1. CAPÍTULO

– O Cheiro do Cacau e da Saudade

O aroma denso do cacau subia com o orvalho da manhã, carregando memórias que cortavam como lâmina fina. Gabriel caminhava entre as fileiras do pomar com passos lentos, chapéu de palha na mão, a camisa colada ao peito forte de tanto suor e saudade. O corpo dele, queimado pelo sol do sul da Bahia, denunciava anos de lida com a terra, mas também guardava a delicadeza de um homem que sabia amar — e amar profundamente.

Seus dedos calejados tocavam suavemente as folhas, como quem acaricia uma lembrança. E era dela que ele se lembrava: Isabella.

Isabella Ferranti, a mulher dos olhos cor de mel dourado, pele fina como seda, que parecia ter sido esculpida com os próprios fios do amanhecer. Alta, postura ereta como uma bailarina de gala, mas com um sorriso tão descomplicado que quebrava qualquer formalidade. Seu vestido de linho claro ainda parecia caminhar com ele no vento.

Ela gostava de chá com hortelã, flores brancas no vaso e livros de mistério. Amava o cheiro da fábrica, o som das engrenagens misturado ao perfume do chocolate. Mas o que mais a encantava… era Gabriel.

— "Você tem cheiro de vida real", ela dizia, afundando o rosto em seu peito.

E ele? Gabriel não era letrado, mas era sábio. Sabia quando a terra queria chuva. Sabia quando um coração batia de medo. Sabia, acima de tudo, que Isabella era sua alma gêmea — mesmo que viessem de mundos tão distantes.

Mas naquele segundo, parado diante da árvore onde ela sempre encostava para observá-lo em silêncio, Gabriel sentiu o chão tremer levemente sob seus pés. Um vento frio, súbito. Como um arrepio que não vinha do corpo, mas da alma.

Virou-se lentamente.

E viu.

Lá no alto da varanda da mansão Ferranti, entre véus de neblina que pareciam dançar com a luz do sol nascente… uma silhueta. O mesmo vestido de linho claro. O mesmo jeito de cruzar os braços. O cabelo solto, balançando com o vento. Os olhos fixos nele.

O coração de Gabriel parou. Um segundo. Dois.

— Isabella...? — murmurou, sem som.

Mas a figura desapareceu como um sopro.

Ele apertou o peito.

Estava enlouquecendo?

Ou... será que ela estava mesmo ali?

Longe dali, no além, Isabella lutava. Protegia-o. Chorava ao vê-lo desmoronar. E sabia: para libertar o próprio espírito, precisava enfrentar a verdade que dormia sob os alicerces da fábrica.

A verdade que envolvia o nome de seu pai… e um passado que ninguém ousava desenterrar.

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Continua...

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