
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Capítulo 56
57
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Capítulo 59
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Capítulo 60 Inimigos não usam corações
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Capítulo 61 Missão Impossível – Aulas com Titios
62
Capítulo 62 Aprender, Amar e... Irritar a Iris
63
Capítulo 63
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Capítulo 64 Dia no shopping
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Capítulo 65 Momento a dois
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Capítulo 66
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Capítulo 69
70
Capítulo 70
71
capítulo 71 VÉSPERA DE GUERRA
72
Capítulo 72 CALMA ANTES DO FOGO
73
Capítulo 73 Fogo livre
74
Capítulo 74
75
Capítulo 75 Recomeços
76
Capítulo 76 Família
77
Capítulo 77
78
capítulo 78 Jantar em família
79
Capítulo 79 A Lua, a Rosa e o Sim
80
Capítulo 80 Novo ciclo
81
Capítulo 81 Promessas e Katanas
82
Epílogo – “Toda Guerra Vale a Pena Quando se Tem por Quem Voltar”

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