O centro de treinamentos Mateo Castellazzo era mais do que uma instalação sofisticada: era o coração pulsante da LME. Localizado em uma propriedade protegida por seguranças e sistemas de vigilância de última geração, ele abrigava a nata da máfia europeia. Cada parede contava uma história de sangue, honra e superação. Dayana, filha de sangue quente e personalidade feroz, sentia-se sufocada com os últimos acontecimentos. Havia sido afastada dos treinos por um tempo. Motivo? A presença de Fernando, o tal Laranjinha.
A presença dele estava se tornando mais constante, mais dominante. Não bastava ter sido recebido na LME com respeito, não bastava ter sido acolhido pelo seu irmão e pelos chefes. Ele estava ocupando espaços que Dayana sempre considerou seus. Isso a irritava. Isso a consumia. Era como se ele estivesse querendo tomar o seu lugar. E ela não iria permitir.
Vestiu uma regata cropped preta, um short esportivo justo e os tênis de combate. As luvas de treino estavam gastas, mas ainda serviam bem para seu propósito. Prendeu os cabelos num coque alto, ajustou a fita no pulso e saiu. Não pediu permissão. Não anunciou sua ida. Simplesmente foi.
Ao entrar no centro de treinamentos, todos a notaram. Era a irmã do chefe. A presença de Dayana era conhecida, temida e respeitada. Mesmo entre os veteranos, ela não passava despercebida. Seu olhar determinado indicava que algo estava prestes a acontecer. Mas ninguém ousou interferir. Ela seguiu direto para a ala de tiros.
Ajustou o colete, posicionou a arma e começou. Cada disparo era um desabafo. A raiva que sentia, o incômodo por ter sido deixada de lado, a preocupação com Nayara sendo alvo de um traficante como Caveira, a desconfiança com o homem misterioso que havia presenteado Daniela com um colar caríssimo. Tudo vinha à tona com cada tiro certeiro no alvo. Ela estava concentrada, focada.
Terminado o treino de tiro, foi para o ringue. Queria suar, queria lutar, queria descarregar tudo o que carregava no peito. Ao se aproximar, viu que não estava sozinha. Fernando já estava lá, descalço, com luvas e um calção preto. Estava sozinho, acertando golpes rápidos e potentes contra o saco de areia. Seu corpo suado, os músculos tensionados, a tatuagem no braço destacando-se com o movimento. Dayana sentiu seu coração acelerar por um segundo. Mas logo balbuciou para si mesma:
— O que eu tô pensando? Ele é um abusado.
No primeiro dia em que se viram, ele a provocou. Fez pouco dela. A intimidou. E agora? Estava ali, todo confiante, como se o lugar fosse dele.
— Vai ficar aí o dia inteiro babando por mim ou vai vir aqui mostrar se tem potencial pra um dia me enfrentar?
A voz dele cortou o ambiente. Não era alto, mas tinha um tom insolente que fez o sangue de Dayana ferver. Ela não percebeu que ele já havia notado sua presença. A provocação foi o estopim. Ela caminhou a passos firmes até o centro do ringue, o olhar faiscando.
— Você quer ver meu potencial? Então aguenta.
Subiu no ringue, calçou as luvas, e o silêncio no centro de treinamento se instaurou. Até quem treinava no tatame e nos pesos parou para observar. Era Dayana Castellazzo, a selvagem. E Fernando, o novo, o audacioso. O embate entre os dois já era lendário antes mesmo de começar.
Dayana foi a primeira a atacar. Rápida, certeira, tentando um chute lateral que Fernando defendeu com antebraço firme. Ele rebateu com um soco direto, mas ela desviou girando o corpo e revidou com um chute alto. As luvas colidiram. Os sons dos impactos ecoavam pelo salão. Eles se moviam como sombras, sincronizados, vorazes.
Não havia misericórdia. Era uma batalha de orgulho. De honra. De lugar. Cada golpe trocado era também uma declaração: "Eu não cedo."
Fernando tentava atingi-la com cruzados, ela defendia com a mesma elegância de uma lutadora profissional. Dayana chutava em giros, socava em sequências, e ele estava sempre lá, desviando, se adaptando. A resistência dos dois era inacreditável.
Minutos se tornaram vinte. Depois quarenta. Já passava de uma hora e eles não recuavam. As luvas trocavam impactos, os corpos suavam, o cansaço começava a se fazer presente nos ombros e respiração, mas nenhum dos dois admitia.
Os olhares se cruzavam em silêncio. Havia fúria, mas também admiração. Havia provocação, mas também respeito. Era uma guerra silenciosa, sem ferimentos visíveis, mas com marcas profundas na alma.
Fernando tentou uma rasteira. Dayana saltou e, no ar, girou com um chute que quase o acertou no queixo. Ele sorriu.
— Isso foi quase bom.
— Melhor do que você vai conseguir fazer hoje.
Trocaram mais uma série de golpes. Agora o ritmo diminuía, não pela falta de vontade, mas pelo desgaste. E mesmo assim, continuavam. A plateia improvisada assistia em silêncio, hipnotizada.
Depois de quase duas horas de confronto, Fernando deu um passo para trás e ergueu as luvas.
— Chega. Se continuarmos, vamos acabar quebrando algum osso.
Dayana respirava fundo, mas se manteve firme.
— Medo?
Ele riu.
— Nem um pouco. Mas eu tenho planos de jantar hoje sem canudo. E você?
Ela arqueou uma sobrancelha.
— Eu já te venci, só de você ter recuado.
Fernando caminhou até a borda do ringue, saltou para fora e olhou para ela mais uma vez.
— Não. Você me conquistou. E isso é pior.
Dayana ficou em silêncio. O coração acelerado não era apenas pelo esforço físico. Tinha algo mais ali. Algo que ela não queria nomear.
Mas todos sabiam: o ringue jamais seria o mesmo depois daquele confronto. E tampouco Dayana e Fernando seriam.
A guerra que começou com luvas talvez terminasse com um beijo.
Ou com mais guerra ainda.
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Atualizado até capítulo 48
Comments
Marli Batista
Eita que comece os jogos 😂😂😂😂😂😂
2025-05-22
0
Leandra Carla De Oliveira
Eita que abusado. amei 😍😍😍😍
2025-05-18
0
Jessica Ferreira Borges
Sao bem esquentadinhos
2025-05-18
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