capítulo: 2

Erick Narrando

Estava deitado em minha cama olhando para o teto. Morava na cidade de São Paulo, estudava em uma escola particular, consegui uma bolsa em um sorteio que teve pela Internet.

Sempre morei com minha mãe e minha irmã mais velha. Meu pai se separou da minha mãe quando eu ainda era um bebê, ela nunca explicou direito o por que que ele a traiu. Minha mãe trabalhava de diarista, ela me dava tudo que eu queria.

Na escola a minha vida não é perfeita, todos os dias eu sou zoado por ser bolsista, mas entre essas zoações, eu acabei me apaixonando por um garoto em específico. Dava para perceber que Mário era heterossexual, e ainda por cima rico. Sempre tentei odiá-lo, mas algo em mim pediu que eu não fizesse isso.

Naquele noite apenas fechei meus olhos e adormeci pesadamente. Acordei no outro dia com minha irmã derrubando a porta.

- vai quebrar essa porcaria ?- gritei de dentro do quarto

- palito ambulante, se levanta logo dessa cama, nós vamos nos atrasar para a escola - disse abrindo a porta

- abriu a porta como ?- perguntei coçando os olhos

- esqueceu que a mãe tem a chave cópia do seu quarto- disse me mostrando a chave

- e eu não sou palito ambulante. Você que acorda parecendo uma sem-teto - disse sorrindo

Segui para o banheiro e minha irmã veio atrás. Eu me assumi gay para minha mãe quando tinha meus quinze anos, e até hoje minha mãe me destrata, ela me olha e vira a cara, as vezes eu sinto que sou excluído por ela. Mas para a minha sorte eu tenho Alice, minha irmã, que me aceita e me apoia. Mas ainda sofro por conta da rejeição da minha mãe.

- garoto, arruma esse cabelo, está parecendo que tomou um choque - disse Alice sorrindo e olhando para mim

- quando você começar a acordar com o cabelo perfeito, você me avisa - disse escovando os dentes

- meu cabelo é uma beleza

- é igual cabelo de cú, fede pra caralho - falei gargalhando

- não vou perguntar nada, senão eu perco a vontade de tomar café da manhã - disse ela fazendo barulho de vômito

Alice estudava na mesma escola que eu. Eu gostava disso, pois pelo menos ela me fazia companhia no decorrer do dia.

- Alí, será que você passa de ano ?- perguntei me lembrando das vezes que ela repetiu

- acho que sim, já estou com dezoito anos, não posso ficar repetindo na escola, tenho que trabalhar para alugar a nossa casa - disse sorrindo

Alice sempre dizia que iria começar a trabalhar para alugar uma casa e me tirar de dentro da casa de nossa mãe, assim eu não teria que ficar suportando a rejeição dela todos os dias.

- as vezes eu penso em conversar com ela. Mas não sei se seria uma boa ideia

- palito, a mãe precisa de um tempo, dé esse tempo para ela - disse me chamando pelo apelido que eu tanto odiava

- Alí, posso te perguntar uma coisa ?- perguntei encarando ela através do espelho

- diga

- por que de uma hora para a outra você resolveu me apelidar de palito, sendo que sempre me chamou de maninho ?- perguntei curioso

- sim, antes eu te chamava de maninho, mas isso foi antes de você se assumir. Eu coloquei seu apelido de palito, por que, são utensílios frágeis quando se aplica muita força, e você é resumindo em fraqueza e magreza- disse gargalhando

- não sou tão magro assim

- as vezes parece que vai desaparecer- disse gargalhando exageradamente

Eu tenho cabelos castanhos longos, olhos castanhos claros, uma pele branca que nem papel, um corpo um tanto quanto magro.

- vamos logo, ou vamos nos atrasar, e sabe que isso é ruim - disse saindo do banheiro

- eu queria te pedir um conselho, mas quando estivermos indo eu falo - falou ela seguindo na minha frente

Descemos as escadas e me sentei na mesa, minha mãe estava colocando as últimas coisas do café na mesa.

- Bom dia mãe- disse sorrindo

- Bom dia mãe- disse Alice encarando as costas da mulher

- Bom dia minha filha, como dormiu ?- perguntou finalmente se virando

- muito bem. Mãe, por que não responde o Erick ?

- o seu pai disse que essa semana vem aqui, esteja pronta para receber ele - disse mudando totalmente o rumo da pergunta

Parecia que eu era um intruso ali, por que tinha momento que eu me sentia invisível. Após alguns minutos tomamos café, e seguimos para a escola que ficava apenas alguns minutos de caminhada da nossa casa.

- então, o que queria me perguntar ?- disse andando

- eu estou tendo um caso com um carinha, ele é lindo de morrer, mas só me trata bem quando estamos perto dos amigos dele - disse olhando para baixo

- Alí, larga desse cara. Dá um pé na bunda dele, só assim ele vai saber a pessoa maravilhosa que ele perdeu

- acho que já está mais do que na hora de fazer isso, obrigado por me ajudar- disse me abraçando

- sempre que puder eu vou ajudar- falei sorrindo

Andamos mais alguns quilômetros, e logo chegamos em frente a porta da escola. E como sempre eu me senti desconfortável com aqueles riquinhos que me encaravam

- o que foi, perderam o cú aqui ?- disse minha irmã escandalizando

Todos pararam de me encarar e seguiram para dentro da escola. Nos aproximamos do porteiro, e ele logo sorriu.

- Bom dia Walter, como você está ?- perguntou minha irmã sorrindo

- Bom dia Alice, estou vendo que está bem animada essa manhã- disse encarando minha irmã

- o que é um milagre - disse gargalhando e recebendo um tapa no ombro

- Bom, não vamos tomar o seu tempo, até mais tarde Walter- falou a garota entrando na escola

O homem apenas deu um leve aceno. Minha irmã se despediu de mim e seguiu para onde as amigas dela estavam acenando, nossas salas eram separadas, por que minha irmã estava no último ano do ensino médio, e eu ainda estava no fundamental.

Andei alguns minutos, e logo encontrei minha melhor amiga que estava sentada embaixo de um pé de árvore escutando música e lendo algo.

- o que esta lendo piranha ?- perguntou chamando a atenção dela

- oi rapariga, estou lendo um romance que peguei emprestado com minha mãe, se chama " o amor mora ao lado "

- acho que já ouvi falar

- é uma maravilha, te aconselho a ler - falou me encarando

Isabela e eu nos conhecemos desde a primeira série, tudo que acontece em minha vida, eu conto para ela, e tudo que acontece na vida dela ela me conta, adoro a intimidade que temos um com o outro.

- Isa, já quer ir para a sala ?- perguntei encarando ela

- ainda não, para de ser nerd

- mas então amiga, você já arrumou alguém ?- perguntei me sentando ao lado dela

- ainda não, estou procurando. Você eu não vou nem perguntar, sei que é perdidamente apaixonado pelo Mario- disse gargalhando

- eu sei que eu não deveria, mas algo me diz que ele é uma boa pessoa

- rapariga, ele faz bullyng com você desde que pisou nessa escola. Você sabe que ele é heterossexual, então resumindo, você você tem chance alguma com ele - disse ela me encarando

- eu sei amiga, mas não mandamos no coração. Eu as vezes tento esquecer ele, mas te confesso que é impossível, muitos pensamentos fazem com que isso não aconteça - falei sorrindo

- você tem que dar um jeito amigo, ou vai ficar sofrendo pelos cantos- disse se levantando e estendendo a mão para mim

- você tem razão, vou tentar me apaixonar por outras pessoas- falei segurando na mão dela e me levantando

Seguimos para a sala, para minha sorte Isa estudava na mesma sala que eu, me deixava mais confortável. Entramos naquele lugar e todos que estavam sentados pararam o que estava fazendo para me encarar.

Caminhei em direção a uma cadeira vazia nos fundos da sala, coloquei as alças da mochila na cadeira e me sentei. Isa se sentou em minha frente como sempre fazia.

Ficamos ali conversando, e logo o professor entra, atrás dele estava Mário e Mariano, os dois perceptívelmente haviam chegado atrasados.

- oh, as duas princesas da Disney chegaram atrasadas mais uma vez - disse Isa sorrindo

- você sabe que isso já é rotina na vida deles, com toda certeza devem estar subornando o guardinha para entrar

Mário logo me encarou e deu um sorriso perverso, eu sabia o que aquele sorriso significava, e infelizmente eu teria que aguentar por mais algumas horas.

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