Dayana e Daniela chegaram à mansão sãs e salvas, aliviadas. O reencontro trouxe um momento de respiro, mas não durou muito. No salão principal, a tensão entre Fernando — o famoso Laranjinha — e Arthur era palpável. O clima era de guerra velada.
Arthur encarava o visitante com olhos firmes, braços cruzados, impondo respeito.
— Me desculpe pelo atraso — disse ele, com voz firme, sem perder a diplomacia. — Pareceu que havia uma questão de família... e família sempre vem primeiro.
Fernando assentiu lentamente. Sabia que estava pisando em terreno delicado.
Arthur foi direto, sem rodeios:
— Muito bem, Fernando... ou Laranjinha, como preferir. Você me procurou alegando urgência. Usou o nome do Caveira para chamar atenção. Agora eu quero saber exatamente o que você quer da gente. Se isso for um jogo dele, você vai sair daqui em pedaços.
O silêncio caiu como uma cortina de chumbo. A postura de Arthur deixava claro: não estava ali para conversar por educação.
Fernando inspirou fundo. Precisava ser inteligente.
— Caveira não faz ideia do buraco em que se enfiou. Nem se deu o trabalho de investigar a organização de vocês. Mas eu... eu fui atrás. Meu pai me contava histórias sobre vocês. Sobre como acabaram com os líderes do PCC em São Paulo anos atrás. E agora vocês estão mais fortes, mais estruturados.
Arthur lançou um olhar afiado para Felipe, atento à informação.
— O que eu quero é simples — continuou Fernando. — Negócios. Conheço bem o Caveira. Fomos amigos, até ele romper comigo por causa daquela mulher. A guerra que vocês deflagraram no Alemão... ela custou caro. O braço direito dele, Xexéu...
Ele pausou, a dor invadindo seu semblante.
— Douglas era o nome verdadeiro. Morreu naquele confronto. Ele, Caveira e eu crescemos juntos. Xexéu era como um irmão pra mim.
O luto brevemente calou Fernando, que abaixou o olhar em respeito ao amigo perdido.
— Não tínhamos escolha — rebateu Arthur, com frieza. — Guerra tem preço. Ele escolheu o campo de batalha. Nós só reagimos.
— Eu entendo. Mas... por causa de uma mulher?
A frase mal saiu da boca e Felipe já estava à frente, o olhar cortando como faca.
— Cuidado com o que fala da minha mulher — rosnou, com a raiva vibrando em cada sílaba.
Fernando ergueu as mãos num gesto pacificador.
— Sem desrespeito. Só estou dizendo que ele está cego. Obcecado. Não vê mais nada além da ideia de ter Nayara.
Arthur cortou de imediato:
— Ele vai ter que aceitar a realidade. Nayara é noiva do meu primo. Vai se casar, e ele não pode fazer nada quanto a isso.
Fernando soltou o ar lentamente, como quem carrega um fardo.
— Ele não vai aceitar. Tem aliados espalhados em vários lugares, gente perigosa. Vai arriscar tudo por ela. Eu tentei convencer ele... avisei que mexer com vocês é suicídio. Ele me chamou de traidor. Me expulsou do morro. Perdi tudo.
Ergueu o rosto, agora firme, decidido.
— Por isso estou aqui. Quero fazer parte do jogo de vocês. Distribuição, armas, logística... Tenho contatos, conexões no Rio. Não ligo mais pro Caveira. Quero recomeçar, e sei que posso ser útil pra vocês.
Arthur franziu o cenho, pensativo. Felipe ainda o fitava com desconfiança, como se buscasse um ponto fraco.
— Se a guerra contra Caveira se intensificar... podemos contar com você? — perguntou Arthur.
— Depois do que ele fez comigo? Pode apostar que sim. Ele me empurrou no enterro do nosso melhor amigo. Aquilo foi o fim.
Arthur assentiu, satisfeito com a resposta.
— Nesse caso, trate de deixar alguém no comando do seu morro. Você vai ficar aqui na Itália. Vai lutar do nosso lado até derrubarmos o Caveira. Quando isso acontecer... será nosso representante no Rio de Janeiro. A base da nova máfia brasileira.
Houve uma pausa. A proposta era clara: poder, território, um novo começo.
— O Brasil é um labirinto — continuou Arthur. — Um continente inteiro a ser explorado. Ainda não dominamos. Temos contatos em São Paulo, mas são poucos. Precisamos expandir.
Fernando deixou escapar um leve sorriso, os olhos faiscando.
— Então eu fico. Vai ser bom aprender com vocês. Se puderem treinar a mim e meus homens, a gente pode construir algo grande.
Arthur sorriu de volta, agora mais receptivo.
— Terão o treinamento completo. Se a ideia é montar uma máfia no Brasil, vamos fazer isso direito.
Fernando inclinou levemente a cabeça. Por trás do semblante aparentemente respeitoso, havia uma centelha viva de ambição. Permanecer na Itália era mais do que uma proposta... era o primeiro passo para algo maior.
E ele sabia disso.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 48
Comments
Marli Batista
Eita que o cupido flechou alguém 🤣🤣🤣🤣🤣🤣🤣 adoroooo
2025-05-22
0
Helena Barbosa
Acho que Fernando não vai voltar pra o Rio kkk
2025-05-17
0
Helena Barbosa
Eita q vai mais casal maravilhoso 😍
2025-05-17
0