Davi acordou suado. Havia se esquecido de ligar o ar-condicionado, e Seten estava fazendo muito calor. Ele se sentou na cama, ainda incapaz de se levantar. Eram apenas cinco horas da manhã.
Lembrou-se do pesadelo que acabara de ter. Sonhou com a pessoa desconhecida que usava a capa preta. No sonho, a figura se aproximava do grupo e pedia para que eles não contassem a ninguém. No entanto, não era possível ver seu rosto. Depois de ouvir o pedido, os amigos corriam, assustados. O sonho parecia tão real que o deixou inquieto.
Ele ligou para Alice e contou o que havia sonhado. Ela não queria fazer especulações, mas sugeriu:
— Que tal fazermos uma reunião para ver se, juntos, conseguimos lembrar do que aconteceu naquele dia?
— Tudo bem… Mas eu posso confiar em você, por isso te digo que estou com medo. E se no passado conhecemos alguém ruim? E se fizemos algo ruim?
— Não somos pessoas ruins, não fazíamos mal a ninguém. Não se preocupe tanto. — Ela tentou acalmá-lo.
Mais tarde, os amigos se reuniram na hamburgueria de Claude. Escolheram a melhor mesa e o melhor local do lugar, claramente reservados pelo amigo. O garçom já sabia o que cada um deles gostava de comer, e eles apenas aguardavam. Enquanto isso, descontraíam:
— Alice, hoje você está com um cheiro clássico… De rosas. — Sorriu Davi ao comentar.
— Mas hoje eu não fui à floricultura, é meu dia de folga.
— Sério? Então virou seu cheiro natural.
— Você está exagerando…
— Alguém se lembrou de algo? — interrompeu Max.
— Absolutamente nada. — afirmou Ester.
Davi tomou um gole da bebida e começou a contar seu sonho. Os amigos ficaram intrigados. De repente, ele se sentiu tonto e colocou as mãos no rosto, fechando os olhos com força.
— O que aconteceu? — Alice perguntou, preocupada.
— Fiquei um pouco tonto.
Claude pegou uma garrafa de água e a entregou ao amigo, pedindo que bebesse. Davi tremia enquanto levava o copo à boca.
— Max, me ajude a levá-lo para casa. É melhor ele se deitar. — pediu Alice.
— Não… Não precisa. Já estou bem melhor. Não foi nada, só uma queda de pressão.
O grupo ficou em silêncio por um tempo, esperando ter certeza de que Davi estava realmente bem. Logo depois, os hambúrgueres chegaram à mesa, e eles começaram a comer. Pouco conversaram enquanto comiam. A música alta e as conversas das mesas ao redor pairavam sobre o silêncio deles.
Quando deu a última mordida no hambúrguer, Ester ficou pensativa e então disse:
— Acho que essa pessoa que vestia a capa preta era um de nós. Digo, era um amigo nosso. Caso contrário, não estaríamos juntos nem usando as mesmas fantasias.
— Precisamos buscar coisas do passado. Quem ainda tem mochila, cadernos da escola ou qualquer material daquela época? Também pensei em irmos à nossa antiga escola. Quem sabe conseguimos alguma informação? — sugeriu Claude.
— E também podemos perguntar aos nossos pais se eles se lembram de algum outro amigo nosso. — completou Ester.
— Isso mesmo. Vamos todos fazer isso. Com certeza logo descobrimos o que aconteceu quando juntarmos todas as peças.
— Então, sempre que alguém conseguir algo, avise no grupo imediatamente. Assim, vamos organizando as informações. — disse Max.
Claude precisou ajudar nos trabalhos da hamburgueria, já que naquele dia o local estava muito cheio. Ele se despediu dos amigos e foi trabalhar.
Max sugeriu que tentassem se animar, já que o clima estava pesado. Para isso, começou a contar histórias sobre seus amigos da faculdade. Ele era o que mais bebia no grupo e, geralmente, o único que terminava as festas precisando de ajuda, tombando pelos cantos. Às vezes, fazia os amigos passarem vergonha ou precisava ser contido pelo grupo. Naquela noite, já tinha bebido o dobro dos amigos.
Alice era quem bebia menos. Tinha pouca resistência ao álcool e costumava beber muito pouco ou, muitas vezes, nada.
Depois de uma hora, Max já falava alto e dava gargalhadas extravagantes. Quando começou a incomodar a mesa ao lado, os amigos decidiram encerrar o encontro e foram embora. Alice, que não havia bebido nada, deixou os amigos em casa de carro.
Quando chegou, não conseguiu dormir, assim como na noite anterior. Tinha medo de que aquela história do suposto amigo desconhecido desencadeasse sua insônia novamente. Havia lutado muito para superá-la no passado.
Ela se jogou na cama, decepcionada, e fechou os olhos, fingindo para si mesma que dormia.
Seu celular apitou. Era uma mensagem de Davi:
"Boa noite! Tente não pensar muito sobre o passado e descanse. Até amanhã!"
Ela sorriu e se sentiu mais leve. Não deveria se preocupar tanto. Nada de mais deveria ter acontecido, e estavam todos bem. Suspirou e caiu no sono.
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Atualizado até capítulo 25
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