– O Segredo no Subsolo
A chuva caía fina sobre San Belluno naquela noite. O som das gotas batendo no telhado da antiga fábrica parecia um lamento. Gabriel, de capuz e botas pesadas, caminhava entre os corredores abandonados do antigo setor de torrefação, guiado por uma sensação que ele não sabia explicar. Cada passo ecoava entre paredes que guardavam mais do que histórias: guardavam verdades soterradas.
Havia algo sob seus pés. Algo que Isabella queria que ele descobrisse.
O coração de Gabriel batia forte, como nos dias em que a via dançar no meio da plantação, entre o verde e o dourado do sol. Mas agora era diferente. Agora, era como se o próprio chão estivesse tentando falar com ele.
No canto mais antigo da fábrica, atrás de um painel falso coberto por poeira e rachaduras, ele encontrou uma passagem. As tábuas estalaram sob suas mãos. Um alçapão. Trancado, mas frágil. Ele arrombou com um pé de cabra.
O cheiro de mofo e lembrança antiga invadiu seu rosto. Desceu com cuidado. Uma escada de ferro, enferrujada, levava ao que parecia ser um porão escondido — nenhum registro da planta da fábrica mencionava aquele lugar.
E então, ele viu: uma sala. Mesas cobertas por panos antigos, documentos amarelados, caixas e mais caixas com etiquetas datadas de 1979. Uma delas trazia escrito "Para Pietro - abrir somente após minha partida".
As mãos tremiam. Gabriel abriu.
Lá dentro, havia cartas. Fotografias. Um diário.
As palavras eram da mãe de Isabella. E cada linha era um furo na alma:
"Pietro, se está lendo isso, é porque parti sem te contar a verdade. Nossa filha carrega uma missão maior do que imagina. Ela não é nossa apenas por sangue. É nossa por destino. Eu sonhei com ela antes mesmo de engravidar. Ela veio de outras eras..."
Gabriel sentou no chão. A cabeça girava. Isabella havia vivido outras vidas. E aquela morte, aparentemente sem explicação, começava a fazer sentido.
O diário falava de uma traição — um irmão de Pietro, ex-sócio da fábrica, que foi expulso anos antes. Falava de um pacto. De um acidente que nunca foi acidente. E de uma profecia envolvendo a morte da filha.
Enquanto lia, uma vela que ele havia acendido tremeluziu. A chama cresceu subitamente. E ali, diante dele, surgiu uma imagem tênue... Isabella.
Ela o olhava com tristeza, mas também com amor. Tocou seu rosto com a ponta dos dedos etéreos.
— Você está chegando perto, meu amor... Mas há mais. Muito mais. Proteja meu pai... mesmo que ele precise partir para que eu volte.
E desapareceu.
Gabriel chorou. Não lágrimas simples. Mas lágrimas de alma, que lavam o que está por dentro. Ele sabia: não podia mais fugir do que era. Estava no centro de algo maior do que imaginava. E precisava descobrir tudo.
No alto da mansão, Pietro também sentia algo diferente naquela noite. Pegou a caixa de madeira. Pela primeira vez, destrancou-a. Dentro, havia uma única carta. Com a caligrafia da esposa.
“Se você quiser ver sua filha livre, vai ter que abrir mão da vida que você conhece. Porque há coisas que só podem ser resolvidas com a morte. E com o perdão.”
Pietro fechou os olhos. Um raio cortou o céu. E o passado, enfim, começou a se levantar das sombras.
...
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Atualizado até capítulo 32
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