(Capítulo 2)
O corredor silenciou por um instante, a fúria contida de Billy Hargrove preenchendo o espaço. A mão dele, grande e forte, esticou-se para agarrar o colarinho de Alex, um movimento instintivo para dominar, para puxar para perto e intimidar.
Mas Alex não era um dos alvos fáceis de Billy.
Com um movimento rápido e fluido, Alex girou levemente o corpo para o lado, desviando do alcance da mão de Billy. Foi quase imperceptível, não uma fuga assustada, mas uma esquiva controlada, a de alguém que sabe como evitar ser pego. Ele manteve o contato visual, a expressão impassível, mas a faísca de aço em seus olhos ainda estava lá.
Billy cambaleou meio passo para o lado, pego de surpresa pela esquiva suave. Seus olhos se arregalaram por uma fração de segundo – ninguém desviava dele assim, não ali, não na frente de todos. A surpresa se transformou em uma raiva ainda mais ardente.
"Tá se achando espertinho, é?!", Billy rosnou, reajustando a postura, o corpo tenso, pronto para escalar a agressão. Ele avançou novamente, o punho fechando.
Alex não esperou o ataque direto. Quando Billy se moveu, Alex ergueu os braços num gesto rápido e defensivo, bloqueando o primeiro impulso de Billy. Não era uma briga de rua desajeitada; havia uma técnica ali, uma eficiência que Billy não esperava. Alex usou a força de Billy contra ele por um instante, desviando o golpe e usando o momento para criar um pequeno espaço entre eles.
"Acho que você não entendeu", Alex disse, a voz ainda surpreendentemente calma, mas com uma firmeza inabalável. Ele não estava sorrindo sarcasticamente agora. Estava sério, os olhos focados. "Eu disse, não vale a pena."
Essa demonstração de habilidade, de controle em meio à própria fúria, pareceu chocar Billy mais do que qualquer soco poderia. O punho de Billy parou no ar por um instante. Ele estava acostumado com medo ou com desafios diretos e desajeitados. Não com essa calma competência. Ele viu a falta de medo nos olhos de Alex, não a bravata vazia de alguém que está prestes a apanhar, mas a confiança de alguém que sabe que não vai.
Uma mistura de choque, humilhação (pois vários olhares curiosos estavam sobre eles) e uma raiva confusa passou pelo rosto de Billy. Quem era aquele cara? Por que ele não estava agindo como todos os outros? E por que... por que Alex o estava encarando daquele jeito, com aquela quietude que parecia ver através dele?
Antes que Billy pudesse decidir entre lançar um ataque total ou recuar, o sino da escola tocou. Alto, estridente, implacável. O som rompeu a tensão, sinalizando o fim do período e o início do próximo.
A multidão no corredor, que havia se congelado, começou a se mover novamente, hesitante no início, depois com mais pressa, querendo sair dali e se distanciar do foco de perigo.
Billy e Alex permaneceram parados por mais um segundo, encarando-se. A respiração de Billy estava um pouco ofegante pela raiva contida. A de Alex era regular. O momento parecia durar uma eternidade, o barulho dos armários batendo e das vozes distantes preenchendo o silêncio entre eles.
Os olhos de Billy percorreram o rosto de Alex – o olhar firme, a leve marca de cansaço sob os olhos, a linha da mandíbula definida. Havia algo ali que ele não conseguia decifrar, algo que o irritava profundamente e o intrigava ao mesmo tempo. Era mais do que apenas o desafio. Era a autonomia de Alex, a maneira como ele se mantinha firme em sua própria pele, sem pedir permissão ou desculpas.
Alex não desviou o olhar. Ele viu a fúria nos olhos azuis de Billy, a performance agressiva, mas por um instante, ele pensou ter visto algo mais fugaz por baixo – uma faísca de surpresa, talvez até algo parecido com... reconhecimento? Ou era apenas a raiva?
Eventualmente, a necessidade de se mover, o fluxo de alunos aumentando ao redor deles, quebrou o impasse. Billy deu um passo para trás, seu maxilar travado. Alex fez o mesmo, virando-se calmamente.
Sem dizer mais uma palavra, Billy se virou abruptamente e abriu caminho pela multidão, Tommy e Carol apressando-se para segui-lo, lançando olhares de confusão e cautela para Alex.
Alex observou as costas de Billy se afastando, a pose ainda rígida, o cabelo loiro balançando levemente. Ele respirou fundo, a adrenalina diminuindo. Aquilo tinha sido... intenso. Diferente do que ele esperava. Billy Hargrove não era apenas um valentão barulhento; havia uma complexidade perturbadora por trás daquela raiva.
Ele ajustou a alça de sua mochila e continuou seu caminho pelo corredor, a cena ainda ecoando em sua mente. Ele sabia que aquele confronto não seria o fim. Era apenas o começo. E a raiva nos olhos de Billy, a forma como ele reagiu a ser desafiado por alguém como Alex... aquilo o deixou pensando.
E assim termina o segundo capítulo, com o confronto inicial e a primeira impressão forte mútua estabelecida. A semente foi plantada.
[ Continua no próximo capítulo.... ]
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 66
Comments
Frederick
Que história mais emocionante
2025-05-24
1