O colégio de Forchville era um prédio antigo de tijolos avermelhados, com janelas altas e corredores que cheiravam a pó, livro velho e produtos de limpeza.
Hanna costumava dizer que, se você ouvisse bem, podia ouvir os sussurros de décadas passadas ecoando pelas paredes, segredos de adolescentes que já haviam ido embora ou morrido de tédio no último período de álgebra.
Naquela manhã, o céu estava encoberto e o vento carregava folhas secas que dançavam pela entrada principal. Hanna chegou mais cedo do que de costume. Seu coração batia rápido por uma razão que ela fingia não entender:
Ela andava distraída pelo corredor principal, entre armários barulhentos e conversas abafadas, quando o viu.
Hanna: " Jared Miller."
Encostado na parede, mexendo em seu armário com uma fita de K7 na mão, ele parecia deslocado, como se tivesse saído de um filme que não pertencia àquela realidade. Usava uma jaqueta jeans gasta com uma caveira bordada nas costas e botas pretas sujas de barro (o mesmo barro da floresta, talvez).
Mas havia algo mais... Algo que fazia os olhos dela não conseguirem desviar.
Ele também a viu.
Jared: "Lady Cooper (disse ele, com um meio sorriso que misturava ironia e ternura) Você estuda aqui?
Hanna: " Que decepção, né? Achei que conseguiria manter minha vida secreta por mais tempo.
Hanna tentou parecer indiferente, mas seus dedos apertavam os livros com força.
Jared: " Você tá no primeiro ano? "
Jared fechou o armário com um estalo.
Hanna: " Sim. E você? "
Jared: " Terceiro. Mas não se assuste, não sou um desses caras estranhos que ficam rondando as calouras...
(Ele parou) Só você, talvez.
Ela soltou uma risada curta e desconfiada.
Hanna: "Então vai retornar os estudos aqui? "
Jared: " Sim, só agora que voltei de... uma pausa."
Hanna: " Pausa?"
Jared: " Algumas coisas aconteceram. Perdas. Mudanças. O tipo de coisa que faz você ver o mundo com outros olhos."
Os olhos dele eram profundos, escuros como o fundo de um lago antigo. Hanna sentiu um calafrio subir pela espinha. Mas não era medo.
Era como se ela estivesse diante de alguém que sabia o que era dor. Que carregava o mesmo tipo de cicatriz invisível.
Hanna:" Eu entendo. " disse ela, baixando a voz.
Jared: " Aposto que entende mesmo."
O sinal tocou, alto e agudo. Mas por um instante, nenhum dos dois se mexeu.
Jared: " Você vai pra aula de história? "
Hanna: " Sala 202."
Jared: " Coincidência... A minha é do lado."
Ele deu um passo adiante e então, como quem carrega segredos nos bolsos, sussurrou:
Jared: " Quer dividir os fones comigo de novo? "
Ela sorriu, como se aquilo fosse um pacto silencioso entre eles.
Hanna: " Só se for a mesma fita."
Jared: " Sempre a mesma fita. "
Ele tirou o walkman da mochila, e juntos, seguiram pelo corredor entre os colegas barulhentos como se andassem em um mundo à parte, conectados por um fio invisível de música, mistério... e algo que ainda não sabiam nomear.
Mas o destino, impiedoso como sempre, já movia suas peças.
Na sala 203, onde Jared entrou, uma janela mal fechada bateu com força por conta do vento que vinha da floresta.
E por um segundo, Hanna jurou ouvir... um sussurro estranho. Quase um chamado.
Algo que dizia seu nome.
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Atualizado até capítulo 32
Comments
Simone
não tem fotos
2025-05-21
1