Capítulo 3

Ester saía para todos os lados durante o dia. Ela morava em um prédio de quatro andares e subia e descia as escadas várias vezes ao dia, sempre inventando algo para fazer ou resolvendo problemas da casa a pedido da mãe. O prédio não tinha elevador, portanto, era um exercício diário subir até o terceiro andar, onde ela morava.

Naquele dia, porém, estava apressando os passos. A penumbra da janela do corredor não foi suficiente para iluminar o local, e ela tropeçou na metade da escada, rolando cerca de dez degraus até cair no chão. Foi socorrida pela mãe minutos depois, após gritar por ajuda.

Alice e Davi foram ao hospital ver como a amiga estava e, lá, descobriram que, por sorte, ela teve apenas um pé torcido. Mas o que ela disse chocou os amigos:

— Eu não tropeçaria sem motivo. Foi estranho…

— O que quer dizer? — perguntou Alice.

— Senti uma sombra atrás de mim. Acho que alguém pode ter me empurrado. Eu estava distraída, mexendo no celular e ouvindo música no fone de ouvido.

— Sério? Quem faria isso dentro do seu prédio?

— Estou pensando naquela pessoa desconhecida do nosso passado. E se essa pessoa ainda estiver por perto e nos seguindo?

— É verdade… Não sabemos o paradeiro dessa pessoa.

— Então, temos que tomar o máximo de cuidado possível. Podemos estar todos em risco.

Depois disso, os amigos ficaram mais aflitos e passaram a levar mais a sério a possibilidade de que houvesse outra pessoa no grupo deles. No grupo de mensagens, combinaram que procurariam pistas. Alice se dispôs a ir até a antiga escola, e Davi disse que a acompanharia. Ester, ainda em recuperação do acidente, prometeu perguntar aos pais se eles se lembravam de algo. Max estava ocupado com a faculdade, e Claude se ofereceu para ajudar no que fosse possível, apesar do trabalho intenso na hamburgueria.

Não demorou muito para que Ester aparecesse no grupo enviando várias mensagens sobre o que os pais disseram. Segundo ela, os pais lembravam de mais alguém acompanhando os amigos, mas não recordavam quem era nem a fisionomia da pessoa, o que era muito estranho.

Claude levantou a possibilidade de que talvez os pais não quisessem dizer a verdade por algum motivo muito sério. Era como se precisassem abafar uma história, esconder algo ruim e enterrar o passado. Os amigos concordaram.

Faltava ir à escola. Alice e Davi marcaram o mais rápido possível de se encontrar na porta da instituição, o que aconteceu no dia seguinte. Eles foram recebidos pela diretora, que se lembrava deles, e perguntaram se ela recordava do grupo de amigos. A resposta foi negativa. Alice e Davi se entreolharam com desconfiança e pediram:

— Podemos ver nossos arquivos? Materiais, provas, trabalhos ou qualquer outro registro nosso e dos colegas do nosso grupo?

— Infelizmente, não podem. A escola arquiva os materiais dos alunos de forma privada, e esses documentos são sigilosos.

Os dois hesitaram, sem querer insistir demais para não causar um mal-entendido. Mas Alice sugeriu:

— Então, podemos dar uma volta pela escola?

— Tudo bem. Vou permitir porque vocês foram bons alunos. Inclusive, eram representantes de turma durante todo o ensino médio.

Assim, eles começaram a percorrer a escola. O local era grande, cheio de salas, corredores, um extenso pátio, três quadras e um enorme jardim, onde ocorriam aulas de jardinagem. Lá, os alunos aprendiam a plantar e a cuidar de hortas.

Eles caminharam pelos corredores até reconhecerem a última sala de aula que usaram. Depois, andaram pelo pátio e se sentaram em um banco próximo ao jardim.

— Você se lembra quando ficamos até mais tarde na escola por causa de uma tempestade? Você estava com tanto medo que ficou abraçada comigo. — comentou Davi, com as bochechas coradas.

— Sim, lembro bem desse dia. Foi apavorante…

— Nós dois ficamos sozinhos por um tempo na sala e aconteceu algo. Você lembra? — perguntou ele, ficando completamente vermelho.

Alice olhou nos olhos dele e sorriu, mas, antes que pudesse responder, o sinal do intervalo disparou. Vários alunos saíram das salas conversando alto, e o barulho encheu o lugar.

Eles se afastaram e Alice sugeriu que fossem até o jardim. Algumas árvores cercavam o local, tornando-o mais isolado do prédio de aulas.

— Veja… É aquela árvore onde rabiscamos nossos nomes com um estilete!

— Sim, eu me lembro… Mas, espera… — Davi segurou o braço de Alice, parando-a.

— Esse pode ser o momento em que descobrimos quem era o nosso amigo do passado. Afinal, estávamos todos juntos quando marcamos nossos nomes. Foi um símbolo da nossa amizade.

— É verdade… Podemos descobrir o nome da pessoa. — Alice abaixou a voz e estremeceu.

— Você está com medo?

— Precisamos descobrir. Vamos!

Eles se aproximaram, passo a passo, da enorme árvore. Era a mais afastada das outras, e o local era tão silencioso que quase não se escutava o barulho dos alunos.

Com receio, começaram a procurar os nomes. Quando Davi deu a volta na árvore, encontrou várias inscrições, já desgastadas pelo tempo.

— Achei! Aqui estão os nossos nomes…

Alice se aproximou e passou o dedo sobre um nome desconhecido entre os gravados.

O nome era: Luca Vergane.

Os dois se entreolharam, os olhos arregalados e as sobrancelhas franzidas, como se estivessem diante de uma revelação bombástica.

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