Dayana chegou em casa com o corpo doído e a mente em turbilhão. Jogou as chaves na mesinha de entrada e passou direto para o corredor, os passos pesados ecoando pela casa silenciosa. O suor do treino já havia secado, mas o calor que queimava sua pele vinha de outro lugar. Das palavras. Dos gestos. Dos olhares trocados entre socos e esquivas.
"— Como assim você me ganhou?"
Ela murmurou para si mesma, retirando a blusa do treino e encarando seu reflexo no espelho do corredor. "Foi só uma luta..." tentou se convencer, mas nem a própria voz soava firme.
— Filha, o que foi isso? — A voz de sua mãe, firme e doce ao mesmo tempo, interrompeu seus pensamentos. — Está cheia de marcas pelo corpo!
Dayana girou o rosto para encará-la e esboçou um sorriso cansado.
— Exagerei nos treinos, mama.
Sua mãe se aproximou, os olhos avaliando as marcas arroxeadas nos braços, no abdômen, no ombro. Era visível que havia levado golpes — ainda que nenhum tivesse derrubado sua força.
— Cuidado, filha... Não se machuca sem necessidade. Não precisa provar nada pra ninguém.
Dayana se inclinou e deu um beijo no rosto da mãe.
— Estou bem. Eu prometo.
Subiu as escadas em silêncio, com as palavras da mãe ecoando atrás de si como um aviso. Mas o que mais ecoava dentro dela era a imagem daquele olhar debochado, ousado, tão confiante, desafiador e... absurdamente bonito.
Entrou no quarto e fechou a porta atrás de si, encostando a testa contra a madeira. Respirou fundo.
“Como aquele idiota conseguiu se defender de todos os meus golpes?”, pensou.
Foi até o banheiro, ligou o chuveiro quente e se despiu lentamente. Cada peça de roupa que tirava parecia levar embora um pouco da resistência que ainda mantinha em pé. Ao entrar debaixo da água, deixou que a pressão forte lavasse não só o corpo, mas também a confusão da mente.
Mas foi inútil.
A lembrança estava gravada nela como se tivesse sido marcada a ferro. Os olhos escuros de Fernando a acompanhavam em cada pensamento. O corpo suado, os músculos tensionados nos movimentos, o jeito como a boca se curvava num meio sorriso irônico quando ela perdia a paciência... Era um homem perigoso. Mas também lindo, másculo, misterioso — e ela odiava admitir o quanto isso a afetava.
— Tira esses pensamentos da cabeça, Dayana — murmurou, passando a mão nos cabelos molhados. — Se o papa lesse meus pensamentos agora, infartava.
Ela riu sozinha, balançando a cabeça, incrédula com o rumo que sua mente tinha tomado.
Terminou o banho, vestiu uma camisola leve e sentou-se na beira da cama. O celular vibrou. Uma mensagem. Era Daniela.
"Como foi o treino, irmã? Me disseram que você quase matou o tal Fernando rsrs"
Ela sorriu.
"Foi só uma luta, Dani. Mas ele... se defende bem. Demais."
"Cuidado pra não se apaixonar por um rival, hein?"
Dayana bufou, jogando o celular ao lado no colchão. Paixão? Impossível. Não tinha tempo pra isso. Não com o Caveira solto, com Daniela ainda sob risco e com aquela sombra escura crescendo dentro da máfia.
Mas, mesmo que negasse, algo dentro dela tinha mudado. A luta não foi apenas física. Foi mental. Foi emocional. E ele... ele viu isso. Sabia disso. Era como se ele tivesse lido sua alma entre um gancho e uma esquiva.
Deitou-se e apagou a luz. Mas o sono não veio fácil. Ela fechava os olhos e o via. Sentia o calor da presença dele. O cheiro, o suor, o som das provocações.
Na madrugada, teve um sonho estranho. Eles estavam lutando novamente, mas dessa vez os golpes viravam toques. A raiva virava desejo. A tensão explodia em um beijo quente, proibido, intenso. Acordou ofegante, o peito acelerado.
— Eu tô ficando maluca — sussurrou, levando a mão à testa. — Isso é só adrenalina... vai passar.
Mas ela sabia que não passaria tão fácil.
No dia seguinte
Fernando estava no pátio externo do centro de treinamento, com uma garrafa de água na mão, conversando com Mateo Castellazzo sobre técnicas de combate.
— Ela é boa — disse Fernando de repente, encarando o chão. — Nunca lutei com alguém assim. Me leu como se me conhecesse há anos.
Mateo riu baixo.
— Dayana é uma fera. Mas cuidado, irmão. Ela é mais perigosa fora do ringue do que dentro.
Fernando ergueu as sobrancelhas, interessado.
— Eu gosto de perigo.
Mateo apenas balançou a cabeça, como quem já previa o caos que estava prestes a surgir.
E esse caos tinha nome. Tinha olhar penetrante. Tinha punhos afiados e um coração que resistia, mas já não sabia por quanto tempo.
Seu nome era Dayana.
E ele acabara de entrar na cabeça dela — e, talvez, no coração também.
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Atualizado até capítulo 48
Comments
Marli Batista
Maravilhosa sua história parabéns Autora ♥️❤️♥️❤️
2025-05-25
0
Di Rocha
perfeito demais parabéns 👏🏻👏🏻👏🏻
2025-05-18
0
Helena Barbosa
🤩🤩🤩🤩👏👏👏
2025-05-17
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